VERMELHO - NOBRU

14 - RESSACA

Acordei com um peso de um prédio de 70 andares na minha cabeça, olhei ao redor do quarto pouco iluminado dando graças a Deus por ter lembrado de fechar as cortinas na noite passada, fechei meus olhos na intenção de voltar a dormir, mas a dor só se intensificou. A única escolha que me restou foi levantar meio que a contra gosto pra buscar um analgésico.

A casa parecia um cenário de qualquer filme pós apocalíptico, ou de faroeste, não tinha uma alma viva nos corredores da casa, apenas rastros de puro caos - eu juro que tinham marcas de pegadas no teto.

Após tomar o comprimido e me conhecendo muito bem sabia que não conseguiria voltar a dormir,  olhei meu celular e percebi que havia dormido muito menos que o necessário, mas ainda assim decidi preparar algo pra alimentar a frota de zumbis de ressaca que iriam acordar em questão de algumas horas. Continuei na minha missão culinária e deixei pra dormir mais tarde - isso já poderia entrar na minha cartilha celestial de boas ações.

- Caiu da cama mocinha? - a voz do Bak soou bem próxima me dando um baita susto.

- Que susto garoto! Você pode matar pessoas assim, sabia? - disse levando minha mão ao lado esquerdo do peito.

- Sendo assim, você deveria seguir seu próprio conselho, seu cabelo tá parecendo aqueles personagens de filme de terror - me zoou, e me apressei em tentar amenizar a situação passando as mãos por cima daquele monte de cabelos duro de cloro - Isso mesmo Catherine, arruma os cabelos em cima das panelas, tenho certeza que vai dar um tempero diferenciado - continuou a me zoar e eu lhe mostrei o dedo do meio, o fazendo rir em seguida - Mas o que é que tu faz acordada tão cedo, e ainda fazendo comida? Tu sabe que tem a possibilidade de ninguém além de nós dois acordar antes da janta, né?

- Acordei por causa de uma dor de cabeça infernal, até tentei ignorar e voltar a dormir, mas estava muito forte. Tive que descer pra tomar um remédio, e depois não consegui voltar a dormir - expliquei enquanto voltei a mexer a panela, onde o molho já começava em embolar - E tu? O que faz acordado, tão cedo?

- Desci apenas pra beber agua, ressaca é uma merda mesmo. Mas, já perdi o sono - disse soltando um bocejo logo em seguida, o que me fez rir - Deixa eu te ajudar ai, me diz o que posso fazer...

Separei alguns temperos e orientei pra ele ir cortando, resolvi fazer 2 travessas de lasanha afinal eram muitas bocas pra alimentar, e aproveitei o restante da carne moída pra preparar também um caldo de carne com ovos, que já ajudaria da ressaca de muitos ali - Gabriel também me ajudou com o arroz, já que eu reconhecia a dificuldade que era fazer comida em grandes porções, e o mesmo ainda preparou um saladinha. Quando finalizamos, ainda não havia uma alma viva acordada, então resolvi tomar um banho, aproveitando pra dar uma lavada naquela cabelo que se encontrava um verdadeiro ninho de passarinhos de tão duro e embolado.

Nem eu mesma sabia o quanto necessitava daquele banho, sai levemente renovada do banheiro, encontrando as minhas companheiras de equipe jogadas pelo meu quarto, era incrivel o nosso companheirismo. Era praticamente palpável a ressaca generalizada ali, pelas caras de zumbi de todas.

- Bom dia meninas! Já tem almoço pronto, e tem também um caldo de carne com ovos com um café bem forte para os casos mais graves - informei assim que sai do banheiro, ouvi alguns múrmuros incompreensíveis, mas sabia que as mesmas haviam entendido o recado.

Ao sair do cômodo notei a movimentação começando a se intensificar pela casa, ficando obvio o despertar de mais pessoas, e então agradeci por ter acordado antes, num momento onde a paz e o silencio ainda habitavam a casa, pois era visível que algumas pessoas acordaram sem sequela alguma e prontos pra outra (o que era o caso do Fac e da Babi), enquanto outros estavam visivelmente acabados.