Pov Lauren Jauregui
Camila não apareceu ao trabalho no dia seguinte. Meu desconforto se transformou em um desmoronamento geral e meu estômago estava dolorido porque eu sabia que algo havia mudado.
Não fazia ideia se tinha a ver com a mulher que saíra do escritório de Camila no dia anterior à noite ou com a reação que Josh teve com a notícia de que éramos um casal, mas minha ansiedade estava me matando.
Ela não respondeu à mensagem de texto, e, ainda que o celular estivesse configurado para produzir um som sempre que uma nova mensagem chegasse, fiquei de olho nele a cada dois minutos.
Estava perdendo rapidamente o foco para trabalhar. Uma voz baixa em minha cabeça sussurrou: Viu? Isto é o que você consegue por ter um caso no escritório. Você não aprendeu a lição?
Tentei ignorá-la. No fim do dia, parei na mesa da secretária de Camila e tentei soar natural.
— Sabe quando a chefe volta?
— Ela não disse. Acabei de receber um e-mail dizendo que ela não viria. — Ela franziu as sobrancelhas e deu de ombros. — Achei estranho.
Fiquei no escritório até as sete. Ainda sem sinal de Camila, peguei o telefone e liguei antes de sair. Deu caixa postal direto. Passando de ansiosa para preocupada, enviei outra mensagem. A segunda não mostrou nem a notificação de entrega. Seja lá o que estava acontecendo, o celular estava desligado, e ela não queria ser encontrada. Eu estava aflita pensando sobre o que fazer depois.
Aparecer na casa dela sem avisar? Tínhamos um relacionamento. Era normal que eu estivesse preocupada com a falta de notícias dela, certo?
Então, novamente, se ela quisesse falar comigo, já teria ligado. Ao contrário dela, eu estava bem aonde deveria estar. E acessível de várias maneiras: mensagem de texto, voz, e- mail, telefone do escritório. Ela podia me encontrar.
A menos que.
A menos que algo estivesse errado.Puta merda. Algo estava errado!
O que eu estava fazendo sentada no escritório?
Praticamente correndo para o metrô, subi no primeiro trem e segui para o outro lado da cidade. Toquei a campainha, mas as luzes da casa de Camila estavam apagadas. A correspondência parecia não ter sido recolhida havia um dia... talvez até dois.
Não sabendo mais o que fazer, depois de um tempo, fui para minha casa com relutância. Logo pela manhã, se ainda não tivesse sinal dela, eu ia falar com a Mani.
Virei de um lado para o outro a noite inteira.
Por fim, tomei banho e me arrumei, mesmo que fossem só cinco da manhã. Meu celular estava carregando e, quando abri as mensagens que havia mandado para Camila, notei que as da noite passada haviam sido lidas recentemente. No entanto, não houve resposta. Ela deve ter carregado o celular em algum lugar. Possivelmente em casa?
Minhas emoções estavam à flor da pele. Ela, obviamente, estava em algum lugar em que conseguia ligar o celular, então poderia ter me ligado para me dizer que estava bem. No entanto, talvez não estivesse. Talvez precisasse de alguém. Talvez esse alguém fosse eu.
Então, voltei para aqueles lados. O sol acabara de subir quando cheguei à estação. Desta vez, na casa dela, havia uma luz acesa. E a caixa de correio estava vazia.
Toquei a campainha e esperei, ansiosa. Depois de alguns minutos, a porta se abriu. Respirei fundo e esperei que Camila falasse.
Mas ela não fez isso. Ainda mais doloroso, porém, foi que ela também não abriu a porta e me convidou para entrar. Em vez disso, saiu para a varanda.
Mantendo certa distância entre nós, ela olhou para o outro lado do quarteirão, só para não me encarar.
— Camila? — Dei um passo à frente, mas parei quando senti seu cheiro. Ela exalava álcool. Foi então que percebi que vestia a mesma camisa e a mesma calça da última vez em que a vi no escritório. Estava amassada e faltava a gravata, mas definitivamente era a mesma roupa.
Ela não respondeu nem olhou para mim.
— Camila? O que está acontecendo? Você está bem?
O silêncio era doloroso. Parecia que alguém havia morrido e ela não podia dizer em voz alta, não podia enfrentar.
Meu Deus. Alguém morreu?
— Sofia está bem? O bebê?
Ela fechou os olhos.
— Eles estão bem.
— O que está acontecendo? Onde você estava?
— Eu precisava de um tempo sozinha.
— Isso tem algo a ver com a mulher que estava no escritório na outra noite?
— Não tem nada a ver com você.
— Então tem a ver com o quê? — Minha voz saiu alta e frágil, mas se tornou um sussurro. — Não entendo.
Finalmente, Camila olhou para mim. Quando nossos olhares se encontraram, eu vi muito em seus olhos: dor, tristeza, raiva.
Suspirei. Não tanto porque me assustou, mas porque eu podia sentir a dor que ela estava experimentando. Meu peito se apertou e um nó cresceu em minha garganta.
Mesmo que sua linguagem corporal não fosse nada acolhedora, estendi a mão, querendo oferecer conforto. Ela se afastou, como se meu toque queimasse.
— Camila?
Ela balançou a cabeça.
— Sinto muito.
Esfreguei a testa, me recusando a entender.
— Está arrependida? Por quê? O que houve?
— Você estava certa. Trabalhamos juntas. Nada deveria ter acontecido entre nós.
Parecia que alguém tinha me atingido no rosto.
— O quê?
Ela olhou para mim de novo, seus olhos se encontraram com os meus, mas eu sentia como se ela ainda não me visse. Por que ela parecia tão perdida?
— Espero que você continue lá. Josh admira muito o seu trabalho.
— Isso é uma piada? O que aconteceu? Não estou entendendo.
A expressão de Camila passou de vazia para dolorida e, de repente, eu queria ver mais disso em seu rosto. Me senti usada e insignificante. Envergonhada. E odiei o fato de ela ter me feito sentir assim. Era ela quem deveria ter vergonha de como estava agindo.
Ela baixou a cabeça, sem me encarar, como uma covarde.
— Sinto muito.— Sente muito? Não entendo nem pelo que você sente muito.
— Não sou a pessoa certa para você.
Dei um passo à frente, fazendo com que ela me encarasse.
— Sabe de uma coisa? Tem razão. Porque a pessoa certa para mim teria coragem de, pelo menos, me dizer a verdade. Não tenho ideia do que aconteceu, mas não mereço isso.
Vi um relance de algo em seus olhos, e, por meio segundo, parecia que ela se aproximaria de mim. Mas não. Em vez disso, deu um passo para trás, como se precisasse de distância para evitar me tocar.
Comecei a me virar, querendo sair dali para desaparecer com algum fragmento de minha dignidade intacto, mas depois me virei.
— Sabe o que é pior? Você foi a primeira pessoa que me fez sentir segura desde que eu era uma criança.
😭
![](https://img.wattpad.com/cover/255358094-288-k138813.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
CAMREN: Minha Chefe Criativa (G!P)
FanfictionEla transformou meu encontro tedioso em uma noite excitante. Quais as chances de encontrá-la de novo, em uma cidade com 8 milhões de habitantes? Camila G!P - Se não gosta, não leia!!!