11. Procurando um jeito

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Três dias já haviam passado. Três longos e incríveis dias. A cada risada, Aelin tentava não pensar em casa.

O que era muito improvável. Lembrar de casa era algo constante, principalmente quando se enrolava em Rowan a noite e sentia o cheiro de pinho e neve. O cheiro de seu parceiro e o cheiro de Terrasen.

Foi em uma das conversas com Feyre e Elain, que ela deixou escapar a saudade de casa. Feyre, brilhante como sempre, sugeriu irem até uma tal Casa do Vento onde tinha uma biblioteca com conhecimentos inimagináveis.

Então naquela tarde não tão fria eles foram para a Casa do Vento.

Ela, Rowan, Dorian, Rhysand e Feyre. Os outros escolheram ficar na casa do rio de Rhysand.

A Casa do Vento era linda. A cada passo mostrava o quanto era luxuosa, mas acolhedora. E quando chegaram a biblioteca...Aelin pensou que fosse desmaiar.

Estantes e mais estantes cheias de livros cobriam cada parede. No centro de tudo havia um grande buraco negro, que Feyre explicou, antes habitava um ser chamado Bryaxis que tinha fugido depois da guerra contra Hybern.

Eles se aproximaram de uma mulher com o capuz cobrindo seu rosto. Uma das sacerdotisas, Feyre tinha explicado.

- Olá, Clotho - Rhysand cumprimentou a mulher. Uma caneta começou a escrever sozinha em um papel branco.

Boa tarde, Rhysand.

Foi então que Aelin notou os dedos tortos da mulher. Ela tentou não estremecer.

- Há alguma seção de livros sobre portais ou outros mundos? - Feyre perguntou.

A caneta magica se moveu de novo.

Temo que não. Pelo menos, não está no nosso catálogo, o que pode significar estar nos andares mais baixos.

Aelin olhou por sobre a grade, para a escuridão do poço. Não desceria ali, nem que a enchessem de chocolate por dez anos.

- Acha seguro descermos? - Dorian perguntou a Rhysand.

- Bryaxis se foi, então não acho que a o que temer - Rhysand falou e se virou para Clotho - Obrigado pela ajuda.

É sempre uma honra.

O grupo foi descendo cada degrau, passando por tantos andares, até que encontraram um andar onde havia pouca luz.

Aelin conjurou um pouco de suas chamas para iluminar o lugar. Mesmo com o calor da chama entre os dedos, ela sentia frio.

- Vamos procurar - Rowan falou.

Rhysand e Feyre foram para o lado direito e os três foram para o esquerdo.

Rowan e Aelin procuraram juntos e Dorian que também tinha conjurado uma chama foi procurar em outras estantes.

Passou muito tempo e eles não tinham achado nada. Em algum momento Aelin se deu por conta que estava sozinha e tentou não se preocupar. Provavelmente Rowan tinha ido ajudar Dorian ou Rhys.

Ela continuou procurando, os livros tao empoeirados que as vezes era difícil ler os títulos.

Uma pena que você tirou. Ela ficava bonita em você.

Aelin congelou. Aquela voz...ela jamais esqueceria.

Ela se virou, mas não encontrou nada ali, alem de outra estante com mais livros empoeirados.

Você não pensou em me esquecer não é, Aelin? Sua tia está profundamente magoada por você tentar esquece-la.

- Me deixe em paz, Maeve - Aelin sussurou com raiva.

Uma risada fria e cruel encheu seus ouvidos.

Vou pôr você naquele caixão de ferro pelo seu tom. Vou pôr quilos e mais quilos de ferro até você sufocar e implorar...

Uma mão gelada tocou seu ombro e ela derrubou o livro que estava segurando.

- Calma, sou só eu - Dorian falou.

Aelin respirou fundo e limpou as lágrimas que nem sabia que estavam em seu rosto.

- Achou alguma coisa? - ela perguntou esperando que Dorian não notasse nada em seu rosto.

- Achei sim - ele falou e mostrou um livro de couro verde escuro.

"Mundus autem mundos" lia-se o título.

- O que isso significa? - ela perguntou.

- Nao sei. Mas Rhysand disse que Amren pode traduzi-lo.

E foi isso. O grupo voltou para a casa do rio e Feyre fez um delicioso chocolate quente, embora nada pudesse conter o tremor que passeava pelo corpo de Aelin. As palavras ainda ecoavam em seus ouvidos.

E claro, que Rowan notou, mas ele não disse nada.

Quando estiver pronta. Ele falou pelo laço. Ela sabia ao que ele se referia.

Ao anoitecer eles foram ao apartamento de Amren. Rhysand e Feyre os deixaram na porta do apartamento e foram caminhar na cidade. Rhys disse que saberia quando fosse a hora de ir embora e voltaria para busca-los.

Aelin bateu educadamente na porta. Nestha Archeron abriu e deu um sorriso felino.

- Entrem - ela falou e eles entraram.

Manon e Amren estavam sentadas no sofá e pareciam jogar algum jogo.

Quando Aelin chegou mais perto viu que era um quebra cabeça.

- Elas estão treinando a concentração da mente enquanto montam um quebra-cabeça de cinquenta bilhões de peças. - Nestha explicou notando o olhar confuso de Aelin e Dorian.

Mas parece que Manon tinha acabado de perder, ao se virar e olhar para Dorian.

Amren revirou os olhos e Nestha deu uma risadinha.

- Se não for pedir muito precisamos da sua ajuda - Rowan falou educadamente para Amren.

A grã-feerica o observou e assentiu. Dorian entregou o livro para ela e explicou o que queriam fazer.

- O mundo dos mundos - Amren leu o título e folheo-ou as páginas. - É uma língua um pouco complicada, pode demorar.

- Não há pressa - Rowan falou.

- É, mas não reclame ao acordar com os cabelos em chamas se demorar demais - Aelin falou e sorriu, mostrando seus caninos.

Amren engoliu em seco e puro terror dançou em seus olhos prateados. A fêmea assentiu.

Aelin segurou a risada e sentou-se no sofá com Nestha e Amren. Rowan se sentou na poltrona e observou o quebra-cabeça.

Aelin e Nestha manteram um papo animando sobre seus parceiros, até que então Aelin notou que Manon e Dorian tinham deixado o apartamento.

Corte de Fogo e EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora