Mirrors

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'Cause I don't wanna lose you now
I'm lookin' right at the other half of me
The vacancy that sat in my heart
Is a space that now you hold
Show me how to fight for now
And I'll tell you, baby, it was easy
Comin' back into you once I figured it out
You were right here all along, oh

O fim de semana passou demorado e triste para Pierre e Charles. Quando estavam juntos, o tempo sempre passava rápido demais para se aproveitar. Muitas coisas para fazer e aproveitar e apenas 24 horas no dia.

Agora, sem a presença um do outro, o sábado e domingo pareciam nublados demais para sair da cama e fazer qualquer coisa que não fosse relembrar.

Relembrar deles juntos. Relembrar da sexta feira a noite, de Pierre encolhido no sofá, de Charles agindo como se trair fosse uma situação cotidiana, de Pierre o mandando ir embora após dizer que não duvidava de seu amor. Da porta fechando e nada além de saudade e vontade de voltar no tempo e fazer tudo diferente.

Foram lembranças e sentimentos que os consumiram durante a semana toda, até o sábado, quando seria o casamento de Antonella e Sofia. Mesmo com o trabalho, eles não conseguiram distrair suas mentes. E, obviamente, era difícil demais encarar seus chefes sabendo o que estava acontecendo. Lewis e Sebastian logo perceberam que havia algo muito errado, e os deixaram quietos, apenas demonstrando que se os assistentes precisassem, eles estariam ali. E isso só fazia a culpa em Charles e Pierre aumentar mais e mais.

Então eles voltavam para seus apartamentos assim que podiam. Como se a culpa, de alguma forma, fosse ficar no trabalho.

Pierre estava acostumado, tecnicamente, com a solidão. Ele já havia conhecido aquele apartamento vazio, o sentimento de esperar o celular apitar e não receber nada, de esperar a visita de alguém que nunca viria.

O problema é que agora que ele já havia conhecido aquele mesmo apartamento cheio da presença de Charles, o celular apitando com coisas bobas que o fazia dar risada enviadas por Charles e chegar em casa e encontrar o monegasco já esparramado no sofá como se fosse sua casa.

E era, Pierre pensava assim. Era a casa de Charles também. E de tanto ser a casa dele por alguns momentos, ela ficou impregnada de Charles. O cheiro, as roupas esquecidas e o que doía mais, que eram as memórias.

E Charles não estava numa situação tão diferente. Ele não subia para o terraço havia algum tempo. Era a coisa deles. Subir para observar as estrelas sem Pierre parecia errado. A maldita camiseta que o francês havia usado quando dormira pela primeira vez com Charles agora estava jogada no fundo do armário, porque olhar para ela e lembrar daquele dia era lidar com muitos sentimentos que Charles ao menos conseguia explicar.

E finalmente, após uma semana horrível, o dia do casamento chegou.

A comemoração seria numa cidade vizinha, então ambos acordaram cedo. Se arrumaram e apesar de odiarem usar terno, colocaram. E aí vinha a pior parte. Iriam no mesmo carro, porque a própria Antonella, que ainda não sabia de nada, havia enviado alguém para pegá-los.

Pierre entrou no carro em silêncio e ficou assim pelo resto do percurso. Charles também, evitando até mesmo olhar para o outro. O que foi extremamente difícil, porque Pierre estava perfeito e a única coisa que ele queria era poder chegar no casamento o apresentando como seu namorado. Perdidos em pensamentos, o caminho para a festa foi rápido e logo chegaram. Desceram do carro e agradeceram ao motorista, que logo acelerou e os deixou ali, parados em frente a um tipo de parque, um arco enfeitado de flores à frente.

O Plano (im)perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora