Cassian
Empurro os lençóis um pouco para baixo e deslizo meus dedos por centímetros sem fim de pele macia, pele que eu sei possuir minúsculas sardas artisticamente espalhadas por seu comprimento. Suspiro baixinho, encostando meu nariz em seu ombro e sentindo quando seus pelos se eriçam sob meu toque, seguindo o rastro que deixo até a curva de seu pescoço descoberto.
Abro meus olhos e empurro seu cabelo acobreado mais para o lado, me erguendo sobre meu cotovelo e observando-a respirar, ainda com seus olhos fechados. Cílios compridos e dourados tremulam sobre o topo das maçãs angulosas de seu rosto e eu não consigo me mexer por longos minutos, absorvido pela pureza de sua expressão adormecida.
E então ela murmura algo indistinto, girando seu corpo para mim. Seguro o ar quando suas mãos repousam em meu peito, escorrendo por meu abdômen. Suas pernas procuram às minhas sob as cobertas e eu deixo que ela entrelace suas panturrilhas entre as minhas, ainda sem me atrever a respirar.
— Você... — Ela suspira baixinho, se aconchegando. Seus dedos estão correndo por minha pele, meus músculos contraindo à medida que eles sobem e traçam minhas tatuagens. Estou muito distraído por esses dedos para perceber que ela já abriu os olhos também. Sua voz rouca agita cada parte do meu ser. — Você é muito... — Ela morde o lábio e eu encaro seus olhos nublados, nublados de sono e de algo mais.
— Eu sou muito...? — Desafio, minha voz tão baixa que estou quase ronronando, voltando a aproximar meu nariz da curva de seu pescoço e estremecendo quando ela solta um ruído baixinho do fundo da garganta, seus dedos afundando em meus ombros.
— Sua pele. — Ela corrige, suas unhas raspando minha pele quando toco a parte inferior de seu maxilar com meus lábios, num leve sussurro. — É muito quente.
— Já me disseram isso antes. — Devolvo e isso me rende um tapa espalmado em meu peito, Nestha rapidamente afastando seu pescoço do meu rosto.
— Convencido. — Ela revira os olhos para mim e eu passo uma mão pelo meu cabelo, empurrando-o para trás para vê-la melhor.
— Bom dia, coelhinha. — Deslizo minha mão debaixo da manta e seguro em seu quadril, mantendo-a exatamente onde está.
— Esse apelido é ridículo. — Ela afunda seu indicador no centro do meu peito, mas não se afasta, um sorriso perigoso brincando no canto de seus lábios. — Você sabe disso, certo?
Encolho meu ombro e seguro no pulso da mão que ela está segurando contra mim, puxando seu braço de volta para meu pescoço, onde seu polegar traceja pequenas espirais, me observando como se eu fosse uma presa interessante.
— Talvez. — Estalo a língua e acaricio a linha de seu pulso, seus dedos tamborilando sobre minha clavícula de forma preguiçosa. — Mas nós dois sabemos que você gosta, bem lá no fundo. — Provoco e ela esconde um sorriso no meu peito, deslizando seus lábios por minha pele, sobre a tinta preta da minha tatuagem.
Meu corpo inteiro contrai e estremece.
— Você... — Ela afasta a boca de mim e levanta seus olhos acinzentados para meu rosto, suas sobrancelhas levemente arqueadas de surpresa e seus olhos cintilando de um jeito que faz meu sangue ferver. — Você gosta disso. — Ela parece meio confusa com minha reação ao seu toque. Isso arranca uma gargalhada do fundo do meu peito.
— Um pouco mais do que eu deveria, sim. — Murmuro e seus olhos acendem ainda mais. Umedeço meus lábios antes de me jogar sobre minhas costas no colchão e esticar meus braços sobre minha cabeça, agarrando a grade da cabeceira. — Você pode descobrir exatamente o quanto, se quiser. — Aponto para cima com meu queixo, convidando-a.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Pedaços de Nós
RomanceFragmento: substantivo masculino 1. pedaço de um objeto que foi desfeito, quebrado; pedaços. 2. aquilo que resta de uma obra antiga. Nestha Archeron jamais se permitiu um único gesto de fraqueza. Um pedido de ajuda. Ela não precisava de ajuda. Mas a...