Capítulo 1 - A Gaiola de Aço

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"Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes." — William Shakespeare.


    — Por favor, senhor. Não faça isso — Uma voz mansa com alguns leves chiados ecoava por corredores metálicos e enferrujados, que estavam banhados pela escuridão.

— Você sabe falar, não é mesmo? — Outra voz, dessa vez mais grave, ecoa em conjunto com um leve som de afiar de lâminas — Vejo que já está aprendendo a se virar.

— Por favor, é meu primeiro dia aqui, ainda não sei como tudo funciona direito — Junto desta voz, que parecia vir de uma criança assustada, vinham sons de metais se batendo, como se fossem passos metálicos.

Uma pequena fonte de luz entrava naquele ambiente com cheiro de ferro oxidado, vinha de uma figura humanoide que se colocava em pé. Na frente deste ser, havia outro, com uma carapaça metálica laranja já cheia de arranhões e alguns furos, podendo-se dizer que talvez até mesmo seu corpo inteiro fosse feito de metal, seria um robô? Ele estava agachado com seu braço esquerdo levantado, onde saía dele uma extensão que parecia uma espécie de espada. Na sua frente, caído no chão, havia outro ser metálico, porém menor e com membros mais finos.

Ao perceber que vinha uma fonte de luz de suas costas, virou-se imediatamente colocando-se de pé em posição de combate. Era impossível ver o outro ser, já que a luz que insidia em sua "face", — Uma tela de vidro que reproduzia feições humanas, como um televisor — o ser carregava outra lâmina, que saía dessa vez de seu braço direito e gritava:

— Empunhe suas lâminas se você quer ser subtraído também, sua Unidade fajuta!

— Eu não perco tempo com Unidades Laranja como você.

De repente, tiros começaram a perfurar a lataria daquele robô laranja, eram dezenas de projéteis sendo vomitados em cima daquela Unidade, que aos poucos se tornava apenas sucata sem vida, se é que havia vida por de trás daquele amontoado de lixo reciclável.

— Obrigado, Senhor

— "Senhor"?Você tem o conhecimento realmente limitado, não esperava mais de uma Unidade Azul como você.

Então o ser levantou-se, podemos ver que ele é diferente dos outros dois que estavam ali, seus braços e pernas são finos e o resto de seu corpo é azul. Faltava uma perna, podia-se ver apenas seus fios em curto do lado de fora, ele mal podia manter-se em pé.

— Não vale a pena perder meu tempo com você, irá morrer logo.

O outro ser possuía uma lataria vermelha, era muito maior que o azul, devia ter dois metros e o azul apenas um metro e sessenta por sinal, carregava uma Minigun em seu ombro direito e andava lentamente. Ele abaixou-se em direção ao robô laranja e plugou seu dedo na nuca do robô, era como se fosse uma entrada USB achatada, parecia que fora feita para a entrada daquele dispositivo que o vermelho havia na ponta de seu dedo indicador.

— Qual seu nome, senhor?

— Unidades de combate não têm nome, apenas código. Se souber ler, olhe minha lataria.

— Ah! Prazer UCP 905. O que significa?

—Já que Unidades Azuis como você nunca conseguem passar do intelecto básico antes de serem mortos, então eu te digo.

— O senhor é gentil, obrigado.

— UCP significa Unidade de Combate Pesado, o número é para me identificar, o seu é Unidade de Treinamento Básica, não passa de um boneco de treinamento — Ele começa a andar com passos pesados para longe, indo embora — Siga seu rumo, UCP's não podem ser vistos com UTB's.

SAW : Projeto 42 . Uma Distopia PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora