Capítulo 8: Cessar-fogo

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- Rômulo, espere! - disse Lotus.
O ptofessor passou as mãos no seu cabelo grisalho e indagou:
- Mas o que houve?
- peço a você que não use o jardim na aula de hoje.
- Mas qual o motivo?
- Sr Rômulo, de professora para professor, eu sei o que estou fazendo. Acredite.
Rômulo se virou para os alunos ainda desordenado com a situação:
- Bom, eu tenho uma aula que necessita de espaço.
- Use o pátio. Acredite, eu sei o que estou fazendo.
O homem de cabelos grisalhos retorna para o caminho osposto do jardim mas interrompe seus passos:
- Meus alunos, - disse ele - vão na frente, eu logo chegarei lá.
Os alunos seguem em direção ao pátio e Rômulo pede satisfações a Lotus:
- Eu planejei uma aula ao ar livre para os alunos, aula essa que você acaba de cancelar. Portanto explique-me, por gentileza, o que está acontecendo. - disse Rômulo.
- É por causa do aluno.
- O escolhido?
- Exatamente. Não acha arriscado deixar ele exposto com aquelas ameaças pela cidade.
- O Sr Ethan se dedica todos os dias para proteger a escola criando aquela barreira de defesa.
- Mas e se não for suficiente? Ethan está velho e cansado.
- Ainda sim eu duvidaria que alguém quebrasse a sua barreira. Mas vamos chamar Amélia ainda hoje para falar sobre isso, concordo em termos cautela. Com licença.
   Rômulo se retira, enquanto Lotus o observa com seus olhos serenos e seu corpo imóvel.

   Entre um dos andares de um prédio abandonado da Vila Verde, estava Kage com uma agulha apontada para Shizen, aflito e intrigado por não ver o garoto sair. O homem colocava apenas um dos olhos por uma janela destroçada mais uma vez, quando vê a se mesmo. Ele já sabia quem estava por perto.
- Pode explicar o quê aconteceu? - perguntou Kage.
- Não podemos matar o garoto. - Lotus respondeu subindo uma velha escada.
Os dois barbonos ficaram frente a frente:
- Como assim "não podemos"?
- Descobri algo importante que Aikuma deve saber, vá até a mansão e avise que eu tenho novidades.
   Os dois descem da construção, ele antes dela para não chamar a atenção. Lotus segue o caminho de volta para Shizen quando se depara com a cigana Idalina:
- Teu coração é gelado, não deixe que as mágoas do passado destruam o que há de bom em você, o pouco que resta.
- Você não sabe nada sobre mim, é uma cigana fraudulenta que vive de enganar pessoas blefando sobre seus destinos. - respondeu Lotus.
- Não, jovem mulher, eu conheceu um coração machucado quando vejo um olhar como o teu.
   Lotus não retrucou, continuou seu destino à escola, deixando a cigana mais uma vez para trás.
Enquanto Lotus subia os degraus do morro de Shizen, a cigana lhe fitava e ditava palavras em latim:
- illuminatio et mundaret.

Lotus chega à porta, onde Leon a esperava:
- Faz mais de dez minutos que o teu horário começou, professora Lotus.
- Tive um imprevisto.
- Sempre tem. Bom... os teus alunos estão te esperando na sala 12. Mas o que aconteceu hoje não poderá se repetir.
- Está me dando ordens? - Lotus perguntou com sarcasmo.
- É tua obrigação de professora é estar na sala antes dos alunos.
- Não se preocupe, vice diretor Leon, isso não se repetirá. Agora ouça: eu não admito que alguém, não importa quem seja, se refira a mim dessa forma. Agora já estou indo. Com minha licença.
Ao passar ao lado, Leon sentiu mais uma vez uma energia pesada emanando de Lotus.
- Há algo de errado Lotus. Há mais de três anos você não é mais a mesma de antes, se tornou arrogante e ausente. Será que não percebe o quão estamos desconfortáveis com esta tua personalidade de intimidação?!
   Lotus para, virasse:
- A única coisa de errado aqui é você se metendo em minha vida, uma coisa que não lhe diz respeito. Abaixe o tom, seu cargo de vice ainda não foi efetivado.
   Surgiu-se ali um embate, Leon se sentiu desrespeitado:
- Eu não vivo de exibir cargos, vivo por amor à magia, eu não sou como você que vive de aparências. Agora eu é que não admito ser definido dessa forma por você. Isso não tem a ver com cargos, tem a ver com ética e moral pessoal.
   Lotus o encarou de frente e expressou apenas uma palavra antes de se virar:
- Ridículo.
   A mulher saiu em direção à sala 12. Leon respirou fundo e abaixou o rosto sobre a mão. Professora Lívian se aproxima:
  
