Capítulo 6: Marcas pela cidade

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Shizen:
  Capítulo 6 - Marcas pela cidade

  Dinho voltou para o seu quarto. Agora o que preocupava o jovem não era mais o que a cigana falou e sim o que o velho Ethan havia falado. "Âmago" era a palavra que vinha em sua mente. Se ele era aquilo que disseram ser, ele queria descobrir o que é. Sack entrou no quarto coçando os olhos de sono, então Dinho chama a sua atenção:
— Ei Sack, vem cá!
  O amigo de Dinho se aproxima, bosejando com fadiga:
— Qual foi? Eu tava indo dormir agora. — disse Sack.
— Vai ter que esperar, porque agora você vai ter que me ajudar em descobrir uma coisa.
— O que extanete?
— Descobri que tipo de magia eu possuo, mas antes preciso saber o que significa a palavra "âmago," foi o que falaram que eu sou.
— Mas quem disse isso? — Sack perguntou.
— Isso não importa agora, só preciso saber o significado dessa palavra!
  Sack cruza os braços dizendo:
— E você acha que eu tenho cara de dicionário?
— Ah, não é isso, ignorante. Vamos até a biblioteca da escola. — Dinho explicou.
— Ah tá, agora eu entendi. — falou Sack, coçando a cabeça.
— Vamos, vamos logo.
  Dinho saiu na frente com Sack o seguindo. Os dois passaram pelos corredores do lado oeste da escola e chegaram em frente da maior porta de dois lados, a biblioteca. Os dois nunca entraram lá, então tiveram receios se poderiam ou não entrar ali, mas Dinho falou que biblioteca é lugar de alunos, então os dois empurraram as portas. Na região interna do lugar se encontrava várias prateleiras enormes com livros de todas as grossuras mas a maioria em tons marrons. As prateleiras eram tão grandes que possuíam escadas para os alunos alcançarem alguns livros. Os dois amigos começam a procurar:
— Tudo bem Sack, eu procuro na parte de cima e você olha nas prateleiras de baixo.
  Os dois saíram em busca de um livro que falasse sobre isso, mas antes de começar a procurar, Sack questiona:
— Dinho, são milhares de livros, nunca vamos encontrar em uma noite.
— Pega qualquer um que envolva essa palavra, ou algum que você ache que possa ter relação.
  Os dois levaram duas pilhas de livros para uma das mesas redondas da biblioteca. O cheiro de mofo e poeira era grande que fazia Sack espirrar:
— A única coisa que vamos encontrar aqui nessa biblioteca é uma bela de uma alergi— resmungou Sack, fungando o seu nariz rosado.
— Você não é obrigado a ajudar, só pensei que dois procurando seria melhor.
— Eu tô aqui, então agora abra um livro e procure o que você tanto quer.
  Dinho começou a ler cada página, marcando com o dedo cada palavra. Sack observa que do outro lado da biblioteca havia um rapaz lendo um pequeno livro. O jovem aparentava ter a mesma idade dos outros dois, 17 ou 16 anos; pele escura, cabelo curto. Sack sugere algo para Dinho, que ainda mantinha os olhos em um livro:
— Ei, ei Dinho, olha lá aquele cara.
  Dinho observa:
— O que tem ele?
— Ele pode nos ajudar a encontrar. — cochichos Sack, se estendendo sobre a mesa.
  Sack olha novamente para a mesa do outro garoto mas tomou um susto, o garoto leitor já não estava mais lá:
— Dinho, vamos embora daqui.
— Não podemos levar tantos livros para o quarto.
— Não importa, vamos embora daqui.
— Por qual motivo? — Dinho perguntou confuso.
  Sack aponta para o outro lado da biblioteca:
— O cara, o rapaz não tá mais lá.
— Para um mago que está na maior escola de magia do país, você é bem covarde. Aqui pode ter pessoas com várias habilidades e dons, relaxe aí. — Dinho explicou.
  Naquele instante, o garoto leitor aparece do lado de Dinho se apresentando:
— Olá, eu sou Kauan.
  Sack dá um salto para trás, derrubando uma cadeira, escondendo-se atrás de um livro gritando:
— Demônio, fantasma, fantasma! Tá repreendido! — exclamou Sack, assustado.
  Kauan sorriu com a reação de Sack e então decidiu o acalmar:
— Está tudo bem cara, estou vivo. — Kauan estendeu os braços.
