Maya Ferreira
Eu parei o carrinho de compras rapidamente antes que eu atropelasse uma criança aleatória de 7 anos que se jogou na frente da minha pista de corridas mais conhecida como corredor do mercado.
Lancei um olhar feio para a criança que me deu o dedo do meio. O meu queixo caiu vendo aquele ato. Eu caminhei até ela juntando toda a paciência do mundo que eu não tinha.
Por isso eu falo que odeio criança e nem quero ter filhos.
É tudo um bando de peste.
Titia sim, mamãe não.
Me ajoelhei do lado da criança que mais parecia um capeta em forma humana e respirei fundo antes de bancar a mãe que eu não sou e nem sei ser.
Como eu vou dar uma lição de moral materna se eu não tive nenhuma influência de uma mãe na minha vida?
Pelos vistos vou ter que incorporar o próprio milagre.
- Você sabe que é muito feio lançar o dedo do meio para estranhos no mercado, não sabe? Assim como você também precisa saber que não pode se jogar na frente de carros de compra porque é perigoso. - Falei colocando o meu melhor sorriso falso enquanto a criança me olhava como uma ameaça.
- Você não é meu pai sua feia! - Disse ela quase cuspindo na minha cara. Eu nunca quis tanto chutar uma criança.
A cena de eu fazendo essa criança de uma bola de futebol e chutando ela pro além veio na minha mente me fazendo sorrir. Tem vezes que eu fico preocupada com os meus pensamentos.
- Não é legal insultar os outros, sua mãe não te ensinou isso? - Juntei os pedaços de paciência que ainda me restavam naquele momento.
- Minha mãe morreu e isso não é da sua conta! - Falou rápido.
- Olha que legal! A minha nem deve saber da minha existência e não é por isso que eu fico colocando o dedo do meio para pessoas aleatórias no mercado. - Olhei com ódio para ela.
- Você é feia. - Insultou.
- E você não tem dente!
- Meu pai falou que ele vai nascer daqui a pouco!
- Ele mentiu! Você vai ficar sem dente pra sempre. - Falei me levantando e a menininha começou a chutar a minha perna. - Sem dente pra sempre e careca. O seu cabelo vai cair de tão mal criada que você é.
- FEIA.
- SEM DENTE.
- MAYA! - Ouvi o meu pai me chamar seguido de risadas. Me virei para encarar o meu pai e atrás dele encontrei o Matteo e o Jp rindo de mim. - Pelo amor de Deus Maya... - Disse o meu pai agora caminhando em direção da pequena menina.
- Ela que começou! - Justifiquei me sentindo atacada. Agora só porque ela é uma criança de 7 anos todos os crimes e pecados dela vão ser ignorados? Eu quase vi o meu pai puxando um pano e passando o pano para ela.
- Mas ela deve ter apenas 6. - Apontou o meu irmão e eu me virei pra ele com uma cara de quem fala "Você não ta ajudando em nada".
- E? - Perguntei.
O Matteo caminhou até à criança ainda rindo e eu encarei o mesmo brava. Como ninguém enxerga o pequeno e maquiavélico demônio que essa menina é?
- Eu vou achar a família dela. - Disse o Matteo e eu ri ironicamente revirando os olhos.
- Isso não é uma criança, isso é um mini cabrito demoníaco! - Falei mas ninguém me deu atenção e só então notei o olhar do Matteo sobre mim. Ele me olhava enquanto se controlava para não rir e em seguida o mesmo se levantou com a menina no colo.
A pequena encarnação do diabo na terra se aconchegou confortavelmente nos braços do Matteo enquanto derramava pequenas lágrimas e eu dei a língua pra ela. Ela não tava chorando quando me deu o dedo do meio.
- Você é mais criança que ela. - Falou o Matteo olhando com ternura para a garota.
Por favor, me poupe!
- Vai então achar a família dela senhor pai do ano. - Cruzei os braços na altura do meu peito e o Matteo me olhou ainda com mais deboche.
- Não tenho culpa se as crianças me amam.
- As crianças também amam palhaços. - Sorri falsa antes de pegar de volta o meu carrinho de compras e sair andando na seção de doces.
Eu to falando que aquela garotinha era o demônio e o cão juntos...
[...]
Eu sai de casa com o saco de lixo na mão e observei a rua antes de dar mais alguns passos.
Infelizmente ser mulher exige ter cuidado em tudo que faz pois nunca se sabe quem está na rua pronto pra atacar.
Assim que tive certeza que não tinha ninguém perto o suficiente corri até o caixote de lixo com o saco de lixo erguido na mão.
A ironia... Nunca vi um saco de lixo carregar outro saco de lixo. Auto estima é tudo né? Oque é auto estima? É de comer?
Depositei o saco dentro do caixote e ri.
- Parece o meu quarto. - Falei antes de me virar e correr de volta pra casa quando de repente tomo um susto que me fez pular para trás. - Sai de mim enviado do cão. - Falei vendo uma barata passar na minha frente.
Quando a barata finalmente passou eu notei algo branco no meio dos meus arbustos e fui ver oque era.
Se isso fosse um filme de terror eu já estaria a 7 palmos abaixo da terra.
Puxei o objeto grande e branco em seguida arregalando os olhos.
O cartaz...
Eu e as meninas tínhamos esquecido completamente dele aqui na noite passada depois que o meu pai, o Matteo e o Jp apareceram. Analisei o cartaz para ver se tava tudo em ordem e fiquei mais confusa ainda.
Tinha novos apontamentos no mesmo que riscavam algumas frases e adicionavam pontos na história. Era como se alguém que realmente conhecia a história tivesse corrigido oque havia realmente acontecido.
Eu entrei com o cartaz rapidamente em casa e me esgueirei para dentro do meu quarto chocada demais para conseguir pensar direito.
Quem escreveu aquelas coisas no cartaz?
continua...
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quem vocês acham que escreveu aquelas coisas?
-bea.
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O Melhor Amigo Do Meu Irmão
Novela JuvenilMaya Ferreira mora na California e tem a vida simples de uma adolescente de 17 anos sem emoção nenhuma, até que uma fofoca que mais parecia irrelevante girou seu mundo de cabeça para baixo. Matteo Riddle é o melhor amigo do seu irmão, e o típico gar...