Capítulo 4: Conhecendo-se

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Capítulo 4:
Conhecendo-se

Durante a tarde, quando o sol já estava ao oeste, Carlos caminha entre os pátios da escola. Em cada canto um vaso de flores, o sol já não atingia o lugar, estava escurecendo. O pintor admirava o cheiro de rosas que exalava do ambiente.
Em um banco de pedra, uma garota de pele branca, bochechas coradas e cabelos longos se pronuncia ao perceber a admiração de Carlos:
- São gardênias, elas realmente tem um belíssimo aroma.
- Sim, um perfume encantador. Mas quem é você? - perguntou Carlos.
- Eu me chamo Helena, mas pode me chamar de Girassol.
- Ah, é um belo apelido, mas por que girassol?
- Gosto dessa flor, minha mãe me chama assim, meus amigos...
Carlos se aproxima:
- Girassol é minha flor favorita também. As habilidades de heliotropismo que possuem são fabulosas.
- Bom, - disse Helena - qual o teu nome?
- Eu sou Carlos, prazer em conhecer você.
Helena se levanta do banco. A garota observa um flor murcha, preste a cair do galho, uma gardênia. Helena movimente seus dedos, a flor que estava a perecer flutua para a mão da jovem, a qual devolveu toda a vitalidade das pétalas. Carlos admirava os dons de Helena, ela que fez uma flor, quase morta, voltar a ser bela novamente:
- Tá, preste atenção. - disse Helena - Quero que fique o mais distante possível.
- Mas por qual motivo? - Carlos questionou.
- Relaxe, só vai. Vou fazer um truque. - explicou a garota, com a flor ainda na mão.
Então Carlos se afasta para o outro lado do pátio, onde estava mais escuro. Helena então ergue os braços e faz a flor voar ao centro do local. A gardênia revivida e flutuante atraia folhas secas do local, fazendo essas girarem ao redor. As folhas voltaram a ter o tom verde de antes, a flor se tornou maior com uma luz neon em cada pétala. O perfume se espalhou pelo ar, parecia um jardim floral, Carlos chegou a espirrar mas ria com a situação.
A flor começa a descer em direção à Carlos, que a recebe com as duas mãos. O perfume some no ambiente:
- Foi lindo. - disse Carlos.
- Esta grande gardênia é um presente meu para você, vi que você aprecia a natureza- disse Helena, sorrindo.
- Obrigado mas...
- Não se preocupe, - ela interrompeu - eu acho que ela nunca murchará, está conservada com meu poder, quer dizer, falar "nunca" é falar "sempre" e "sempre" é muito tempo, mas acho que durará muitos meses assim. - ela sorriu.
- Obrigado, - Carlos agradeceu sorrindo - Mas eu te darei um presente também, amanhã mesmo. Esteja aqui que trarei outros amigos e o presente.
Helena sorriu com os olhos. Nesse momento o sol já estava a se por. O ambiente estava mais escuro, mas algo inesperado acontece naquele momento. Particulas de luz flutuavam no ar. Os brilhos vinham por trás de Carlos, eram leves, flutuavam que chegavam a parecer vagalumes. Helena se pronuncia:
- Este é o teu poder?
- Não, - Carlos respondeu - pensei que isso ainda fizesse parte do teu truque.
Os dois se afastam. As partículas de luz se chocavam levemente, gerando um som angelical no ar:
- Quem está aí? - Helena questionou.
Por trás de uma parede, um garoto surge entre os outros dois. Era rosado, cabelos cacheados da cor do mel que cobriam um dos seus olhos. O garoto se explica:
- Perdão, eu só pensei que se eu iluminar o ambiente ficaria melhor.
O garoto exalava um poder grandioso, as partículas de luz se perderam pela escola em dispersão.
- Não se preocupe Helena, - disse Carlos, sorrindo - Ele é Augusto, é meu amigo. Estamos na mesma turma de quarto mas eu já conhecia ele antes de vir para Shizen.
- Olá, Carlos.
- Olá, Augusto. Isso foi tão incrível. Eu não sabia que você era capaz de fazer isso, foi uma linda dispersão.
- Eu também não sabia, - disse Augusto - Mas aprendi na última aula, essa da tarde. Gostou?
Antes que Carlos respondesse o sol se põe por completo e os altos refletores nas paradas são acesos com um grande barulho de "tum, tum, tum" que fez os três alunos se assustarem. A luz erá tão forte que os jovens cobriram os olhos por um momento. Alguns segundos depois, surge quem acabara de ligar os refletores, Lotus que aparece do outro lado do pátio:
- É realmente um poder magnífico. - disse ela se aproximando dos jovens.
As unhas da mulher se moviam com o movimentar dos dedos, sempre com o cabelo preso, vestido roxo e um sapato de salto alto que ecoava cada passo dela.
- Professora, Lotus, o que faz aqui? - perguntou Carlos.
- Estava entre os corredores quando passou ao meu lado uma partícula de luz, então segui na direção que ela vinha e escutei a conversa de vocês.
- Perdão, - disse Augusto - Não era a minha intenção...
- Não se preocupe jovem, foi um belíssimo poder. - disse Lotus, segurando o queixo de Augusto com os dedos.
A mulher manteve os olhos cálidos no rosto de Augusto. Lotus parecia sentir uma forte energia vinda do garoto. Augusto já estava assustado, o olhar de Lotus era sombrio e amedrontador.
- Professora? - perguntou Carlos quebrando o silêncio - Algum problema?
Lotus disfarça sua personalidade maléfica com um suave sorriso no rosto:
- Não querido, nenhum, apenas me distrai, agora... com licença, preciso resolver minhas coisas de professora.
Lotus sai do pátio e segue pelos corredores com uma afirmação em sua mente. Ela dizia para si mesma: "é ele, é ele o garoto."

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