— Ah é? Então como você fez aquilo? — perguntou o assustado.
— É só uma técnica de magia, veja, também posso me multiplicar em três clones ou me camuflar.
  Kauan então criou mais três dele, impressionando Dinho e Sack. Os clones aos poucos foram desaparecendo em transparência. Sack já mais calmo gritou:
— Falei, ele pode nos ajudar!
— Eu vi que vocês realmente precisavam de ajuda então vim até vocês. Ninguém pega tantos livros tão grossos ao mesmo tempo.
— Então use esses clones — disse Sack — para nós ajudar a encontrar algum livro que tenha a palavra... a palavra...
— A palavra "Âmago". — Dinho completou.
  Kauan sorriu afirmando que ajudará. Ele então se afastou e gerou seus clones:
— Magia dimensional, Clonagem!
  Os clones se teleportavam de um lugar para outro rapidamente enquanto Dinho e Sack olhavam outras prateleiras. A luz da biblioteca era forte, um grande candelabro fazia tudo parecer mais nítido de ser encontrado. De repente um dos clones dá um grito em uma alta prateleira:
— Achei!
  Naquele momento, imediatamente os outros clones sumiram e o corpo real de Kauan se teleportou para o local do clone que encontrou o livro desejado:
— Aqui está, — disse Kauan — O nome do livro é "Amagoidade", parece bem antigo.
  Kauan entrega o livro nas mãos de Dinho que agradece com um abraço:
— Obrigado, fico muito agradecido e feliz por você ter conseguido encontrar, convido você pra ler comigo e com o Sack amanhã.
— Claro, aceito, vamos para o jardim quando estivermos em tempo livre. Vou adorar desvendar isso junto a vocês.
— Mas como assim? Foi tanto esforço para não descobrir o que você tanto queria? Leia agora. — Sack criticou.
— Já está tarde Sr Luzumaki, vamos, precisamos dormir.
  Dinho guardou o livro vermelho e envelhecido embaixo da cama, ele quase não dormia por ansiedade, mas tinha em mente que teria treinos e aulas durante a manhã.
  Durante a alvorada, Leon acorda mais cedo, toma seu café na sala dos professores e liga a TV. Quando fez isso, Leon não via outra coisa além da notícia "gangue de magia ameaça a cidade de Hotarun". Leon corre para a sala de Amélia no intuito de avisar o que acabara de ver. Mas Amélia já estava ciente do ocorrido. Leon entra na sala da diretora:
— Amélia, você viu o que está passando na TV? — Perguntou o professor.
   A mulher se encontrava de pé, olhando pela varanda a entrada da escola.
— Não precisa dizer nada, já estou ciente do ocorrido. Vamos marcar uma reunião com todos os professores, para falar sobre isso que está havendo.
  Na mesma manhã, todos os professores foram reunidos na sala de reunião, incluindo a Lotus. Amélia se pronuncia:
— Antes de começar qualquer aula, precisamos deixar evidente a situação atual de um vandalismo de magos mal-intencionados. Devemos manter a ordem e informar que nossa escola não tem relação com isso, para acalmar o povo. Eu preciso falar com o prefeito de Hotarun.
  Amélia liga a TV da sala de reunião, apontando o controle remoto, e debate sobre o que passava na tela:
— Mas quem garante que isso não seja coisa de pessoas não místicas? — perguntou professor Rômulo.
— Isso, Rômulo, descobriremos em breve. Visto isso, eu colocarei uma nova organização em Shizen. Leon, você será meu vice diretor, será o meu braço direito.
— Será um prazer, mas a Sra. tem certeza disso? Você me eleger como um vice assim tão rápido... — disse Leon.
— Não se preocupe, tenho total confiança que você saberá lidar bem com o cargo, professor, isso porque você me representará quando eu estiver fora de Shizen. Já conversei com o sindicato de magia, basta agora você aceitar.
— Mas eu pretendo continuar dando minha aulas.
— Tenho certeza que sim, isso não vai ser interferido.
— Muito bem, sendo assim...
  Amélia continua falando suas ideias:
— E Você Lotus, será a responsável pela segurança dos alunos na escola.
  Lotus deu um leve sorriso, com olhos como de uma serpente. Leon observa a face de Lotus, ela emanou uma energia diferente.
   Após perceber o encarar de olhos de Leon, Lotus muda sua personalidade:
— Para mim será um grande prazer, Amélia. Ficarei de olho na segurança de toda a Shizen. Mas acho que devo por alguém para substituir o meu horário.
