Chapter 1 - O Homem De Olhos Azuis

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Arrepio os pelos dos braços com o vento gélido, estou sem meu blazer. Meus pés estão suspensos, mas as pontas dos dedos tocam diretamente o chão úmido, sinto os pulsos latejarem pela fricção da pele com a provável corda que está os atando atrás das costas. Abro os olhos e a visão turva começa a criar formas e cores mais definidas. Mais distante, ao fundo, vejo um homem me encarando, parece alto é bem musculoso, tenho a impressão que vou levar uma bela surra a qualquer suspiro errado que soltar.

Observo meu redor e reconheço o galpão de uma antiga empresa que faliu na minha cidade.

— Já acordou? – Soa baixo pela distância.

Não consigo ver seu rosto, permaneço em silêncio.

— PERGUNTEI SE ACORDOU CARALHO! – Agora foi mais alto que necessário.

Pulei sentado na cadeira em que estava preso e respondi o mais calmo que pude.

— S-sim. – Começa a se aproximar com as mãos nos bolsos da bermuda.

Assim que fica a poucos centímetros de mim, para na minha frente, retira as mãos dos bolsos e as apoia nos joelhos, se me pedissem poderia desenhar perfeitamente cada traço de seu rosto de tão próximos que estamos. É loiro, mas as laterais raspadas de seu cabelo expõe a raiz castanha, suas sobrancelhas são grossas, porém curtas, o olhar caído e vago... diria que é um pouco sexy.

Sorriu tão inocente quanto sarcástico para minha resposta claramente nervosa.

— Não se preocupe, Shoyo-kun. Só imaginava que dormiria por mais tempo. Você só precisa esperar um pouco e poderá ir embora, tudo bem?

Aceno com a cabeça em concordância e permaneci o encarando, pelo jeito até demais, considerando sua fala.

— Me achou bonito, baixinho? Pode admirar mais se quiser... – Eleva meu queixo com seu indicador. Sem nenhuma sombra de dúvidas, ele adora se sentir superior. – O que acha de ficar me olhando enquanto brincamos com o corpo um do outro? Hum? – Um sorriso tão malicioso que chega a ser desconfortável.

Não controlo o rubor que tomou minhas bochechas, sinto vontade de cuspir em sua cara bonitinha, mas como comentei antes, imagino que serei severamente castigado por aqueles braços largos. Simples e friamente viro o rosto para o lado. Ele, com as mãos nos joelhos, impulsiona o corpo para cima, ficando de pé.

— É uma pena. – Fecha a cara novamente e suspira.

Volta a caminhar para a porta que estava parado ao lado antes, faz uma breve pausa parando em frente dela, a abriu deixando o sol entrar naquele ambiente frio e escuro, a luz lá fora era tão forte que chegava a ser opaca.

— Já está consciente, então vou chamá-lo. – disse e saiu, fechando a porta em seguida.

A brisa gélida que entrava pelas altas janelas do galpão se destacaram assim que não tive mais nada para prestar atenção, senão elas.

Estranho quando vejo meus pertences jogados em uma mesa qualquer.

Alguns passos ritmados e firmes começam a ficar mais altos e levo minha atenção a única porta a vista, os passos cessam assim que o baque da porta contra a parede ecoa pelo galpão e uma silhueta alta aparece fazendo contraste com a luz cegante, adentra o local.

I'm not scared - KagehinaOnde histórias criam vida. Descubra agora