Capítulo 9

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Eu corria sem rumo. Não sabia para onde estava indo e não me lembrava de  nada do que tinha acontecido antes. Só lembrava do grito agudo daquele animal selvagem e do sangue, agora espalhado por todo meu corpo nu e descoberto.

Minha respiração estava para lá de ofegante e meu corpo todo tremia por consolo e ajuda. A sede presa em minha garganta clamava por qualquer coisa que não fosse água, e tudo o que fosse sangue. O mais estranho, era que eu nunca havia sentido esta sede antes, ela era totalmente nova e diferente.

Assim que cheguei perto de uma pedra grande e molhada devido à longa chuva que cercava parte daquela madrugada das quatro da manhã, me deitei nela e tentei controlar minha respiração. Coloquei as palmas das mãos sobre meu peito que subia e descia sem parar.

Até que escutei um galho se mexer a alguns metros de distância de mim. Poderia estar à cerca de 1000 km, eu com certeza iria escutar. Meus sentidos estavam em alerta.

Me virei bruscamente, sentindo a presença de alguém chegar por trás do mar de árvores.

[...]

Doze horas antes...

Fechei a caixa de primeiro socorros. Tinha colocado tudo o que Christopher havia anotado na 'Lista para um iniciando em sua primeira Lua Cheia'. Coloquei toalhas, curativos, algo macio  que eu possa apertar nos momentos de raiva. E muita água. O restante de coisas, Christopher levaria.

Combinamos de nos encontrar em frente à uma cabana, que fica por trás das árvores afastadas de Challerton Hills. Eu não sabia o caminho, mas tentaria descobrir.

Caminhei por entre as árvores e logo avistei uma casa de tijolos espessos e grandes. Era pequena e parecia ser bem aconchegante. Mas... Não parecia nem um pouco com uma cabana.

Antes que eu pudesse pensar se deveria voltar e mudar a rota, avistei Christopher saindo da casa com tábuas grandes na mão.

Me aproximei, até que ele notou minha presença. Olhou em minha direção e me analisou da cabeça aos pés descaradamente. Aquilo me fez arrepiar.

_Então é isso o que você chama de cabana? - falei apontando para a construção de tijolos logo atrás dele.

Christopher colocou as tábuas no chão, e bateu as mãos na calça, aproximando -se de mim.

_É o que parece.- ele desviou o olhar para a casa.

Ele estava suado, sua camiseta preta marcava bem seus músculos e despertava o molhado em seu corpo. Avistei a ponta de sua tatuagem no braço esquerdo.

_Não quero nem saber o que você chamaria de chalé - falei baixo, franzinodo o cenho; fui em direção às escadas e coloquei a caixa de primeiro socorros lá. Me virei em sua direção, limpando as mãos uma na outra. - E então, por onde começamos?

Christopher fitava meus olhos e desceu para minha regata preta, que revelava grande parte da minha clavícula à mostra. Ele pigarreou, finalmente, saindo de seus devaneios.

_Bom, a Lua Cheia começará a surgir e dar sua forma às 19h. Então, precisamos nos apressar para tudo ficar pronto o quanto antes.

Ele começou a caminhar em direção às tábuas e logo pediu para que eu o seguisse.

O segui até a parte externa na casa, na qual tinha um pequeno banquer no chão. Ele abriu a portinhola do banquer e entrou.

Eu, um pouco insegura, entrei logo atrás dele. Me deparando com um local escuro, sujo e com um cheiro estranho, o que indicava que existia pessoas que passavam por ali sempre em suas primeiras transformações. Me esforcei para não fazer uma careta, mas falhei miseravelmente.

A Garota de Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora