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Penitenciária de Wedbury

05h38 p.m


    Me revirei no colchão duro, sem conseguir pregar os olhos. Aquilo era uma merda. Sempre que encarava meus pés descalços sobre o piso de granito cinza e preto minha ficha caía mais. Eu realmente estava no inferno.

Lavei o rosto na pia pequena e velha da cela minúscula que dividia com outro prisioneiro. Miles. Ele dormia na cama debaixo do beliche gasto e fedorento. Mirei para o colchão onde Miles remexia o corpo e a boca. Ele tinha o costume de murmurar algumas frases sem sentido e andar pela cela enquanto estava dormindo. Descobri isso da maneira mais estranha possível. Ele acordou no meio da noite gritando em meu ouvido que estava com uma bomba dentro de suas calças.

Isso alertou os guardas, que pensaram que seus devaneios eram reais. Depois de revistarem todas as celas no nosso Bloco, confirmaram que era um alarme falso. Miles passou três dias na solitária por punição. Quando voltou pra cela eu me assustei com seu estado. Ele não comera direito naqueles dias. Era como se sua alma fosse sugada pra fora do corpo. Ele demorou pra se recuperar por completo. Às vezes me pergunto se alguém realmente se recupera disso tudo. Quem não sai morto, sai com sequelas muito profundas. Não físicas.

Eu estava lá por pouco tempo e já notara o quão aterrorizante poderia ser.

― Rivera. Tem visita ― Ouvi do outro lado da cela o guarda Jeffords grunhir. Sacudi a cabeça, tentando secar meu rosto recém lavado e me aproximei do guarda. Jeffords me empurrou para fora do Bloco C, passando pelos corredores cinzentos e quase sem luz, até a sala restrita de visitas.

Esperei ver Sebastian, Keiran... ou até mesmo Andrew. Talvez ele tivesse tomado coragem de vir.

Mas meus olhos repousaram primeiro no terno preto e impecável do ser mais repugnante que eu tive o desprazer de conhecer. E de reconhecer como pai.

Me debati, querendo voltar pra cela. ― Eu não quero falar com ele. Me solta!

Jeffords me segurou firme, impedindo-me de sair dali, a não ser que adquirisse uma força sobrenatural pra derrubar seu corpo de dois metros e mais de cem quilos de músculos.

Hesitei antes de caminhar até a cadeira. O enjoo subiu por minha garganta. Respirei fundo e reprimi todos os xingamentos que gritavam em meu peito.

Javier sorriu, mostrando os dentes brancos.

Mi hijo, parece que esquece que eles trabalham pra mim. ― indicou pra Jeffords, que parecia uma estátua, o olhar vazio mirava para frente.

― Não me chame assim. Não é meu pai. ― resmunguei com a cabeça baixa.

― Carter, achei que tivesse passado da fase adolescente revoltado. Encare os fatos, somos uma família.

Stay Safe│Duologia Stay #2 [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora