Stay Safe│Duologia Stay #2 [HIATUS]

9.

Meus dedos doíam de tanto digitar. Mas isso não impedia que minha conversa com Anna terminasse, estávamos trocando mensagens há horas e mesmo assim o assunto não parecia ter fim. Não precisava me desgastar a ponto de precisar fingir ser quem eu não sou ou me privar das minhas vontades para agradá-la, era muito mais fácil. Muito mais leve do que era com... Bethany.

Estremeci ao me lembrar da menina. Há alguns meses ela permanecia em minha mente e em meus pensamentos de maneira tão frequente que pra mim era comum sentir sua falta. Mas agora, aos poucos, sua presença imaginária se fazia rara, e uma parte de mim se sentia culpada por isso. Mesmo sabendo que eu precisava seguir em frente.

Anna: Você vai gostar sim, as comidas holandesas são as melhores! E também eu sei que você não é um cara que come um pouco e depois joga fora.

Senti o aparelho em minhas mãos vibrar e percebi que o motivo era a nova mensagem de Anna. Os cantos dos meus lábios se erguerem. Aquela menina...

Eu: Claro que não, eu faço o trabalho completo.

Anna: Sinto saudades de assistir você trabalhando inclusive, chega a ser... inspirador :)

Meus dedos congelaram por um instante, cogitando uma resposta a altura. Soltei uma risada em seguida ao perceber as reações que Anna causava em mim. Eu parecia ter 15 anos de novo.

Anna: Babe, a Sophie tá aí?

Eu: No quarto dela, acho.

Anna: Estranho

Anna: Ela não me atende.

Eu: Deve ter ido dormir.

Anna: Será?

Eu: Vou ver, espera aí.

Saí do meu quarto com o celular em mãos e fui em direção ao de Sophie, conferindo antes com o olhar o andar de baixo que se encontrava totalmente escuro. Minha mãe deveria ter saído com Peter. Com meu pai. Ainda era estranho, mesmo depois desses meses, avistá-lo frequentando nossa casa, saindo com a minha mãe, como se estivéssemos normais novamente. Uma família normal.

Não éramos.

Bati duas vezes na porta de madeira avermelhada do quarto de Sophie.

― Abre aí, Anna quer falar com você.

Revirei os olhos ao perceber que ela me ignorava e tentei outra vez.

― Isla ― cantarolei seu nome do meio e aguardei por algum xingamento da garota. Mas o desconfortável silêncio permaneceu enquanto eu teimosamente batia na madeira a minha frente por mais alguns segundos.