I'm not scared - Kagehina

Chapter 9 - Encontros

Boa leitura <3

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Hoje faz uma semana sem nenhuma ligação de Tobio, decidi não chama-lo também, nossas últimas mensagens trocadas foram dele perguntando se cheguei bem em casa e as minhas confirmando. Esse espaço entre nós se tornou natural, no fim sempre há uma necessidade mútua de nos vermos pelo menos uma vez a cada 15 dias, e está tudo bem.

Dezembro está cada vez mais perto, logo alguns lugares irão fechar, estou indo até a SpaceCoffe antes que isso aconteça, dessa vez procurei a biblioteca na internet e sei o caminho. Infelizmente, no site, eles não dizem até que data ela permanecerá aberta.

Desde que decidi vir aqui hoje, mesmo que tenha sido apenas ontem a noite, o tempo todo eu sabia que seria assim, eu já sabia, mesmo assim me sufoca... minha mente não para, tudo que penso volta ao mesmo lugar que começou, qualquer pensamento pode ser motivo de perturbação, estou impossibilitado de me distrair das minhas preocupações.

Eu iria vir aqui com Tobio, mas é claro que essa não a coisa que está martelando minha cabeça, é a razão pela qual não viemos. É a forma como nós nos conhecemos e a maneira que conversamos aquele dia. Foi tudo tão provocante e sugestivo. Não tinha ideia de que seria como é hoje.

Não passou em minha mente que um homem, que havia sido tão intimidador comigo, poderia ser tão amoroso e cuidadoso em relação a alguém, tudo da sua própria maneira. Ele não me mostrou nada naquele dia, eu vi seu corpo, mas não fui capaz de enxergar o pavor e medo escondidos dentro dele, a falta de amor que ele estava tentando compensar comigo por apenas um dia, eu não vi nada disso antes.

Passo na frente do cybercafé, viro o rosto para o lado oposto já irritado, mesmo que ele me quisesse só por um dia, me largaria depois e largou mesmo, no entanto, voltou, e nem de longe parece querer ir embora de novo.

Ao menos agora me sinto feliz, por quê nós continuamos nos vendo, por razão disso, eu pude conhecer um pouco mais de você, Kageyama.

Chego no local, dezenas, talvez até centenas, de enormes estantes enfileiradas por todo o ambiente, a claridade radiando pelas paredes de vidro me causavam um sentimento de exposição e impressão de estar sendo observado.

Meus dedos deslizam pelas laterais dos livros expostos na prateleira mais próxima a entrada, guio minha mão até os corrimãos das escadas para o primeiro andar, descobri ter um mapa da biblioteca por lá.

Em poucos minutos já estou carregando alguns livros e poucos mangás na cestinha enquanto tento dobrar o enorme guia de papel que me auxiliava anteriormente, deveria ter perdido tempo apenas olhando todas placas de indicação penduradas! Isso tão vergonhoso, que saco, eu dobro e dobro, mas parece ficar maior!

— Precisa de ajuda?

Soco o mapa inteiro dentro da cesta para ver o sujeito a minha frente, é alto!

— A-ah, se pudesse ajudar eu agradeceria.

O sujeito de cabelos negros se abaixa para pegar o resto do guia estraçalhado, sua franja cai de trás da orelha e cobre-lhe o olho direito. Gentilmente ele dobra perfeitamente o papel, agradeço e andamos até uma mesa. Sentamos juntos por conveniência, porém, não conversaríamos, além do mais, estávamos aqui para ler.

Ele tirou uma revista da cesta e começou a folhear. Pouco tempo se passou e levantou para pegar outra, sentou-se novamente e mais alguns minutos se passaram até que sucessivamente repetisse o ato. Não há como se concentrar em qualquer coisa quando se está diante disso, quando estava prestes a se levantar pela quinta vez cogitei dizer algo, no entanto, decidi prezar pelo silêncio e usar a oportunidade para trocar de lugar.