V - Harry

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H

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H.

Sábado, 06h19min

Senti o colchão ao meu lado afundando aos poucos, seu corpo tentando fazer o mínimo de gesto possível para que a cama não se mexesse. O quarto estava com as luzes apagadas e a cortina fechada, que permitia que alguns fios de luz entrasse no cômodo. Continuei deitado, fingindo estar dormindo e abri um olho para espiar o que Iara estava fazendo. Ela catou nossas roupas do chão, dobrando as minhas e deixando em cima do baú, segurei um sorriso pelo seu feito. Sua cabeça virou pra cama para me olhar e fechei o olho rapidamente, ela permaneceu ali por uns segundos até seguir para o banheiro, se trancando ali dentro. Senti minhas costas doerem quando sentei para pegar o celular para ver as horas, li as notificações deixando o celular na cômoda novamente. Ouvi Iara falando com alguém no telefone, foquei para tentar entender do que se tratava como o bom fofoqueiro que sou, mas ela falava na sua língua nativa, me impedindo de bisbilhotar. Quando o barulho do chuveiro cessou, voltei a fingir que dormia. 

Iara saiu vestida com as mesmas roupas de ontem, com um semblante triste. Aquela ligação tinha mexido com ela. Daria tudo para ser uma mosquinha poliglota pra saber do que se tratava a conversa. Iara sentou na ponta da cama para amarrar o cadarço dos tênis, ela não tinha intenção nenhuma de me acordar. Então, ela iria simplesmente embora sem ao menos se despedir? Já vestida com seu sobretudo, ela foi para a porta pronta pra me deixar. Antes que pudesse completar seu feito, a chamei. Ela se virou para trás, me olhando. Um vento frio soprou pela janela, clareando o quarto.

— Ah... Bom dia, Harry. — Iara acenou, constrangida. 

— Onde você vai? Ainda está muito cedo. — apoiei o peso do corpo sobre os cotovelos, ainda meio deitado. — Achei que íamos, sei lá, tomar um café.

— Eu tenho compromisso agora. — seu nervosismo entregou sua mentira. Por que ela estava mentindo? 

— Tudo bem. Se você puder esperar eu me arrumar, posso te levar de volta pra casa. É caminho da minha. 

Levantei, saindo das cobertas. Seu rosto livre de maquiagem ruborizou ao ver meu corpo nu, pela sua pressa deduzi que não me daria tempo pra tomar banho, queria me vestir depressa antes que ela negasse minha carona. Ela ainda estava impenetrável, estranha. 

— Eu posso pegar um uber. Você pode voltar a descansar, não precisa se incomodar. — disse já abrindo a porta, quase saindo. Fui até ela ainda nu e mancando por causa do meu machucado que ardia um pouco. 

— Iara, não precisa sair fugida assim. Seja lá qual for seu compromisso seria muito mais jogo eu te levar porque é meu caminho, de qualquer forma. E não deve ter uber rodando direito essa hora. 

Ainda hesitante, ela aceitou. Confirmando com a cabeça enquanto seus cachinhos soltos sacudiam.

— Já que você aceitou, pode me dar cinco minutinhos só pra eu me jogar uma água?

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