SAW : Projeto 42 . Uma Distopia Perfeita

Capítulo 9 - Você sangra?

A Base para sua empatia vai muito além de sentir compaixão por outro ser vivo!
— Felipe Nunes ( NSFelipeNS)

As hélices do helicóptero anunciavam sua chegada. Pousando sua lataria sobre o heliponto que saltava da cúpula, acima do prédio mais importante do Salgueiro.

 Para proteger qualquer ser vivo do Sol, uma espécie de cobertura de pano os cobria, como o teto de um carro conversível.

Próximo a uma das portas que saíam do heliponto, estava Nikolas, de postura curvada e ao seu lado, Hector, que segurava a máquina que mantinha o coração do governador batendo.

O velho trajava roupas folgadas, algo pouco desleixado, afinal, máquinas não reparariam em seus trajes. Enquanto Hector portava-se apenas com seu jaleco branco e sua feição demonstrando cansaço, olhos fundos, olheiras que o tornavam quase irreconhecível e olhos que mal conseguia manter abertos. 

De certo, passara a noite projetando o corpo perfeito se Nikolas.

As Unidades de Apoio Mecânico saltavam do veículo com a Fantasma em seus braços, informando:

— Precisamos que nos leve à ala mecânica!

Nikolas fazia gestos com a mão para que Hector soltasse seu coração e completava:

— Leve-os, guiarei as outras unidades. 

Ao repousar seu olhar sobre a face desfalecida da Unidade Branca, despertava um brilho melancólico em seus olhos, mas que logo esvaía com uma expressão de nojo acentuada sobre sua face.

Do Helicóptero, as Unidades pretas auxiliavam a descida de Saw, Arduin e a UCP. Todos eles remendados de forma grotesca, já que a maior preocupação das UAMs era com a Fantasma.

Arduin sequer conseguia olhar para Nikolas ou seu companheiro, sentia-se envergonhado com o que fizera, jamais desativara uma Unidade que poderia ser uma aliada; Saw observava o governador com dúvida, já vira uma Unidade daquela forma, com aquela cor, mas nunca uma tão curvada, que precisava de outra para manter-se funcionando. Sua vontade era de especular cada centímetro daquela lataria peculiar e fazer-lhe perguntas até seus fios entrarem em curto.

 Porém, mesmo que seu peito estufado e sua postura confiante — como se uma máquina pudesse sentir-se assim —, ainda havia algo de errado, ninguém revelara o que era O Grande Torneio tão aguardado.

A UCP tentava observar as demais Unidades, contudo, algo o impediam, uma espécie de orgulho robótico — ou uma falha em seu sistema —, já que não era a primeira vez que uma Unidade considerada inferior por ele, o ajudava. Primeiro, Arduin o impediu que se tornasse mais um monte de sucata desativado  em meio a milhares; depois, demonstrou misericórdia deixando-o ativo, agora, é carregado por supostas UTBs.

— Parabéns, Unidades, vocês acabaram de finalizar o programa nomeado de ETA, Estação de Treinamento Amigável.

— Você é a Unidade Máxima? — Questionava Saw.