Capítulo Dezenove

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Na terça-feira, faço o meu ritual diário de menina certinha assim que chego da escola no lavabo da entrada. Assim que saio do banheiro, vou para a cozinha. O lugar tem o típico cheiro temperado e quentinho que sempre tem quando minha mãe está cozinhando, só que minha mãe não está quando chego. As panelas estão fechadas sobre o fogão. Abro uma para dar uma espiada. O purê de batata está fumegando e parece apetitoso. Mas onde está minha mãe? Ela normalmente fica na cozinha me esperando.

A porta do corredor abre e fecha, e ouço passos se aproximando da cozinha.

Ah, claro, ela só foi ao banheiro. Nada demais.

Me viro para receber minha mãe com um sorriso. E ao invés disso, vejo Mason entrando na cozinha.

Meu rosto se anuvia na mesma hora.

- Olá - ele me cumprimenta com aquele sorrisinho irritante.

Cruzo os braços, sem lhe dar abertura.

- O que você está fazendo aqui? - não consigo deixar de perguntar, frustrada por estar olhando para a cara dele e não a da minha mãe.

- É um prazer te ver também - ele retruca, todo engraçadinho, se sentando no balcão do outro lado - por acaso estou proibido de entrar na cozinha?

- Claro que não - respondo ranzinza - mas não era pra você estar na faculdade? - estava muito feliz por saber que não teria que dar de cara com ele no almoço. Já é ruim o suficiente ter que aguentar ele no jantar.

- Mudei meu horário de aulas - ele esclarece, pegando uma maçã da cesta de frutas frescas que minha mãe deixa em cima do balcão - só vou estudar nas segundas, quartas e sextas.

Ah, que ótimo! Penso, torcendo o bico pra essa novidade.

Quer dizer então, que vou ter que voltar a aturar ele pelo menos dois dias a mais na semana? Que maravilha!

- Sabe onde está minha mãe? - pergunto de forma séria, apenas querendo uma informação, sem querer que ele pense que estou sendo amigável com ele.

Ele morde a maçã com gosto.

- Acho que ela disse que faltava um ingrediente importante pro almoço e foi no mercado comprar - ele fala de boca cheia.

- Hum... - resmungo.

Minha mãe é bem assim; quer que tudo seja perfeito e se faltar uma coisinha que seja, ela para tudo e vai comprar.

Quero perguntar há quanto tempo ela saiu. Dependendo, pode ser que ela demore muito ou pouco. Mamãe nunca vai no mercado comprar uma coisa e volta só com uma coisa. Ela sempre acaba lembrando de mais coisas que estão faltando, ou que não estejam faltando, mas é melhor já ter de estoque.

No entanto, não falo mais nada. Não quero que esse momento se prolongue mais que o necessário.

- Vou pro meu quarto até ela chegar - digo, apenas para não ser mal-educada. Com o queixo empinado, e a mochila nos ombros, subo as escadas da cozinha para o meu quarto.

No corredor acarpetado do andar de cima, ouço os passos pesados de Mason vindo atrás de mim. Torço para que eu esteja enganada e que ele não esteja mesmo vindo atrás de mim.

- Não entendo qual é a sua, Perrie - ele fala bem alto para que eu ouça, ao atingir o pico da escada.

Não tenho sorte.

Me viro para ele no meio do corredor.

- Do quê você está falando? - eu pergunto.

- Estou falando de você - ele se aproxima de mim - primeiro você diz que não quer mais nada comigo, mesmo depois que tivemos aquela trepada incrível no seu quarto. Então eu respeito isso, e te deixo em paz, já que é isso que você quer, e achei que as coisas pudessem ficar bem entre nós. Mas aí, quando eu fico com a sua amiga, você fica com raiva de mim e começa a me ignorar? Afinal, você quer ou não quer ficar comigo?

Hold Tight - Volume 2 | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora