Solange: Lua, como que você tá?? Não esperava te encontrar ontem. Você não parecia bem... Quer conversar? Pode ser sobre qualquer coisa, prometo ajudar como puder. Dizer para você lidar com tudo sozinha não foi legal da minha parte, então pode contar comigo agora. Se quiser, claro.
Mensagem lida. Sem resposta.
Solange se sentia mal por não poder ajudar Luana. Independentemente do que tivesse acontecido, ela queria ver a Luana bem sempre. Vê-la triste partiu seu coração e ela queria poder fazer alguma coisa. Mas ela não podia forçar. Se Luana não queria responder, não tinha nada que ela pudesse fazer. Ela só esperava não perder a proximidade que elas tinham construído nos últimos meses.
Luana leu a mensagem, mas não sabia responder. Estava refletindo sobre si mesma mais do que nunca. Ela tinha certeza que se sentia atraída por homens. Os namoros que teve antes foram todos reais, ela amou todos eles pelo tempo que o relacionamento durou. Mas agora se questionava. Ela também se sentia atraída por mulheres? Ou, pelo menos, por Solange? Tudo que ela viveu nos últimos tempos parecia indicar por este caminho.
Sim, ela amava Solange. Mais do que como amiga. Não tinha como negar. Os sentimentos que tinha por ela eram diferentes dos que sentiu por qualquer outro amigo ou amiga que já teve. Mas será que era tão novidade para ela assim? Ela buscava em si mesma sinais que ajudassem a chegar em alguma conclusão. Lembrou da história de Solange, sobre a sua própria descoberta, sobre os sinais que estavam lá desde sempre.
Percebeu que, em filmes românticos, tinha uma queda pelos homens bonitos e românticos, mas muitas vezes a mocinha batalhadora chamava mais a sua atenção. Lembrou da aluna mais velha da sua antiga escola que ela sempre achou bonita e admirava sua confiança a ponto do seu coração bater mais forte quando ela passava. Não era um simples deslumbre por essas pessoas e personagens fictícias. Era uma paixonite legítima que ela não tinha percebido porque jamais tinha pensado nessa possibilidade antes.
Solange viveu assim até que uma pessoa em particular a fez abrir os olhos para seus sentimentos. Luana se deu conta que estava passando pela mesma coisa. Solange foi a pessoa que Luana precisava para se dar conta disso. Mas, ao contrário da loira, ela não precisava sair com o coração partido. Ao menos não sem tentar.
Só que tentar significa poder ser rejeitada. Ela tinha a impressão que Solange talvez gostasse dela da mesma forma, afinal, não podia esquecer de como se conheceram, mas não tinha garantia. Toda essa história e seus próprios sentimentos podiam acabar com a amizade de uma vez, e isso ela não queria. Ela precisaria ter coragem e a certeza de que era o que queria antes de seguir por este caminho.
Luana não podia fazer isso sozinha. Ela precisava contar com alguém.
Bianca estava aproveitando o dia de folga do trabalho para pôr a leitura em dia no máximo do conforto com o cabelo preso em um coque e sentada no sofá com os pés para cima dele. Luana saiu do quarto e foi em direção à tia, insegura se deveria contar a ela ou não. Sua tia se mostrou muito aberta e compreensível até então, mas Luana não era o tipo que se abria sobre suas aflições tão facilmente, principalmente para familiares. Mas era o melhor que ela tinha naquele momento. Ela respirou fundo e entrou na sala.
一 Tia, posso conversar com você? 一 Luana falou, séria 一 Mas tem que ficar entre nós, não quero que conte para os meus pais ou mais ninguém.
Bianca olhou para Luana e viu a preocupação no olhar da sobrinha. Ela percebeu que não se tratava de uma conversa trivial. Ela fechou o livro, tirou os óculos de leitura e retirou os pés do sofá.
一 Claro, pode falar, vai ficar entre a gente 一 Bianca disse e deu uma batidinha de leve no sofá, sinalizando para que Luana se sentasse ao lado dela.
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Sol e Lua [CONCLUÍDO]
RomanceDizem que os opostos se atraem. Mas quando os opostos se aproximam demais, o resultado é a colisão. Uma colisão que deixa marcas e é capaz de mudar os dois lados para sempre. Quando a extrovertida e confiante Solange se interessa pela introvertida...