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CAPÍTULO 16
VITÓRIA MOTTA

Perdida.

O caos que se instalou em questão de segundos me deixou sem chão. A poeira subia fazendo eu tossir repetidamente. Ao saltar do carro eu não tive tempo para raciocinar, o barulho dos tiros me fez reagir sem reconhecer o ambiente, o inimigo e toda a situação em que nos encontrávamos.

Eu apertava o gatilho sentido a arma se retrair em minha mão, os corpos jogados no chão era meros obstáculos em meu caminho me atrapalhando de chegar no meu próximo esconderijo. Eu podia ouvir as vozes distantes da minha mãe e da Isabela.

Todas estávamos presas em nossos próprios mundos, lutando nossas próprias batalhas, tudo estava uma bagunça e quando os tiros cessaram eu olhei ao redor atônita e gritei por elas.

Os braços da minha mãe me puxam e ela verifica cada canto do meu corpo para ver se estava tudo bem. Eu não conseguia falar nada, parecia que eu estava em uma realidade paralela, um sentimento pesado em meu peito sumia com minha voz.

Isabela se aproxima de nós alarmada olhando ao redor preocupada. Eu conseguia ouvir as estruturas se mexendo perigosamente.

- Temos que sair daqui de dentro. – Isabela fala apreensiva. – Afinal, o que é isso aqui?

- Tem algo errado. – Minha voz sai em um fiapo tremulo.

- Estão todos mortos. – Isabela bate nas roupas tentando tirar todo o pó.

E eu nem tenho tempo de falar nada, o barulho do disparo do revolver ecoa no ambiente e tudo acontece em câmera lenta. Isabela cambaleia para frente soltado um grito agudo e eu vejo o sangue manchar sua blusa.

Minha mãe corre até Isabela e a segura em seus braços e eu vejo o buraco da bala em seu ombro. Corro até elas e começo a puxá-las para trás de uma pilastra que tinha no meio do túnel. Isabela gemia com a dor e desgostosa com a situação.

- Porra! – Ela brada irritada. – Isso arde.

- Fique quieta. – Verifico a minha arma e estava sem munição. – Merda. – Praguejo.

- Isabela para quieta. – Minha mãe protesta. – Não pode ficar se mexendo dessa forma.

Minha mãe estava enrolando um pedaço de pano no ombro de Isabela, o pano já estava cheio de sangue e Isabela estava se mexendo muito piorando as coisas.

- Tenho que ir até nosso carro. – Olho ao redor e a poeira me impedia de ver as coisas com clareza. – Tenho que pegar munição ou outra arma. – Ouço passos apressados e fico alarmada.

- Tome cuidado. – Minha mãe fala alarmada e começa a se esconder mais atrás de uns barris atrás dela.

Sem tempo eu me viro para ir até o carro. Meus passos cautelosos não acompanhavam as batidas do meu coração. Algo dentro de mim estava desconectado, eu me sentia receosa e amedrontada.

Antes eu enfrentava uma batalha sem medo de suas consequências, eu apreciava a adrenalina e até minutos atrás no carro eu não podia negar que a adrenalina presente em minhas veias conseguiu tirar um sorriso dos meus lábios, mas agora um medo pungente pulsava dentro de mim de forma incomoda.

O medo de perder tudo aqui nesse momento me tirava o ar. Um medo de não ver minha família e pedir o perdão por tudo e o medo de não ver mais os olhos verdes de Vladimir me tiravam o ar e me faziam vacilar.

E pela primeira vez a impulsividade era reprimida e até mesmo expulsa de dentro de mim.

Eu estava quase chegando em nosso carro quando eu sinto duas mãos agarrarem meus ombros e me jogarem contra a lataria do carro com força me fazendo bater as costas e perder o ar com o impacto.

PERPETUAL - MÁFIA KRAVT I Spin Off - Série Obscuros Nova EraOnde histórias criam vida. Descubra agora