Fôlego - Entre o Céu e o Inferno

5 - Meu País

Eu estava muito nervosa.

Era meu primeiro encontro depois de um ano solteira!

Quando recebi a mensagem com o convite para jantar fiquei relutante e demorei para responder.

Mas as palavras de Manu reverberavam na minha mente.

Eu já fui mais enérgica e cheia de vida.

Nos últimos anos não estava vivendo por mim.

Por prazer.

Por isso eu disse que sim para esse encontro repentino.

Embora, o tempo todo, eu lutasse para não dar meia volta e desaparecer.

Minhas mãos e pés ainda suavam quando caminhei em direção à mesa onde ele estava.

Luiz ficou de pé para me receber, com um sorriso largo e reluzente.

Cada dente branquíssimo e alinhado parecia uma pérola com luz própria.

Era difícil decidir entre olhar para aqueles dentes perfeitos ou seu par de olhos azuis, tão penetrantes que me deixavam na dúvida sobre quanto tempo eu passava os encarando.

Quando me aproximei, antes que eu tocasse na cadeira, meu anfitrião a puxou com um gesto cavalheiresco para que eu me sentasse.

Não consigo descrever como ele estava lindo.

Todo de preto.

Seus cabelos milimetricamente penteados para trás.

Sua camisa justa denunciava os braços fortes que também disputavam minha atenção.

Meu coração martelava no peito e minhas mãos não paravam de suar.

Quando se acomodou à minha frente, percebi seus olhos de safira passeando descaradamente pelo meu corpo.

Fixaram-se nos meus pés, calçados com all star vermelho e um riso provocador surgiu.

Eu usava um pretinho básico.

Vestido simples de gola alta, brincos em argolas e uma maquiagem suave, mas elegante.

Não julgue meu estilo que eu não julgo o seu.

Estamos combinados?

- Você está linda, moça. - disse ele soltando faíscas pelos olhos, que fizeram minha respiração falhar.

Entendendo o que acabara de acontecer, seu sorriso simpático tornou-se malicioso.

- Obrigada. - desviei do sorriso olhando para cima.

O céu estrelado era encantador.

O restaurante que Luiz escolheu era a céu aberto e tudo ao redor era suntuoso.

Cadeiras acolchoadas; espaço repleto de plantas decorativas distribuídas pela amurada; lanternas dispostas pelo chão iluminavam o céu, mas não conseguiam apagar o brilho das estrelas.

Graças a Deus por isso!

A decoração do ambiente era bem regional.

As cores predominantes tinham tons de argila e verde.

Eu estava extasiada!

Tão perto da minha casa e eu nunca vira aquele lugar antes...

Fiz uma nota mental para levar Amanda ali um dia.

Peguei o cardápio disposto sobre a mesa.

- Não se preocupe. Já fiz nosso pedido.

- Já? E o que você escolheu?