Havia se passado uma semana depois da minha transformação e da Lua cheia. Eu estava tentando não pensar em nada que pudesse me deixar aflita e me fizesse perder o controle. E isso incluía uma série de questionamentos infindáveis sobre o quê eu era e estava me tornando.
Fazia uma semana que tinha decidido por mim mesma estudar, sozinha, sobre o mundo mágico e novo que me cercava a partir de agora. Passava praticamente todas as tardes na biblioteca, lendo e fazendo anotações em livros sobre diversos assuntos. Queria fazer algo por mim mesma. Estar sozinha nessa, lutando por algo, conhecendo esse algo.
Já fazia uma semana também que eu e Christopher não nos falávamos. Quer dizer... eu estava evitando ele. Desde aquele dia em seu quarto. Me assustava o fato de termos ficado a um passo de nos beijarmos, e tive medo daqueles sentimentos que rodearam. Nunca tinha sentido nada parecido antes na vida. Uma vontade intensa de fazer algo por alguém, de estar perto de alguém. Com certeza aquela não era eu.
Me assustava também sua ferocidade quando ele se afastou. Nunca o tinha visto daquela forma...
As vezes o pegava me olhando - quase sempre- . E logo eu desviava o olhar, para tentar expressar que não queria continuar nada daquilo. Que não queria papo.
Mas já faziam três dias que não o via. Não sabia o que estava acontecendo por trás dos muros, e com certeza Christopher tinha ido resolver. Afinal, ele era quase o Alfa.
A curiosidade em saber dos perigos que nos cercavam tomava conta de mim, e queria saber mais. Queria que alguém me contasse o que acontecia. Mas não podia me expôr assim tão fácil.
Eu grifava o último parágrafo do 2° capítulo do Livro de Criaturas Híbridas. Era muito interessante, eu gostava cada dia mais de ler sobre aquilo.
Olhei para o relógio, 2h da manhã. Respirei fundo e cocei os olhos. Amanhã precisava treinar de manhã. Estava treinando os músculos e a corrida com uma garota do último ano. Ela estava me ajudando muito.
Decidi ir para a cama. Olhei para os inúmeros livros em cima da mesa em que estava e segui os olhos para a biblioteca... Estava vazia há muito tempo. Somente a luz da vela ao meu lado iluminava o cômodo.
Organizei os livros, peguei a vela e comecei a caminhar em direção à saída.
Enquanto caminhava pelos corredores ia repassando em minha cabeça o conteúdo do que li e tentando pensar sobre a realidade.
Até que escutei um barulho nas escadas , enquanto subia. Olhei para baixo, mas não tinha nada. O que poderia ser?
Quando cheguei em meu andar, soltei a vela e me aproximei da porta do quarto. Peguei as chaves e as coloquei no trinco, as girei e nada aconteceu.
Tentei abrir a porta, e estranhamente ela já estava destrancada. O trinco estava amassado, como se alguém o tivesse feito com garras para entrar. A marca das garras eram visíveis pelo trinco.
Engoli em seco. Quem tinha feito aquilo?
Hesitei, mas empurrei a porta. O que quer que fosse, não era tão fácil de ser visto pelo breu do quarto. As velas que eu havia deixado lá, tinham sido apagadas. Droga.
Respirei fundo. Calma, Elizabeth, é só um quarto. Não precisa ficar assustada, você pode gritar.
E se fosse algum inimigo? Alguém que tinha descoberto sobre mim e se aproveitado da oportunidade de me matar durante a madrugada?
Merda, merda, merda. O que eu faço agora?
Olhei para as minhas mãos. Fechei os olhos e forçei o movimento que treinei durante a semana toda. Os abri e vi minha garras lúcidas em meus dedos. Ótimo, pelo menos agora tenho uma arma contra o que quer que esteja lá dentro.
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A Garota de Dois Mundos
VârcolaciElizabeth é uma garota comum de dezessete anos. Mas... que não vive numa cidade tão comum assim, com amigos e família também incomuns. Woodsaller é uma pequena cidade na qual vivem humanos e vampiros. Desde muito tempo. Uma guerra antiga entre lobos...