prólogo.

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1 ano atrás

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1 ano atrás.

Wedbury — 11h34 a.m.

Georgina caminhava apressada em direção a rua sem saída e mantinha as mãos sobre a cabeça, numa falha tentativa de se proteger da garoa que engrossava a cada segundo que seguia. Não sabia distinguir se seu rosto estava molhado por conta da chuva ou das lágrimas que já não lutava em segurar. Havia acabado de sair do prédio sede do Hospital Geral de Wedbury, fora chamada pelo médico legista responsável em analisar o corpo de seu único e recém falecido filho: Carl Wright. A autópsia constava a causa de sua morte e era o que eles já esperavam. Carl teria ido até a casa dos pais para surpreendê-los com a sua visita e se escondido no quarto do andar de cima, após alguns segundos sofrera uma convulsão, o levando a óbito. 

Gina entrou em seu carro estacionado na esquina da rua deserta e fechou a porta, impendido que a água continuasse a encharcá-la. Jogou a pasta carimbada com o símbolo do Hospital no banco do passageiro e a encarou antes de pegá-la novamente. Ao ler a mesma frase pela vigésima vez, os olhos tornaram-se a marejar.

"O evento responsável pela morte do paciente foi um episódio de convulsão devido ao tumor cerebral detectado há 3 meses (glioblastoma multiforme), aspectos representativos do tumor no cérebro do paciente são apresentados nas imagens a seguir (...)"

Após ler isso a pasta foi fechada com mais força que o necessário. A mulher sentada no carro desligado sentia seu peito se apertar e o vazio que se alastrou após perder o filho não parecia estar perto de sumir. Não tão cedo.

Fazia uma semana que os pais do garoto o acharam sem vida em seu quarto, e a imagem traumática permanecia na mente deles, da menina Anna e da melhor amiga Sophie. A cidade ficara comovida com os acontecimentos. Lugar que era residido pela pacatez e pelo frio, se chocou com o assassinato da aluna da maior escola local e logo em seguida da morte do filho de um dos casais mais queridos da região. Georgina e Harry receberam muitas mensagens de consolo e flores dos mais variados tipos, tanto na sacada de sua casa quanto no túmulo do filho, que agora estava repleto de mensagens e velas apagadas por conta do vento e chuva recorrente.

O marido de Gina não estava com ela em Wedbury, o casal estava abalado demais sequer para conversarem. Tanto que a mulher decidiu sair sem ao menos avisá-lo naquela manhã, estava transtornada demais ainda.

Horas depois, há alguns quilômetros de distância dali, numa cidade próxima, um cigarro acabara de ser aceso. O dono dele inalou a fumaça e, depois de dias sem ter contato com a nicotina, seu corpo pareceu agradecer pela quebra da abstinência. Ele soltou a fumaça pela boca, sem pressa, enquanto o fogo da lareira de sua nova sala de estar reluzia em suas íris negras. O cômodo estava aquecido e demasiado aconchegante, mas mesmo assim ele parecia sentir-se extremamente desconfortável. A imagem da garota na sua antiga casa em torno de seus braços, em sua cama, murmurando seu nome na noite em que os dois fundiram mais que carnalmente, mas também com as almas; não saía de sua cabeça desde o dia que partira. 

Stay Safe│Duologia Stay #2 [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora