Capítulo I - Doce.

4.7K 491 610
                                    

Uma história de amor, para todos aqueles que não entendem o quão o mesmo é valioso.

Qual sabor de café estarão servindo nesta manhã de segunda feira? Talvez fosse meio amargo? Ou ao leite? Talvez os grãos de café da marca da cidade estivesse em falta.

Belas moças com saias coladas com um coque arrumado caminhavam dentre as mesas, anotando os pedidos. Todas com um belo corpo e bela fala.

O cheiro de cafeína impregnando as narinas, aroma doce e sutil. Blues, ritmo reconfortante, preenchia o ambiente, refrescado por um ar condicionado.

Dentre mulheres bonitas e homens de terno, um impopular assistente da gerência de marcas de café da cidade, lia seu jornal enquanto aguardava a chegada de seu pedido. O homem trajava uma camisa branca de gola alta, calças pretas e um casaco bege longo, até os joelhos. Seu cabelo era pintado de loiro, e encaracolado devido ao penteado que o mesmo usava. As notícias eram fúteis, sem fundamento ou qualquer fato que a tornasse verídica ou considerável, talvez tivessem sido escritas por alguém incompetente que não tivesse menor experiência ou conhecimento na área. A política no país corria exatamente como há cinco anos atrás, entretanto, isso não significa que era uma política boa.

O aroma do café forte chegou até suas narinas, e seu olhar repousou-se sobre a bela xícara de café que havia sido lhe servida. O homem dobrou seu jornal ainda com cheiro de novo, e o deixou sobre a mesa.

O café estava como sempre, excelente, feito por alguém com um gosto refinado para tal coisa. Talento era exigido para fazer uma xícara de café tão bem preparada. O experiente em cafés, nunca se deu ao trabalho de perguntar quem preparava suas xícaras de café toda manhã, presumia que não era necessário saber.

Toda a paz e calmaria fora embora quando uma cliente revoltada começara a berrar chamando o gerente da cafeteria.

"ISSO ESTÁ HORRÍVEL! NÃO É DIGNO DE SER TOMADO!" - A mulher gritava, colocando todos os olhares daquele lugar, nela.

As moças atendentes de saias coladas tentavam acalmar a mulher, porém ao fazerem isso, ela se irritava mais ainda. Por fim, uma das moças foi até a cozinha, e chamaram o gerente da cafeteria. Alguns instantes depois, a garçonete voltou acompanhada de um homem alto, com cabelos pretos encaracolados, com alguns fios cobrindo-lhe parte dos olhos. O homem estava de máscara, fazendo com que seu rosto fosse pouco notado. Trajando uma blusa preta de mangas, uma calça igualmente preta, e um avental com a marca da cafeteria, o gerente se dirigiu a mesa da mulher insatisfeita com olhar de poucos amigos.

"Então foi você que fez meu café?" - A mulher perguntou, cruzando as pernas.

"Sim, senhora." - O homem respondeu simples.

"Pois acha que eu sou uma piada? Isto é completamente diferente do que pedi." - A mulher disse já enfurecida novamente.

"Minha bela dama, você pediu um café meio amargo complementado com leite, e fora isso que lhe foi servido." - O homem de cabelos encaracolados retrucou, tomando um pequeno gole do café que fora servido a mulher.

"Pois é aí que se engana! Fora pedido um café ao leite simples."

"Traga-me o pedido desta senhora, Agne."

A moça ajudante, nomeada Agne, fora na cozinha as pressas, buscar o papel.

A mulher insatisfeita, ao ver o que havia sido escrito no papel, pegara sua bolsa e seu jornal, e saiu da cafeteria bufando e batendo pés.

Ora pois as pessoas de hoje estão cada vez mais estressadas. A correria do dia a dia faz com que todos percam a cabeça! Um erro tão fútil acabou resultando em uma discussão que poderia ter sido evitada.

O não muito popular funcionário, levantou a mão, tentando chamar a atenção do gerente. O de cabelos encaracolados, vendo a mão sendo erguida, dirigiu seus passos até a mesa em que o homem de encontrava.

"Posso lhe ajudar?" - O gerente perguntou diretamente.

"Ora pois só tenho a lhe agradecer. Todos os dias faço o mesmo pedido, e nunca me faltou qualidade ou sabor." - O impopular funcionário agradeceu.

Um café de tão alto nível, nunca deixaria de ser notado por um homem com entendimento notório sobre o assunto.

"Tamanha felicidade me preenche ao ouvir isso." - O homem de cabelos encaracolados disse, fazendo uma referência em gesto de agradecimento.

8:00 em ponto, o impopular funcionário saira da cafeteria após pagar, com passos apressados, para chegar na hora certa no trabalho.

Na manhã seguinte, certamente ele voltaria ali, assim fora durante os últimos anos, e não deixaria de ser assim tão de repente. Agora que sabia quem preparava suas xícaras de café meio amargo todos os dias, estava sem dúvida alguma, grato e revigorado para o trabalho.

Dourado - SakuAtsu.Onde histórias criam vida. Descubra agora