   Em um pátio, Rômulo prepara sua aula para os alunos. Piso de pedras cinzas e rachadas. Trepadeiras com flores brancas e vermelhas se estendiam nas paredes. O professor se posiciona sobre um pequeno tablado de madeira. As pálpebras caídas de Rômulo mostrava uma serenidade em sua personalidade e seriedade no que faz. O homem passa as mãos na barba antes de dar suas primeiras palavras:
- Bom dia a todos vocês, sejam bem vindo a aula de história da magia. Falaremos hoje sobre a origem do misticismo.
   Os alunos estavam de pé, enquadrados no centro do pátio. Rômulo bate palmas e um grande livro surge em sua frente. Sem nem mesmo tocá-lo, o professor faz o livro abrir, fazendo mecher todas as páginas e o compactando em uma página específica. Rômulo começa a ditar as frases da página:
- A magia surgiu desde o princípio do nosso mundo, presente em todos os ambientes, a magia é uma força natural na qual podemos obter dons. Em 1472, um grande mago chamado Renatus Modotte, descobriu um dom chamado Luxissismo, o ato e dom de projetar ou manipular a luz em prol do equilíbrio da vida. Renatus tinha um irmão mais novo chamado Orfeu Modotte, que aprendeu a arte da invocação. Renatus e Orfeu criaram um espelho, o espelho de linfos, o qual tinha a função de prender almas malignas ou selar poderes das trevas. Mas Orfeu passou a gostar das artes das sombras, e decidiu ajudar seu irmão usando-as. O Conselho de magia da época atentou aos irmãos quanto a isso, disse que manipular as trevas era algo muito perigoso que poderia acabar possuindo o corpo do executor da magia. Quatro anos, depois, aconteceu o esperado. Orfeu se perdeu para si mesmo, fazendo as trevas o controlar, chegando a matar seu irmão.

   Com um estalar dedos, Rômulo fez o livro fechar, causando um grande estrondo sonoro e o guardando em uma bolsa.
- Então, - disse Rômulo - O que eu quero dizer a vocês é que no mundo da magia você tem duas escolhas, sendo uma delas muito penal.
- Mas por que Orfeu fez isso com o próprio irmão, porquê não soube conter a sua magia? - perguntou Dinho.
- Aí é que está, meu caro aluno. Assim como a gente pode controlar a magia, ela pode fazer o mesmo conosco. - explicou o professor olhando para Augusto. - Nunca deixe a magia dominar vocês.
Sem nem mesmo perceber, o nariz de Augusto começa a sangrar:
- Professor, - disse o garoto com a mão no rosto - preciso ir ao banheiro.
A roupa de Augusto estava tingida de gotas vermelhas:
- Alguém acompanhe ele. - falou Rômulo.
Dinho se voluntariou e foram ambos juntos.

   Durante o caminho, Dinho encontra Érica:
- o que houve com ele? - Perguntou a garota.
- Ele está sangrando pelo nariz.
- Venha, venha, - disse ela - vamos para a enfermaria.
   Ao chegar na enfermaria, o lugar estava vazio. Augusto se sentou em uma maca, branca como todas as outras. Clara chega com uma garra de soro e um pedaço de algodão:
- Vamos, deixe-me passar isto em você. - disse a garota para o limpar o rosto de Augusto.
   A porta da enfermaria se abre, era o professor de Érica, Sr Raffaelo:
- O que está acontecendo?
- Este aluno professor, - Érica explicou - ele chegou com nariz sangrando.
- Deveria ter me chamado.
Raffaelo percebeu que o sangue de Augusto era mais escuro do que o normal e olhou nos olhos do garoto.
- Muito bem, rapaz, vamos dar um jeito nisso.
  Raffaelo tinha um forte dom de regeneração e cura. Acalmou o jovem e disse que não tivesse medo. Com seu dedo, o professor criou um arco de luz na frente do rosto do garoto e o sangramento parou.
  Raffaelo estranhou a aura de Augusto, algo parecia pesar e encarando o jovem ele perguntou:
- Sei que todos nós temos segredos, mas sinto que algo está fazendo mal para o seu corpo. Você tem algo para me dizer?
Augusto nem se quer pensou e negou qualquer coisa que sentia. No mesmo instante aparece Rômulo procurando saber como estava o seu aluno.
   Todos os professores já sabiam da presença de Augusto e quem ele era, até o velho Ethan.
- Sugiro que não faça esforço hoje - sugeriu Raffaelo.
   Rômulo explica que aula é leve mas que se for necessário não há problemas em deixar o aluno faltar.

   Enquanto isso, no centro urbano Kage chega à mansão de Aikuma pronto para explicar o ocorrido, o qual fica ansioso para saber o que de fato está acontecendo.
- Só pode ser algo muito importante, Kage. Lotus deve ter uma boa razão para proteger o garoto, e eu espero isso dela.

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⏰ Última atualização: Nov 04, 2022 ⏰

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