Capítulo II

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Na manhã de terça feira, o céu nublado cobria a cidade, nuvens escuras se formavam, uma grande tempestade estava a caminho. Manhãs como essa eram comuns naquela estação do ano, muitas vezes, as lojas chegavam a fechar devido as fortes tempestades. Muitos trabalhadores também deixavam de ir ao trabalho, e alunos deixavam de ir a escola.

A cafeteria apesar disso, estava aberta. O impopular funcionário como todos os dias, fora tomar sua xícara de café amargo. A banca de jornal estava fechada, então o homem não pôde ler seu querido jornal. Apenas entrou na cafeteria e se sentou no mesmo lugar que todos os dias. Sem seu jornal, o homem pôde reparar mais na paisagem que o cercava. Não era algo muito belo, mas o céu fechado e o clima úmido o fazia sentir uma sensação de conforto.

Nessa manhã, haviam poucas ajudantes e poucos clientes, claro que, isso era algo normal em dias de mal tempo. O gerente estava por alguma razão, atendendo os clientes, e não na cozinha. Talvez não houvessem ajudantes o suficiente.

O gerente se virou e o loiro pôde ver a faixa em sua mão direita. Talvez tivesse se queimado? Isso explicaria o porquê de ele não estar na cozinha.

O de cabelos encaracolados e negros veio caminhando em sua direção, com uma caneta e uma caderneta nas mãos.

"O mesmo de todos os dias?" - O gerente perguntou a ele.

"Sim, por favor." - O impopular funcionário respondeu.

"É raridade ver funcionários de empresas distantes daqui vindo mesmo em dias como esse." - O gerente disse com a mesma expressão de sempre.

O loiro riu.

"Uma manhã sem café, significaria um péssimo dia de trabalho. Mesmo em dias de mal tempo, o café é necessário para um bom funcionamento da mente." - O loiro disse satisfeito com ar de confiança.

Ao se lembrar do ferimento na mão do homem, sua curiosidade fora atiçada.

"O que houve com sua mão?" - O loiro questionou, com seu olhar fixo na mão enfaixada do outro.

"Coloquei a mão na máquina de café por acidente e acabei me cortando." - O homem respondeu dando risadas de sua própria desgraça.

"Ficará por quando tempo sem cozinhar?" - O loiro perguntou preocupado.

"Cerca de um mês, por que a pergunta deveras curiosa?"

"Fico atordoado em saber que não será você quem irá preparar minhas xícaras de café."

O de cabelos encaracolados riu e se dirigiu a próxima mesa, para atender o outro cliente agoniado, com pressa para ir trabalhar. O tempo logo piorou, e os primeiros pingos de chuva começaram a precipitar.

O gerente da cafeteria veio até sua mesa novamente, com sua bela xícara de café em mãos.

"Agradecido... Senhor...?" - O loiro agradecia, tomou-se conta de que nem sabia o nome do gerente. Costumava sempre agradecer as belas moças que lhe traziam o café, as chamando pelo primeiro nome, entretanto, o nome do gerente ainda lhe era desconhecido.

"Sakusa." - O de cabelos encaracolados disse.

"Oh! Agradecido, Sakusa." - O loiro disse satisfeito.

Ah... Que bela decepção ao provar o café que lhe fora servido. Não era fino, e as marcas que foram combinadas, não eram coerentes ao seu paladar. Haviam cristais de açúcar no fundo, fazendo com que o amargo do café desaparece, e que o sabor ficasse cristalizado. O loiro soltou um mísero grunhido de desgosto.

Com cara fechada e insatisfeito, o loiro se levantou de onde estava sentado e se dirigiu a cozinha da cafeteria. Não havia pedido permissão para que pudesse entrar, mas também não havia pedido que lhe fosse servido café mal feito.

"Quem és?" - Um funcionário da cozinha perguntou ao ver o rosto desconhecido entrar em sua cozinha com tanta pressa.

O loiro não se deu ao trabalho de respondê-lo, apenas se dirigiu ao fogão, encheu uma chaleira de água e pôs para ferver. Pegou os cafés que iria utilizar e os separou nas medidas corretas. Pegou o açúcar e separou numa pequena colher de medida. Ao ver a água borbulhar, desligou o fogo.

"O que está fazendo aqui Dourado-kun?" - Sakusa perguntou, o chamando pelo apelido peculiar.

"Café." - O loiro respondeu simples, sem tirar seu olhar da bancada na qual trabalhava.

Sakusa cruzou os braços e riu, um sorriso não notável devido a máscara que cobria metade de seu rosto. O mesmo não tinha nenhum motivo em especial para usar máscara.

Minutos depois, o loiro serviu-se uma bela xícara de café, feita as pressas, porém com sabor excepcional, assim como café deve ser.

Sakusa surpreendentemente, serviu-se também.

Ambos tomaram a xícara, saboreando cada gole. O cheiro de café recém feito, subia as narinas de quem estivesse por perto, aroma quente que podia ser sentido.

Era a primeira vez que o loiro via Sakusa sem máscara. O mesmo possuía um rosto esteticamente belo e proporcional.

Ao tomar o último gole, Sakusa fechou brevemente seus olhos e suspirou, saboreando os últimos segundos em que o sabor ficaria em sua língua.

"Muito obrigado pelo café. Se é que te convém, poderia vir trabalhar aqui mais vezes?" Sakusa perguntou, se dirigindo ao loiro.

"Tenho trabalho às 8:30, é difícil para mim, focar em dois trabalhos." O loiro respondeu.

Sakusa riu de canto e colocou sua xícara na pia para ser lavada mais tarde.

"Pelo visto, terei que esperar para tomar uma xícara de café tão bem preparada como esta, Dourado-kun." - O de cabelos encaracolados disse, bem próximo ao rosto do loiro.

O loiro pôde sentir o aroma de café ainda presente na boca do outro, devido a distância que seus rostos estavam.

Ao lavar o que havia sujado, o loiro pagou a conta, e caminhou até a porta de saída, abriu seu guarda chuva, e se apressou para chegar no trabalho.

O homem apressado, ainda podia sentir a respiração e o aroma de café do outro.

O mesmo teria de tomar providências durante o mês, já que suas xícaras de café bem preparadas, teriam de esperar por mais um longo mês.

Dourado - SakuAtsu.Onde histórias criam vida. Descubra agora