  Lotus tinha a intenção de infiltrar um Barbono em Shizen para matar Augusto, mas Amélia discordou da ideia:
— Não será necessário, mudaremos os horários e daremos mais tempo livre para os alunos. Falando em aula, professora Lívian, é teu horário de dar aulas de controle de aura, está liberada. Agora eu, vou tratar de falar com o prefeito.
   Depois do fim da reunião, os professores se levantaram de suas cadeiras, Lotus passa por Leon, e mais uma vez o professor fortão sentiu uma má energia sendo emanada por Lotus que o encarou com seus olhos de mel, mas quando a mulher de grandes unhas se aproximava a sua energia mudava, cada vez que Leon via seus olhos de perto. Isso acontecia porque Lotus tem um forte dom de controlar reflexos. Quando Leon via os olhos de Lotus, os mesmos olhos refletia a própria energia de Leon, fazendo a energia ruim dela ficar oculta. Então ao invés dele perceber a aura dela, ele percebia o reflexo da aura dele. Lotus é uma poderosa maga de controle.
  Na escadaria da entrada, Amélia gritava para o motorista:
— Vamos, Theo. Ligue o carro, precisamos chegar ao prefeito o mais rápido possível.
— Vamos até a prefeitura ou diretamente na casa dele? — Perguntou o motorista.
— Ele já está na prefeitura, já entrei em contato.
  Amélia entra no carro com sua saia plissada vermelha, seu blazer de quase mesma cor e segue em direção à região urbana. Ao chegar em frente à prefeitura, Amélia desce do carro sendo rodeada por jornalistas que faziam várias frases enquanto as câmeras gravavam sua presença.
"Amélia Albof, uma palavrinha por favor"
"Diretora Amélia, o que a senhora tem a dizer sobre este ocorrido?"
"Amélia, poderia explicar o que vai tratar com o prefeito?"
"Shizen pode ter riscos ou relações com o vandalismo ocorrido?"
  Amélia não respondeu a nada, sentiu-se sufocada, cercada. Ela andou educadamente até a porta da prefeitura e entrou. Já dentro do local, Amélia segue em direção ao gabinete do prefeito. Na entrada, a secretaria aviza a chegada de Amélia. O prefeito Ciro abre a porta:
— Amélia Albof, bem vinda. Pode sentar-se. — disse o prefeito apertando a mão da mulher.
  Amélia sentou em frente à mesa do prefeito e percebeu que ao seu lado havia mais um acento. Ameilia questiona:
— Esperando mais alguém?
— Sim, um membro da defensoria pública, Dr. Martins. — disse o prefeito Ciro.
  Ciro era um homem de cabelos grisalhos, parecia ter seus 50 anos, terno cinza e sapatos de grife.
   Daí a pouco chega Dr. Martins, o defensor público:
— Desculpe o atraso, senhor prefeito.
— Imagine, sente-se. — disse Ciro, apontando a mão para a outra cadeira.
  Os três estavam prestes a iniciar uma reunião, para chegar a decisão de o que fazer para com a situação. Amélia se pronuncia:
— A situação que vi no caminho de Shizen até aqui é preocupante. Haviam marcas em paredes de cada rua e avenidas. Se isso continuar, o povo começará a ficar assustado, se já não estão.
— Você tem razão, e é por isso que trouxe Dr. Martins até aqui. Precisamos de algum profissional social para tratar dessa situação. — disse o prefeito.
— Exatamente, — falou Dr. Martins — Eu vou tratar de falar com o ministro da segurança para fazer uma segunda reunião. O que está havendo pode deixar toda a cidade de Hotarun caótica. Amélia, senhor prefeito, sugiro que vocês se pronunciem para a mídia que está lá fora, temos que informar o povo e manter a calma. Até porque aquilo tudo lá fora pode ser apenas uma brincadeira de criança.
— O que eu vi não parece ser uma brincadeira de crianças, Dr. Martins.
  Amélia ajeita sua roupa para fazer um questionamento:
— O que o ministro da segurança fará quanto a isso?
  Martins disse que só poderia saber responder quando tivesse contato com o próprio ministro, mas o prefeito logo dá sua opinião:
— Provavelmente vão se comunicar com a polícia Civil ou até mesmo as forças armadas se a ameaça piorar. Não sabemos do que se trata ainda para fazer decisões precipitadas. O que vimos lá fora parece ser um plano muito bem articulado, que envolve mais de uma pessoa. Brincadeira de criança não é. — Explicou o prefeito.
