Capítulo 3 - Anseios de uma carcaça vazia

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"A liberdade não tem preço, a mera possibilidade de obtê-la já vale a pena."

 — Isaac Asimov 

Horas antes de Arduin resgatar a UTB...

— Mamãe! Está tudo escuro, mamãe!Onde você está!? Está frio... Úmido... Não sinto o chão em baixo de mim, mamãe — Uma voz masculina ecoa.

— Sua mãe não está, Arnold! — Um ressoo de várias vozes misturadas, mas que diziam a mesma coisa, ecoava.

— Quem está aí?! Por que eu não consigo ver nada?!

— Abra os olhos, Arnold. Abra-os! — Aquele emaranhado de vozes que causava calafrios na espinha de qualquer ser mortal, começava a virar algo homogêneo, contrastando com uma voz feminina que ia ganhando tom conforme falava. — Abra-os, Arnold — Ela já se tornava quase que só uma voz.

— Não consigo... Quem é você?! Mamãe? Quem mais está aí?

— Abra-os, Arnold.

— Não consigo!

— Me ajude irmão! Ajude-me! — Uma voz masculina ecoava um pouco mais distante.

— Austin, é você, irmão?!

— ABRA-OS! — A voz já se tornava uma, apenas algo homogêneo. Uma voz feminina que gritava em um tom agudo quase que ensurdecedor.

— ABRA-OS! — A voz masculina gritava em conjunto com a feminina. Logo em seguida, um choro de um bebê ecoava estridente.

Uma UCP acordava assustada deitado no chão metálico, gelado e duro de um dos corredores mais altos do centro da Gaiola. Levanta-se com dificuldades, observava o Sol refletindo no seu corpo robusto, metálico e vermelho. Estende uma de suas pernas a frente, era como um bebê dando seus primeiros passos, ainda não acostumado com o peso de seu corpo, definindo passos desconfiantes, tortuosos, pesados [...]

— Olá, UCP 905. Seja bem vinda a Estação de Treinamento Amigável, ou somente ETA.

A UCP olhava aos arredores a procura de quem vinha àquela voz masculina. Tentava correr, mas era inútil, a voz o acompanhava.

— Acalme-se, somente você pode me ouvir. Tem sorte que você é um dos privilegiados que está tendo este guia. Estou aqui para auxiliá-lo, eu sou a Unidade Máxima, responsável por comandar este local onde está.

Aquele robô vermelho, robusto como um tanque de guerra, estava agachado no chão com as mãos protegendo sua cabeça.

— Seu objetivo aqui é aprender o máximo que conseguir, e claro, não ficar inoperante. Olhe seus dedos indicadores, ambos têm uma estrutura metálica, use-a em entradas, chamadas de tomadas, que estão espalhadas pela ETA, também terão as tomadas especiais que serão instaladas em pontos aleatórios, elas sempre estão penduradas por fios. Você também pode fazer isso com robôs já inoperantes. Destrua todos os outros robôs para absorver o conhecimento deles. Você está aqui para auxiliar nosso exército em uma guerra causada por pessoas ruins. Lembre-se você está lutando por um bem maior. Nós apenas estamos nos protegendo.

A Unidade, que estava em modo defensivo, olha o dedo indicador de sua mão esquerda, onde saía uma pequena estrutura metálica. Ao analisar seus arredores, percebe que havia uma tomada no chão bem a sua frente. Ela levanta-se desajeitada, aproxima-se da tomada, a observa, observa seu dedo e o pluga.

"Instalando Modo de Combate e Fala básico" Aparecia na tela da UCP 905 junto a uma porcentagem: "10%". Mais ao longe no corredor ressoavam barulhos de lâminas e alguns barulhos de tiro. "15%", ecoavam passos apressados ao fundo do imenso corredor. "20%", os passos chegavam cada vez mais perto. "30%", os passos cessavam, e os tiros começavam e ressoar novamente. "40%", passos e barulhos de lâminas ressoavam, porém mais próximo a cada segundo. "50%" Um choro agudo de bebê ecoava incessantemente. "60%", o barulho de uma explosão ecoava como se estivesse ao lado da Unidade. "70%", uma voz masculina gritava por ajuda e chamava pelo seu irmão. "80%", os passos já estavam a menos de cinco metros da Unidade. "100%, Arquivos instalados", os passos alcançaram a Unidade.

SAW : Projeto 42 . Uma Distopia PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora