Salva-me

Capitulo 7

Benjamin

O silêncio na mesa era pesado, quase sufocante. Todos tentavam entender o que Marco tinha feito ou dito para que Mayana se fechasse de novo e, pior, continuasse ao lado dele. Era frustrante ver alguém que amamos se perder em um relacionamento que claramente não fazia bem.

Maya tomou seu café em completo silêncio, a expressão indecifrável. Assim que terminou, pousou a xícara sobre a mesa com um leve tilintar e se levantou, pedindo licença. Saiu como se nada tivesse acontecido, deixando um rastro de preocupação para trás.

Seu Francisco suspirou, passando a mão pelo rosto cansado.

— Eu não sei mais o que fazer com ela...

— Às vezes, as pessoas precisam aprender pela dor — minha mãe disse, a voz carregada de tristeza.

— Vamos tentar não deixar ela muito tempo sozinha com esse cara, pra que ele não mexa ainda mais com a cabeça dela — sugeriu Sophi, determinada.

— Isso. E eu vou continuar tentando conversar com ela. Eu preciso tirá-la dessa situação — afirmei.

— Nem sempre dá pra ser o super-herói de alguém, cara — Igor murmurou, realista.

Mas eu não podia aceitar isso. Cruzei os braços, firme, olhando para cada um deles antes de dizer:

— Eu amo aquela garota. Mesmo que ela ainda não saiba... mas eu amo. E vou fazer o que for preciso para ajudá-la.

Francisco me observou por um instante, depois assentiu lentamente.

— Acho que esse é o ponto, Benjamin. Talvez, se você for honesto com ela sobre o que sente... se ela souber que você está disposto a lutar por ela, isso possa fazê-la tomar uma atitude.

— Eu tenho certeza que isso abriria os olhos dela — minha mãe completou, com um pequeno sorriso de esperança. — Ela sempre amou você, filho.

Um nó se formou na minha garganta, mas engoli o medo. Precisava fazer alguma coisa.

— Senhor Francisco, tente não deixar a Mayana sozinha com Marco. Se puder, peça para ela dormir no quarto com o senhor. Amanhã, na primeira oportunidade, eu falo com ela.

— Tudo bem. Estamos combinados, então.

Nos despedimos e seguimos para casa, mas minha mente continuava presa nela. Mayana. Sua expressão abatida, seu silêncio, a forma como ela evitava nossos olhares... tudo aquilo me consumia por dentro.

Ao chegarmos, Sophi me puxou para o sofá e me olhou com preocupação.

— Ben, você acha que isso vai dar certo? Eu amo a Maya, mas não quero te ver machucado.

Sorri de canto, tentando parecer mais confiante do que realmente estava.

— Vai ficar tudo bem, pequena. Ninguém vai sair machucado nisso.

Igor resmungou, cruzando os braços.

— Espero que não...

A tensão no ar era palpável, então decidimos distrair a mente jogando Uno com minha mãe na cozinha. Entre cartas, risadas e provocações, tentei afastar os pensamentos insistentes sobre Mayana. Mas, no fundo, eu sabia: amanhã poderia ser o dia que mudaria tudo.

[...]

Mayana

O jantar foi um desastre. O clima estava pesado, carregado de um silêncio desconfortável. Meu pai, que sempre foi brincalhão e risonho, não escondia sua antipatia por Marco. Ele sequer tentou disfarçar, mantendo-se calado até o fim da refeição.