Capítulo 10 - I Found

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Nestha

Está escuro.

Pisco meus olhos devagar, tentando ver através do breu do quarto, mas tudo continua coberto pela escuridão. E silêncio.

Me dou conta do peso em minha cintura e baixo minha mão devagar até encontrar o braço que pende sobre meu corpo, me abraçando contra seu peito. Solto um suspiro baixo.

Ele prometeu que não me deixaria sozinha.

Prometeu e cumpriu.

Giro devagar entre seus braços e apoio minha testa sobre seu coração acompanhando o eco perdido de suas batidas.

Tum. Tum. Tum.

O barulho ressoa dentro de mim.

Inspiro fundo e então congelo.

Está errado.

Cada centímetro da minha pele arrepia. Não de um jeito bom.

Está errado.

Demoro um minuto para me dar conta do que exatamente está fora de lugar.

Meus sentidos apitam como uma sirene quando eu tomo outra respiração.

O cheiro.

Nada de sabonete e velas de sândalo.

Ele cheira a cigarro e perfume amadeirado enjoativo.

Meu corpo reage antes que eu possa ter um segundo pensamento, rolando para longe, mas ele me acompanha, girando para ficar em cima de mim.

Não, não, não.

De alguma forma sobrenatural, consigo enxergar seus olhos em meio ao breu.

Eles brilham de um jeito doentio. Aquelas esferas verdes parecem veneno espiralando e seu sorriso é sujo.

Abro minha boca, mas minha voz não sai. Tento me mover, mas meu corpo não me obedece.

— Você não pode mais fugir de mim. — Ele sussurra e suas mãos frias envolvem os dois lados do meu pescoço, exatamente como da outra vez, mas agora eu não consigo reagir. Não consigo me lembrar de nada do que Cassian me ensinou, meu cérebro está oco e o medo está preenchendo cada cavidade da minha mente.

Consigo sentir seu quadril afundando sobre o meu, me prendendo na cama à medida que o oxigênio some dos meus pulmões, seus dedos apertando lentamente, saboreando a forma como meus olhos estão revirando.

Lágrimas escorrem pelas laterais do meu rosto e eu tento acertá-lo com minha cabeça, mas seu rosto está ficando mais e mais distante entre a escuridão que começa a preencher meus sentidos.

De repente, me dou conta da água.

A cama está inundando. O quarto está inundando.

Tem água vindo de todos os cantos. Explodindo as janelas.

Não consigo mais ver o rosto de Thomas porque agora minha cabeça está submersa.

A água queima ao entrar por meu nariz e por minha boca aberta num grito que nunca sai enquanto as mãos dele me seguram aqui embaixo.

Meus ouvidos estão zumbindo e meus pulmões estão implorando por oxigênio, minhas unhas estão rasgando os braços dele, mas minha força está se esgotando.

Tudo está ardendo.

E então eu explodo em mil pedaços.

Sento bruscamente no colchão e por pouco não acerto Cassian com minha cabeça, seu rosto assustado visível através da luz fraca que atravessa a cortina na janela. Suas mãos estão sobre meus ombros.

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