Before You

Capítulo 1

 POV Cheryl Blossom

 Hoje é meu primeiro dia na escola nova. Eu estava no segundo ano do ensino médio e meus pais decidiram me trocar de colégio para um com uma carga horária mais pesada. Achei que iria chegar na escola e não conheceria ninguém, mas me surpreendi com a notícia de que minhas melhores amigas, Veronica e Betty, estavam indo para a mesma escola que eu, assim como Archie, meu melhor amigo e namorado de Veronica.

 -E aí, cabelo de fogo. – Veronica chega atrás de mim e me abraça.

 -Chegou a formiga e a piranha ruiva. – Digo abraçando meus melhores amigos. – Onde está Betty?

 -Aquela loira safada deve estar no banheiro. Ela me mandou mensagem tem 15 minutos dizendo que já estava aqui.

 -Vocês não conseguem viver sem mim, né? – Betty chega e revira os olhos, mas logo abre um sorriso e nos abraça. – Senti saudades de vocês nessas férias.

 Pela primeira vez desde o sétimo ano, nós quatro não passamos as férias juntos. Eu havia ido para a Suíça com meus pais, e Betty para as Maldivas. Archie e Veronica haviam ficado pela cidade.

 -Vamos atrás do número de nossos dormitórios. – Archie se pronuncia, claramente nervoso. – Vocês deram sorte que, provavelmente, duas de vocês ficaram juntas e a que ficar sozinha pode correr para o quarto das outras. Eu vou ficar com um completo desconhecido.

 -Só não entendi o motivo dos prédios dos dormitórios serem divididos em masculino e feminino. Eu, por exemplo, atiro para os dois lados. – Betty diz dando de ombros e nós rimos de seu comentário.

 Seguimos caminho rumo a secretaria com nossas malas quando eu esbarro em um minúsculo corpo, derrubando seus livros no chão.

 -Me desculpe. – Digo me abaixando e ajudando a pessoa a pegar seus livros didáticos que haviam caído.

 -Não tem problema. – Uma voz feminina responde e eu levanto meu olhar para a dona da voz. Quando nossos olhos se encontraram, tenho a sensação de que uma corrente elétrica de 1000 volts percorreu meu corpo, fazendo-me arrepiar. Não sei se era possível, mas eu conseguia enxergar uma galáxia toda em seus olhos.

 Me levantei e entreguei os livros para ela, que sorriu timidamente e sussurrou um: "obrigada" antes de se retirar.

 -Cheryl já chega mostrando para a escola toda que é desastrada. – Veronica pega no meu pé mas eu não ligo, continuo seguindo até a secretaria em modo automático, pois meus pensamentos estavam em quem era a garota de mechas rosas.

 Paramos em frente ao mural com o número dos quartos e os nomes das duplas que dividiriam o cômodo. Betty e Veronica haviam ficado no mesmo quarto, 22. Eu havia ficado com uma garota chamada Antoinette Topaz, no quarto 15. Archie estava no outro bloco, no quarto 16 com Forsythe Pendleton Jones III. Pegamos as chaves na recepção e seguimos até nossos quartos. Assim que entrei, vi que minha companheira de quarto já estava presente, pois havia uma mala em um dos cantos. Vi a porta ao fundo, que deveria ser o banheiro, ser aberta e me assustei com a imagem da menina em minha frente.

 Era ela.

 -Hey, você. – Ela disse dando um sorriso. – Me chamo Toni Topaz.

 Ela estende a mão para mim que aperto.

 -Cheryl Blossom, muito prazer. – Respondo sorrindo.

 -Prazer só na cama.

 Ela tinha um sorriso cafajeste no rosto, que me fez corar.

 -Que coincidência não é mesmo? A garota que eu esbarro nos primeiros minutos dentro da escola é minha colega de quarto.

 -Você chama de coincidência e eu chamo de destino. – Ela pisca um olho e sai do quarto.

 Que garota abusada.

 Começo a desfazer minha mala e fico com o lado esquerdo do quarto, já que havia algumas coisas atiradas na cama ao lado direito. Recebo uma mensagem e vejo que é Betty no nosso grupo, chamando-nos para almoçar. Era domingo e amanhã começava as aulas, nós decidimos já vir hoje para organizar as malas, coisa que muitos alunos fizeram, pois a escola estava relativamente cheia. Tranquei o quarto e sai, indo em direção ao quarto 22. Bati na porta e Veronica abriu, já saindo do quarto acompanhada de Betty.

 -Já conheceu a sua colega de cama? Digo, quarto. – Veronica pergunta com um sorriso malicioso.

 -Veronica! Eu já falei que gosto de homem, não de mulher. – Digo rolando os olhos.

 -E eu sou a Viúva Negra. Cheryl, meu gaydar apita sempre que estou perto de você. – Ela aproxima seu rosto do meu. – BIBIBIBIBI! Viu?

 Betty dava risada.

 -O barulho realmente é o que ela é. – A loira dizia entre risos.

 -False. Cheryl é sapatão incubada, só não é segredo para nós porque somos do vale e conhecemos ela o suficiente para saber que essa daí tem cheiro de couro.

 -Querem parar de falar da minha sexualidade como se eu não estivesse aqui? Vamos logo almoçar.

 Comecei a caminhar na frente das meninas, que cantavam atrás.

 -Maria sapatão, sapatão, sapatão.

 -Vocês são insuportáveis. – Digo assim que elas me alcançam e me abraçam de lado, me deixando no meio.

 -Também amamos você, Cher. – Betty diz e me dá um beijo na bochecha.

 Chegamos no refeitório e Archie já nos esperava em uma das mesas, ele acenou e fomos buscar nosso almoço e depois nos juntamos a ele. Betty e eu sentamos uma ao lado da outra e Veronica ao lado do namorado, dando-lhe um selinho antes de começar a comer. Olhei para Betty que havia começado a comer em silêncio. A loira já havia me contado que tinha uma queda pela morena, mas nunca revelou pois desde que descobriu seus sentimentos, Ronnie já namorava com Archie e era muito feliz ao lado do ruivo. Continuamos nosso almoço conversando sobre as expectativas desse ano.

 -Olhem a mesa que está na nossa diagonal para a esquerda. – Betty disse. – Não, Archie, a minha esquerda, seu imbecil. Foquem no estilo daqueles meninos e da garota.

 Acompanhei o olhar de Betty que estava na mesa com três garotos com jaquetas de couro e a garota também com a jaqueta e suas lindas mechas rosas.

 -O de touca é bem bonito né. Ok, todos daquela mesa são. Mas aquela touquinha despertou meu interesse. – Betty dizia mordendo o lábio inferior.

 -Aquela garota não foi a que você esbarrou, Cheryl? – Archie pergunta.

 -Ela mesma. Toni Topaz, minha colega de quarto. – Digo e vejo minhas melhores amigas me olharem com os olhos arregalados.

 -MENTIRA! – Elas gritam ao mesmo tempo, fazendo que todos olhassem para nós, incluindo ela.

 Deslizo um pouco na cadeira e coloco a mão no rosto, tentando de alguma forma me esconder.

 Eu não podia ter amigas discretas?