  O prefeito mostrou fotos dos símbolos em tinta preta espalhados pela cidade, em uma das fotos havia um símbolo de um corvo com uma frase em latim que dizia: "gloria nostra veniet" que significava "nossa glória virá".
  Amélia estremesseu, parecia saber do que se tratava, então decidiu dar um avanço nessa solução. Amélia se retira do gabinete dizendo que irá avisar para a mídia soluções cabíveis e convidou os dois homens para acompanha-la.
  Os três seguem até a saída da prefeitura e abrem as portas, os repórteres pareciam engolir a mulher com frases. Sobre a pequena escadaria da prefeitura Amélia se pronuncia diante dos microfones:
— Estamos nos pronunciando nesse momento para avisar que tentaremos fazer essa situação não se repetir. Shizen não possui nenhum envolvimento com esse vandalismo. Nós, professora, prefeito e defensor público estamos aptos a defender nossa cidade. Vamos descobrir quem fez isso e quando descobrirmos, o indivíduo será severamente penalizado. Dou a palavra agora ao nosso prefeito.
— Obrigado Amélia. Nós da política, preservamos a segurança do nosso povo. Por esse motivo, vou fortalecer a segurança civil nos horários noturnos. Pesso que todos se acalmem. Agradeço a compreensão de todos os cidadãos. Não vamos admitir que algum mal afete o nosso bem-estar. É por isso que Amélia e eu vamos entrar em contato com o ministério da magia e Dr. Martins com o ministério da defesa pública para proteger todo o nordeste do país. Obrigado.

  Em Shizen, os alunos debatiam sobre isso durante o café da manhã. Na mesa estavam Dinho, Carlos, Augusto, Helena, Sack e Kauan.
— Não entendo o motivo deles fazerem isso, tentar ameaçar a população do nada assim... — disse Helena.
— Pode ser apenas uma brincadeira, uma piada, pegadinha de alguém. — Kauan falou.
— Acho que não, — proferiu Dinho — Eu discordo e descarto essa possibilidade.
— Dizem que pode ser uma gangue, um grupo seleto de magos do mal. — disse Augusto.
— De qualquer jeito vamos ficar atentos no que vemos ou percebemos, as vezes o culpado pode estar mais próximo do que vocês imaginam. — Carlos comentou.
  Ao ouvir isso, Dinho recorda a sua memória da pessoa misteriosa que ele viu sair, na noite passada, mas não se manifestou sobre isso, preferiu guardar para si.
— Ah, vamos deixar isso de lado e bora comer, tô cheio de fome! — exclamou Sack.
— Na verdade já está quase na hora da nossa aula de controle de aura, então coma mais rápido. — Helena informou.
  Sack comia rápido, nem mastigava, apenas engolia. Bebeu o suco sem nem respirar, limpou os lábios com o dorso da mão e se levantou da mesa de barriga cheia:
— Pronto, barriga cheia, energia cheia. — disse Sack após um forte arroto.
  Os amigos riram da atitude de Sack, estavam felizes naquele momento, Sack era um grande piadista. Mas algo inesperado aconteceu; Augusto começa a ouvir vozes na sua mente, vozes que repetiam a mesma frase: "Liberte-me, liberte-me". O garoto pôs as mãos na cabeça por perturbação. Os amigos o amparam:
— Você está bem? — Carlos perguntou.
  A voz se calara, então Augusto responde:
— Estou, estou sim. Foi apenas um mal-estar, eu acho.
— O que você sentiu? — pergunta o pintor.
— Nada, só um mal-estar mesmo.
  Depois de cinco minutos, os alunos seguem em direção ao Jardim da escola para a aula de controle de aura, mas não perceberam que Lotus estava a observar Augusto com seus olhos de mel. Lotus fitava o garoto até que a voz de Leon surge por trás dela:
— Professora Lotus, precisamos conversar.

  Na volta para Shizen, Amélia observa um muro branco com mais uma mensagem dos Barbonos. A mulher pede para Theo parar o carro. Amélia desse e segue em direção ao muro, lá estava escrito: "A próxima cor será o preto" com um corvo pintado na ponta. Amélia então decide falar para si mesma com a mão em seu pingente:
— Eu sei que é você, meu irmão.
 

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