Cap. 5 - Keana

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Camila Cabello (Sete Anos ANTES)

Olhei para o rosto ampliado de Keana enquanto bebia uma garrafa de água. O anúncio cobria oito andares do edifício da esquina em frente ao novo escritório.

— Pare de procrastinar e volte ao trabalho.

A Keana em tamanho natural entrou em meu escritório, largou o estojo com seu violão no sofá e se juntou a mim na janela.

— Não posso acreditar no tanto que essa coisa é grande. Você disse que seria um outdoor. Isso é um prédio inteiro. Aquela lasquinha no dente da frente está com quase um metro de largura agora.

— Adoro essa lasquinha.

— Eu odeio. O cara daquela reunião por telefone com quem falei ontem me disse que preciso arrumar isso e perder cinco quilos. — Ela colocou a mão na boca. — Preciso colocar lâmina, verniz ou algo assim.

— Você não precisa consertar nada e ele é um idiota de mau gosto.

Ela suspirou.

— Não consegui o papel.

— Viu? Eu disse. Ele tem mau gosto.

— Você está sendo tendenciosa porque eu transo com você.

— Não. — Eu a puxei para perto. — Fiquei sentada vendo a droga de uma ópera porque você transa comigo. Digo que você é uma boa musicista porque já assisti a todos os shows em que você tocou desde a faculdade, mesmo quando estava escondida no poço da orquestra. E desde que você começou a atuar, vi todas as apresentações off-Broadway.

— Off-off-Broadway.

— Off-Broadway não é qualquer apresentação que não esteja na Broadway?

— Não. Off-Broadway é uma apresentação em Manhattan com menos de quinhentas pessoas. Off-off-Broadway é aquela apresentação que fiz no café do Village.

— Você estava ótima.

Keana me encarou com expressão cética.

— Em que parte atuei?

— Na parte da garota sexy.

— Interpretei a mãe que estava morrendo de tuberculose. Você estava com o nariz enfiado nas palavras cruzadas o tempo todo.

Ah. Aquela peça.

— Posso ter perdido algumas partes dessa. Em minha defesa, tinha acabado de descobrir palavras cruzadas. Vamos lá... palavra de oito letras para algo que entra seco e duro, mas sai molhado e mole? Estava ocupada contando as letras de "pau" , "pinto" , "pênis" e "mastro" uma dúzia de vezes antes de descobrir que a resposta era "chiclete".

— Você é uma pervertida.

Dei um beijinho nela.

— Onde vamos jantar, Lasca?

Ela cobriu a boca, mas sorriu.

— Não me chame assim. Eu comeria num tailandês. Que tal aquele lugarzinho no Chelsea onde fomos no mês passado?

— Eu topo.

Dei uma última olhada para meu novo quadro de avisos quando apaguei as luzes e fechei a porta do escritório. Do lado de fora, virei à esquerda para ir para a estação de metrô mais próxima, mas Keana virou à direita.

— Podemos pegar o trem três na Broadway desta vez? — perguntou. — Quero parar no Little East.

— Claro.

CAMREN: Minha Chefe Criativa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora