7. Uma Mulher Livre

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Quem estava na minha casa?

A criatura que eu menos iria querer encontrar!

Olha que de criaturas eu entendo.

Tanto desse quanto do outro mundo.

Opa!

Não posso falar muito mais do que isso, por enquanto, mas - spoilers a parte - eu tinha sido pega desprevenida. 

Justo no momento em que eu havia baixado a guarda...

Um par de olhos que brilhavam como dois faróis naquela casa escura encaravam-me se aproximando com suas pupilas em formato de fenda.

Um grunhido estranho, como o motor de alguma máquina mortífera, podia ser ouvido num tom cada vez mais alto, à medida em que aquele ser chegava mais perto.

Sua respiração era fraca.

Eu quase podia sentir cada inspiração e cada expiração.

Sua boca exibia presas afiadas como agulhas.

Suas garras...

Sim...

Garras pontiagudas podiam ser vistas a cada passo que a besta dava.

Passo a passo num caminhar ouriçado de tal maneira que cada pata traseira ocupava, de imediato, o lugar deixado pelas patas dianteiras.

Sim.

Aquela criatura não só tinha patas, como também tinha uma cauda longa que erguia o máximo que podia, como se a própria besta fosse erguida pela cauda.

E não o contrário.

Na língua?

Espinhos.

Você não leu errado.

A língua daquela fera abrigava espinhos que saíam de dentro da mesma e se espalhavam por sua superfície.

As duas orelhas pontudas que brotavam do topo de sua cabeça, como antenas parabólicas, apontavam para os ruídos ao nosso redor rodando até 180 graus cada.

Muitos deles impossíveis de serem captados por reles seres humanos.

Ao menos pela maioria dos seres humanos.

Além dos grunhidos, que pareciam sair de sua barriga, a fera também produzia uma centena de sons, praticamente ao mesmo tempo.

O mais bizarro é que, por alguma razão, aquilo parecia ter a capacidade de ler a minha mente.

Algum tipo de telepatia...

Não sei...

Só sei que em dado momento, eu não tinha mais como me espremer contra a porta atrás de mim.

E ele me alcançou.

Deu uma cabeçada em minha perna e esfregou seu corpo nela deixando tanto pelo branco que eu levaria horas para tirar.

Após isso, o infeliz se sentou, olhou para mim de baixo para cima todo folgado, e soltou um "miau..." antes de voltar a ronronar alto enquanto lambia suas patinhas.

- Nãããããããããããããããããããão!!!

Eu...

Odeio...

Gatos...

E agora havia acabado de me tornar refém de um dentro da minha própria casa.

Foi assim que conheci Prana.

Fôlego - Entre o Céu e o InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora