Capítulo 1

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   一 Desculpa, colega, mas não vai rolar 一 Solange disse quase gritando para ser ouvida no meio ao barulho da boate.

   Ela olhou desinteressada para o rapaz à sua frente. Não era a primeira vez que ela lidava com atenção indesejada. Uma mulher jovem em seus 18 anos, com seios avantajados e um cabelo loiro e comprido que servia como moldura para o rosto levemente bronzeado e devidamente maquiado para ressaltar suas feições atraía olhares de muitos. Ela não se incomodava de ser o centro das atenções. Até gostava disso. O problema é que o principal público que chegava até ela era bem diferente do que ela realmente almejava.

  一 Rolar? Eu só vi duas belas moças e resolvi me divertir dançando com vocês, não tem nada demais nisso 一 ele respondeu com um sorriso em uma tentativa de se passar por inocente.

   Seu olhar que recaía constantemente sobre os lábios de seios da Solange diziam o contrário. E ela não era boba de cair em papo furado.

  一 Sei. Vamos simplificar. Se quiser só ficar por aqui, tudo bem. Mas saiba que o que você procura, não vai encontrar aqui. Meus interesses são outros.

   一 Hoje é festa dos solteiros, que outro interesse você teria aqui? 一 ele questionou.

   一 Não se engane, quero beijar umas bocas aqui sim, só não a sua 一 ela respondeu ciente de onde a conversa iria chegar. Não é a primeira vez que ela passava por isso naquela ou em outras noites. Também acreditava que não seria a última vez.

   一 Ah é? Tá procurando um deus grego por acaso? Só pega se for do mesmo patamar que você? 一 ele perguntou, um pouco irritado.

   一 Não. Mas uma deusa grega não seria ruim 一 replicou com um sorriso jocoso.

   O rapaz olhou confuso para Solange.

   Solange revirou os olhos e se virou para sua amiga Patrícia que estava ao seu lado, pegou o seu rosto com as duas mãos e deu um rápido selinho nela. Quando voltou a olhar para o rapaz, ela encontrou um rosto que mostrou um segundo de espanto antes de mudar para uma expressão de irritação.

   一 Que desperdício 一 ele bufou frustrado, deu meia volta e foi embora.

   "Desperdício do meu tempo, isso sim. Típico.", Solange pensou.

   一 Você me deve mais uma bebida 一 Patrícia disse no ouvido da amiga assim que o rapaz saiu.

   一 Trato é trato 一 ela respondeu rindo enquanto segurava o braço da amiga e a levava até o bar da boate. Lá, ela comprou duas bebidas, uma para cada.

   Solange já estava mais do que acostumada a lidar com aproximações masculinas, principalmente em festas como essas. Por causa disso, ela desenvolveu diversas técnicas divertidas para afastá-los. Dizer que tem namorado ou se fazer de enjoada e prestes a vomitar eram algumas delas. Ser direta e explicar o motivo do desinteresse dela, como fez a pouco, era outra. Em algumas ocasiões ela usava a amiga para uma demonstração mais direta para os incrédulos.

   Ao contrário de Solange, Patrícia não tinha interesse em mulheres. Mas ela se divertia com as furadas que a amiga acabava nesses eventos, então concordou em fazer esse papel demonstrativo para Solange. Claro, com um preço. O acordo era: um selinho na Patrícia para afastar macho significa uma bebida por conta da Solange. Os termos satisfaziam os dois lados e sempre geravam histórias divertidas entre elas por dias.

   一 Miga, te amo, mas você sabe que não desse jeito, né? Nessas férias você abusou tanto dos meus pobres lábios que tô começando a achar que tem algum motivo por trás 一 Patrícia provocou a amiga e deu um gole na bebida. Em troca, Solange deu uma leve cotovelada no braço de Patrícia.

Sol e Lua [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora