Capítulo 7 - Counting Paths

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Cassian

Levanto meus olhos do livro que estava lendo quando Nestha finalmente abre a porta do banheiro e surge em meu campo de visão, mais de meia hora depois de ter se trancado lá dentro e mais de dez minutos depois de o barulho da água corrente ter cessado.

Sim, eu contei.

Ela não tinha falado comigo desde o momento em que acordou no "meu" quarto de hóspedes, abraçada com meu travesseiro enquanto eu terminava de vestir uma camiseta, meu cabelo ainda molhado do banho. Depois de um longo momento atordoado, seus olhos correndo pelo ambiente como se não tivesse certeza de estar acordada, ela pousou seu olhar afiado em mim.

— Trouxe você para outro quarto. — Respondi para a pergunta estampada em seu rosto e ela ergueu uma sobrancelha. — O seu estava me deixando claustrofóbico e não achei que seria bom pra você acordar se sentindo sufocada, também. — Justifiquei e ela abriu a boca, mas desistiu do que ia dizer na metade do caminho, voltando a olhar ao redor com uma curiosidade ainda enevoada do sono. — Trouxe uma muda de roupa para você, se quiser tomar um banho. — Acenei para a porta aberta do banheiro da suíte, o vapor ainda escapando para fora.

Isso pareceu despertá-la de vez, seus olhos voltando para mim um pouco arregalados e, pela expressão em seu rosto e a forma como ela sentou no colchão com sua coluna ereta, eu percebi que ela finalmente tinha se dado conta da nossa atual situação.

A discussão com Feyre.

Rhys.

A crise.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, ela pulou para fora da cama e agarrou a toalha e a muda de roupa que eu havia colocado dobradas numa poltrona, desaparecendo dentro do banheiro.

E então longos minutos se passaram.

Eu não faço ideia de como ela vai se comportar comigo a partir daqui. Nestha é orgulhosa demais. Eu apostaria minha cabeça em como, enquanto a água escorria por seu corpo cansado, ela tinha encontrado várias formas de se recriminar por seu momento de "fraqueza", ainda mais por ter desmoronado na frente das irmãs. Do meu irmão. De mim.

E eu sei que ela odeia um pouco mais a cada um de nós por termos sido testemunhas daquele momento.

Sei que nosso cambaleante e frágil relacionamento definitivamente não será a mesma coisa depois da forma como ela quebrou em meus braços e, sendo bem honesto, estou com medo disso. Estou com medo de que ela decida cortar qualquer vínculo comigo, incluindo nosso treinamento. Estou com medo de que ela não se sinta mais à vontade, ou sua versão disso, perto de mim.

Nos últimos dias, tínhamos passado de meros conhecidos que não se suportavam para parceiros na nossa própria missão secreta. E é verdade que Nestha ainda não é uma grande fã minha, mas ela tinha se habituado a mim.

Ainda não estávamos nisso nem há duas semanas completas, mas já tínhamos montado nossa própria rotina nesse acordo absurdo. E a pior parte é que eu não quero abrir mão disso agora.

Em primeiro lugar, por ela. Porque eu sei que ela está melhorando. Porque sei que os treinos não fortalecem apenas seu corpo. Eles amortecem sua mente e libertam sua alma. Exatamente como fizeram por mim. Como ainda fazem.

E em segundo lugar...

— O que está fazendo com meu livro? — Ela pergunta, caminhando de forma desengonçada no espaço generoso do quarto, os braços cruzados e os cabelos molhados escorrendo por seus ombros, por suas costas, presos atrás das orelhas.

Sorrio um pouco, observando-a de cima abaixo.

Nestha Archeron é, provavelmente, a mulher mais bonita na qual já pus meus olhos. E isso costumava me irritar algum tempo atrás, mas me dou conta de que, ao olhar para ela agora, só consigo pensar em como essa garota consegue ser tão bonita vestindo apenas uma camiseta de moletom.

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