Capítulo I

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Mina  Pov's

Hoje o vilarejo está lotado, o que agora, no auge do verão, é a última coisa que alguém desejaria. As poças de lama estão quentes com o calor do sol, não parece que são da chuva de ontem.

Com o vilarejo cheio deste jeito, não irão perceber uma ladra. Os aldeões estão preocupados com seu trabalho, movimentos ágeis com as mãos não irão ser perceptíveis. Algumas jóias não tanto valiosas no pulso de uma mulher, algumas notas no bolso de um homem, nada muito grandioso.

Sinto uma mão em meu ombro, vejo por cima do ombro e encontro um rosto familiar. Nayeon.

— Achei que iria me bater — Disse com um sorriso sacana no rosto, mostrando seus dentinhos de coelho.

— Não tenho motivos para isso. Pensei que estaria atrás de alguém que você pudesse extorquir o pouco de dinheiro que tem.

Começamos a caminhar lado a lado, mas em alguns momentos era difícil por causa da multidão. Logo um som estridente se faz presente no local, som alto o suficiente para estourar os tímpanos.

— Está vindo da arena, parece que vai haver uma luta.

— É, pelo visto vamos ter que assistir aquele show de exibições.

Eu não gosto de ver dois prateados exibindo seus poderes em uma luta onde não podem morrer porque sempre vão ter curandeiros prontos para o trabalho. Nós já não temos esse luxo, nem mesmo na guerra.

Quando percebo, já estou sendo arrastada pela multidão e por Nayeon que me puxa para que não me perda. Todos eles estão indo em direção a arena, onde provavelmente haverá uma luta entre prateados.
Os vermelhos não participam das lutas, eles dizem que nós somos fracos para isso.

— Mina! Preciso que acorde, não irei te carregar pelo resto do percurso. — Diz Nayeon puxando um pouco meus braço.

Quando me dou conta, já estou na entrada da arena. Agora é mais fácil de caminhar, já não está tão amultuado. Depois de subir algumas escadas, chegamos nas arquibancadas, onde da a visão para um campo com uma areia branca e fina.

— Você irá apostar? — Nayeon diz empolgada com aquilo, eu apenas reviro os olhos.

— Você sabe que eu odeio essas lutas. Achei que já tinha se acostumado.

O pai de Nayeon foi para a guerra, assim como o meu. O pai dela nunca voltou, o meu sim. Eu conheci Nayeon de um jeito inusitado, eu estava andando pelo vilarejo e avistei um aldeão vendendo algumas maçãs.

Eu decidi pegar uma, com um movimento rápido, peguei facilmente. Mas acabei batendo nas costas da garota. Acho que tínhamos treze anos na época.

Nayeon é uma garota que gosta de arrumar uma confusão. Então acabamos discutindo alí mesmo, oque causou em chamar muita atenção. O homem que vendia as maçãs viu que eu havia furtado uma, oque causou em uma longa corrida até uma certa distância do vilarejo. E foi nessa corrida junto com a discussão que conheci a mais velha.

Ela é ajudante de uma feirante, assim é o único jeito de ela não ir à guerra. Ela ajuda uma senhora que vende algumas verduras e frutas. Somente para não ter que ir para as trincheiras e ter o mesmo final do pai.

Na arena, os agentes de segurança estão por toda parte; os uniformes preto e prata destacam-se na multidão. Estão ansiosos para assistir aos eventos. Eles portam armas pequenas, mesmo sem precisarem, afinal, são prateados. E prateados não têm nada a temer de nós, vermelhos. Todos sabem.

Não somos iguais, se bem que dá para perceber só de olhar. Os prateados andam eretos, já os vermelhos, tem as costas curvadas pelo trabalho, pela esperança frustrada e pela inevitável desilusão com nosso fardo na vida.

O calor da arena descoberta é o mesmo que do lado de fora. Não temos assentos acolchoados, apenas grandes bancos de concreto. Poucos nobres prateados desfrutam de camarotes frescos e confortáveis na parte superior. Eles tem o luxo de ter disponíveis alguns criados que lhe dão bebidas, comida, gelo — mesmo no auge do verão —, cadeiras estofadas, luz elétrica e outras comodidades que jamais teremos.

— Aposto o meu salário que terá um forçardor — Nayeon diz ao meu lado, mordendo sua maçã que não sei como foi parar em sua mão.

— Sem apostas — Disparo.

Alguns vermelhos apostam para receber um pouquinho mais de dinheiro para atravessar mais uma semana. Eu não aposto nem com Nayeon, é mais fácil surrupiar o bolso do corretor de apostas do que ganhar algum dinheiro jogando.

— Você não deveria desperdiçar dinheiro apostando nessas lutas.

— As vezes, não é desperdício quando se tem razão. Sempre haverá um forçardor espancando alguém.

Os forçadores geralmente participam de metade das lutas. Eles tem uma força que os tornam talentosos, e sua técnica os fazem mais aptos para esse tipo de coisa, diferente de alguns prateados. Parece que para eles, é prazerosos usar sua força sobre-humana para arremessar outros campeões.

— E o outro? — pergunto, pensando nos outros tipos de prateados que podem aparecer. Telecs, lépidos, ninfoides, verdes, pétreos: todos uma dureza de ver.

— Não sei direito. Tomara que seja legal. Não estou com paciência para ver um jogo sem nenhuma emoção.

Nayeon e eu não vemos essas disputas com os mesmos olhos. Para mim, é perca de tempo ver duas pessoas se batendo na frente de uma platéia, mas Nayeon adora. "Deixe que eles se destruam", "Não deve se importar, não são como nós."





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