6.

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                   Eu precisava de um banho.

                   Prendi melhor meu rabo de cavalo e limpei o suor da testa com as costas da mão. Meus braços estavam exaustos e a luva vermelha de boxe parecia pesar uma tonelada. Desatei ela dos pulsos e as deixei penduradas próximo ao meu armário. O ginásio tinha apenas algumas pessoas, do outro lado conseguia enxergar Sebastian treinar num saco de pancadas e lançar olhares em minha direção de vez em quando. Não me dei o trabalho de encará-lo em resposta.

— Tem um minuto?

E falando no Diabo, de repente ele estava ali, na minha frente. Seu peitoral definido estava exposto e suado, para desviar a atenção dali precisei de mais esforço do que eu gostaria. O garoto tirou as luvas pretas e aguardou minha resposta me espiando de soslaio.

— Sebastian, eu tenho que ir pra casa.

— Só queria esclarecer as coisas. A gente não conversou desde aquele dia.

Cruzei os braços, mordendo internamente a bochecha para reprimir uma exclamação exagerada.

— A gente nunca conversa, Sebastian. Isso aqui — Apontei para ele e depois para mim. — Nunca foi mais que sexo. É simples.

Ele franziu a testa, mas não negou. Logo pigarreou um pouco desconfortável.

— O que tá querendo dizer, então?

Dei de ombros permanecendo com a mesma pose defensiva. — Você é quem queria conversar comigo.

Seus ombros subiram e desceram com o fôlego acelerado ainda por conta do treino.

— Eu não podia te falar sobre o Carter. ― Olhou para os lados, tornando a voz mais baixa ― Ele é meu amigo, foi pedido sigilo quanto a situação, até que veio tudo à tona nos jornais por algum motivo. Mas até onde a gente sabia era tudo confidencial.

Cocei a testa, fechando os olhos por alguns segundos ― os quais desejei que fossem horas ― e o encarei de volta, em silêncio. Queria poder soterrar aquele assunto, juntamente com Carter, bem fundo a ponto de não conseguir mais desenterrar. Mas sabia que não seria possível, não tão perto do julgamento.

— A gente não queria esconder isso, principalmente de você.

— Tudo bem. Agradeço por me falar.

Ele assentiu e lançou-me um meio sorriso, não retribuí. Antes de se afastar, Sebastian se aproximou lentamente e encostou de leve os lábios. Como uma despedida.

Era o nosso último beijo.

Vinte minutos depois eu já estava na maior sala da clínica médica de Croyham. Não avistei nenhum dos outros jovens que participavam comigo, o cômodo parecia vazio. Mandei uma mensagem rápida para Alex, perguntando onde ele estava.

Ouvi o ranger da porta atrás de mim e Edgar andava distraído, encarando alguns papéis em mãos e coçando a barba mal feita com a ponta dos dedos, assim que seu olhar se voltara para mim um sorriso iluminou seu rosto.

— Sophie, que surpresa boa! Está tudo bem?

— Hum. — Olhei em volta e tentei esboçar um sorriso. — Cadê todo mundo?

Sua testa se franziu por uma fração de segundo, porém pude notar.

— Hoje não temos sessão. Eu avisei ontem.

Senti minhas bochechas corarem. Eu não fazia ideia que não tinha nada marcado para aquele dia. Estávamos na quarta-feira?

— Ah. Ah! Ok, eu não devo ter escutado. ― Gesticulei com a mão, como se não fosse nada.

Stay Safe│Duologia Stay #2 [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora