Capítulo 4

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Jennie

Nós estávamos tendo um almoço realmente muito agradável. Lalisa é o tipo de pessoa que não deixa nunca o clima ficar monótono ou a conversa perder o interesse. Os assuntos eram os mais variados e aquilo muito me agradava. Por mais que ela insistisse em saber mais sobre mim, minhas respostas eram, a maioria das vezes curtas e rápidas, talvez eu ainda estivesse chateada com o que aconteceu em sua casa, então não me sentia na obrigação de falar muito mais do que o necessário.

— Como surgiu o interesse? — ela me olhou de cenho franzido por baixo daquela franja que realmente precisava ser aparada. — A cozinha. Como surgiu o interesse de ser cozinheira como seu pai? — tratei de explicar e refazer a pergunta.

— Ah! Isso... — ela riu divertida. — Bom, eu já disse que cresci vendo o velho cozinhar, ajudando a lavar louças no restaurante quando ainda era em Santa Mônica, mas, vou te contar um segredo agora. — o sorriso se tornou travesso e os olhos da Manoban denunciavam perfeitamente sua jovialidade neste momento.

— Prometo guardar segredo. — falei entrando em sua brincadeira, o que fez Lalisa se aproximar, por a palma da mão esquerda em forma de concha, em frente aos seus lábios, como se realmente fosse contar um segredo apenas para mim e disse.

— Eu queria impressionar uma garota.

Foi impossível não gargalhar até ficar sem ar e ser acompanhada pela garota sentada ao meu lado, na mesa improvisada no deque. De todas as coisas possíveis, eu não esperava por algo do tipo. Tudo bem que ela é atirada e já se provou bastante experiente, se é que me entende. Mas a ideia dela ter realmente começado a cozinhar apenas para impressionar uma garota foi demais até pra mim.

— Ei, qual é! Não zombe dos meus motivos. Era a minha primeira paixão, poxa. — contestou fingindo estar emburrada assim que seus risos cessaram.

— Isso é sério? — perguntei estando um pouco mais calma.

— Muito sério. Primeiro tentei aprender sozinha e quase coloquei fogo em casa milhares de vezes, até realmente começar a ter aulas diretamente com meu pai. Foi assim que, uma noite, chamei a garota para ir até o restaurante comigo e, bom, os pratos que ela degustou aquele dia, foram todos feitos por mim.

— Own. Isso foi meigo e fofo.

— Eu sei. Mas levei um fora logo depois do jantar e nunca mais nos vimos.

— Por quê? Ela não gostava de você da mesma forma?

— Ah não, por que a comida estava ruim.

Puta que pariu!

Meu corpo começou convulsionando devagar, mas ao que me entreguei as risadas, com o tanto que ria, eu já estava quase caindo da cadeira. A garota de pele dourada me presenteava com o seu sorriso de canto enquanto apenas balançava a cabeça. Dessa vez, como a péssima atriz que era, Lalisa fingia estar desolada com a recordação do fatídico dia em que sua primeira paixão a deu um fora.

— Mas como eu sempre vejo o lado bom da coisa, a partir daquele momento, o meu amor foi transferido. Desde então, cozinhar tem sido o que faço de melhor na vida. — voltou a falar assim que enfim me recuperei da crise de risos, buscando minha taça com água e atenta a ela outra vez.

— Você é sempre muito positiva. Como consegue?

— Oras, Jennie. Quem complica a vida somos nós, então quando deixamos de encontrar desculpas, tudo se torna mais simples. — piscou e levantou da cadeira, recolhendo seus talheres e pratos, agora vazios, que trouxera com o que havia preparado para nós mais cedo.

Malibu, A Way Of Life  | JENLISAOnde histórias criam vida. Descubra agora