Capítulo VIII

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Terça-feira, manhã calma, com um céu limpo e brisa fresca. A cafeteria estava mais calma que os outros dias, afinal, era feriado.

Como todos os dias, a cafeteria estava limpíssima, sem uma poeirinha sequer. R&B tocava, ritmo calmo que trazia tranquilidade. Tudo estava como todos os dias, mas tudo estava diferente. O gerente dessa cafeteria, dormira com o loiro que frequentava a cafeteria à tempos. A razão de ir à cafeteria, sempre fora somente para saborear uma boa xícara de café. Entretanto, o loiro encontrou acidentalmente um homem alto, com cabelos encaracolados e que andava sempre com uma máscara. Esse "acidente", se tornou um novo motivo para continuar frequentando a cafeteria.

Atsumu percebeu que na cafeteria, havia um senhor, que observava tudo ao seu redor, julgando cada um com seu olhar e cara carrancuda. Com olhar de poucos amigos, o senhor, que não devia ter menos que 60 anos de idade, pôs seu olhar em Miya. O loiro não desviou o olhar, apenas o encarou por alguns segundos e voltou a ler seu querido jornal.

Velho estranho.

Velhos costumavam ser chatos às vezes, alguns eram conservadores, seja por costumes ou fidelidade as suas crenças. Mesmo que as pessoas se sintam incomodadas por estarem sendo observadas, não dizem isso diretamente à pessoa. Medrosas, ou talvez apenas, "educadas".

Miya levantou o olhar novamente, o velho ainda o encarava com sua cara carrancuda. Já incomodado, o mesmo se levantou, mas se sentou logo em seguida. Sakusa saía da cozinha com uma bandeja em mãos, indo servir os clientes.

O de cabelos encaracolados, ao ver o senhor de cara carrancuda, parou, parecia surpreso, talvez já conhecesse o senhor. O velho continuou com sua "carranca urbana" ao ver Sakusa.

"Oi pai." - Sakusa disse.

Pai? Ora, quem diria. O loiro não ficou espantado ou surpreso, todos nós tínhamos pais, o que havia demais naquela situação? Não fora um reencontro de pai e filho emocionante, ou caloroso, mas aquilo era a vida real, não um livro de drama ou mangá shoujo.

Os dois estavam conversando, entretanto, estavam longe demais para que Atsumu pudesse ouvir com clareza o que estavam discutindo.

Sakusa parecia chateado, cabisbaixo e com olhar indefeso. Seu pai provavelmente estava dizendo coisas desagradáveis aos ouvidos do filho. As pessoas que ali estavam, não pareceram se importar com a conversa de ambos, apenas continuaram a fazer o que estavam fazendo.

A conversa entre os dois, não durou muito tempo, e assim que o velho saiu da cafeteria, com seu olhar de poucos amigos e ainda mais irritado do que já estava quando chegou. Sakusa serviu algumas mesas, sorrindo com os olhos. Assim que acabou de servir os clientes, foi ao banheiro, apressado. O loiro o seguiu, pois soube de imediato que algo estava errado. Talvez o pai houvesse o ofendido verbalmente, causando mágoas dentro do rapaz.

Entrando no banheiro, escutou soluços, como se alguém estivesse chorando.

"Sakusa?" - Miya chamou-o, procurando pelo mesmo.

Quando não obteve resposta, entrou na quarta cabine, com a esperança de encontrá-lo ali.

Nada.

Entrou na quinta, e o encontrou, sentado no vazo tampado, sem máscara, e com os olhos vermelhos.

O loiro nada disse, não perguntara se o outro estava bem, ou se precisava de ajuda, ficou em silêncio.

Sakusa se levantou de onde estava sentado, e abraçou Miya, como se fosse a última coisa que lhe fosse permitido fazer em sua vida. O silêncio continuou, exceto pelos soluços miseráveis que saíam da garganta do moreno.

O motivo da tristeza do outro, ainda não era conhecida pelo loiro, entretanto, o mesmo o consolou, deixando que ele chorasse em seu ombro. Por um longo momento, Atsumu teve Sakusa em seus braços, chorando como um bebê à procura da mãe. Miya não precisava entender o que o outro estava sentindo naquele momento, para que pudesse acalentá-lo. Sakusa não precisava de palavras de motivação ou de consolo, precisava apenas que o outro estivesse ali.

Com o tempo, Sakusa foi ficando mais calmo, fungando de vez enquanto. Sua respiração descompassada agora estava mais calma, e seu peito não chiava mais. Adendo: Sakusa tinha problemas respiratórios, então em horas de choro, ou de grande esforço físico, o chiar de seu peito era nítido, devido a sobrecarregação de seu pulmão.

Muitas coisas ainda eram desconhecidas, isso valia para ambos. Os dois não faziam ideia da vida pessoal um do outro, pelo menos, não tanto quanto queriam. A primeira impressão do pai do de cabelos encaracolados, não fora muito boa, porém o loiro, decidiu conhecê-lo para tirar uma conclusão definitiva. Só o tempo dirá quando esse encontro impossível irá ocorrer, afinal, ir à casa do pai do homem que você faz sexo, é um tanto estranho, principalmente quando esse mesmo pai, não faz ideia de que seu filho está agindo de tal maneira.

"O homem que você faz sexo." São palavras que Atsumu teria que abandonar, teria que ter abandonado faz um longo tempo. Não eram mais estranhos, não eram mais companheiros de transa, entretanto, também não eram oficialmente namorados. A relação dos dois não precisava de nome, estava além da compreensão de qualquer outra pessoa. Eram pessoas que por algum acaso, se encontraram, nesse enorme e vasto planeta azul.



Dourado - SakuAtsu.Onde histórias criam vida. Descubra agora