Praia de areia branca

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O bote era arremessado e castigado pelas ondas violentas. Os três amigos se agarravam às cordas e lutavam como podiam, temendo sua morte a qualquer momento.

Na escuridão daquela noite, mal podiam vislumbrar as silhuetas uns dos outros. Com o barulho do mar, da chuva e dos trovões, era quase impossível se ouvirem, mesmo gritando.

[...]

Sasuke abriu os olhos aturdido. Por um instante, pensou estar em casa.

Então percebeu seus amigos, adormecidos e ensopados. Era manhã, notou pela posição do sol em um céu azul sem nuvens.

Forçou um pouco a memória. Em algum momento, na noite sinistra, a tempestade cessou. O mar permaneceu turbulento por um bom tempo. Quando suas forças se esgotaram, ele havia se permitido dormir. O mesmo aconteceu com os outros dois.

Sentou-se e cutucou ambos.

— Sakura! Naruto! Sobrevivemos!

Assustados, a moça e o rapaz despertaram. Olharam ao redor, tentando se localizar: apenas água, do vasto oceano que os envolvia.

— Graças a Kami-sama! — Sakura passou a mão pelos cabelos.

— Acho que uma hora dessas, já estaríamos na prisão — o loiro comentou aliviado.

— É — Sasuke concordou. — Não estamos presos, nem morremos. Ainda.

— O quê?! — os dois exclamaram juntos.

— Ora, seus dois idiotas! Olhem onde estamos. Vamos comer o quê? Nem sabemos se há terra firme por perto. Estamos fodidos!

Um silêncio desconfortável se fez presente entre eles. Todos pensando o pior.

Contra sua vontade, o Uchiha se lembrou da desagradável notícia sobre um tal baleeiro, um navio chamado Essex, e o terrível evento que se abateu sobre sua tripulação.

Mesmo não crendo em alguma divindade, o moreno implorou em pensamentos, pedindo que algum milagre os salvasse daquela situação.

— Poupem fôlego, por assim dizer. Se ficarmos parados, consumimos menos energia. Se dentro de cinco dias não avistamos alguma ilha, ou a costa do Japão, então... quem morrer primeiro, serve de alimento para os outros — Sakura falou de maneira séria. — Eu sei que está pensando nisso, Sasuke-kun.

— Credo, Sakura-chan! Não vamos morrer! — Naruto gritou.

— Temos uma chance de sobreviver, mas é bem pequena. Se acabar acontecendo o que Sakura disse, então temos que fazer o possível para viver.

— Isso é terrível e nojento. Espero morrer primeiro! — Naruto choramingou.

— Com sorte, morreremos todos juntos — o moreno falou desanimado.

Cerca de dois dias se passaram e eles continuavam à deriva. O sol lhes castigava, a sede era insuportável, a fome começava a deixá-los desesperados.

Deitados no bote de madeira, encaravam o céu azul como o mar, a paisagem que seria linda, caso não fosse tão monótona e significasse um trágico fim.

Sasuke fechou os olhos, pronto para desistir. Queria apenas morrer, e torcia para que seus amigos sobrevivessem. Sentia-se culpado, afinal, poderiam estar no Japão, trabalhando e vivendo como Itachi dissera. Era tudo culpa da mal sucedida tentativa de roubo ao banco.

"Maldição!", pensou aflito, sem forças para xingar, ou mesmo falar qualquer coisa. A boca seca, os lábios rachados, o corpo fraco, tudo isso lhe dava a certeza de que seria o primeiro a partir dessa vida.

Os deuses de Konoha - O paraíso perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora