Contos 1 e 2: Despedidas a Maria Mulambo: Matais de Incêndio / Quando ela Morreu

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Felipe Caprini

Contos das Muitas Marias



Estes são contos sobre Pombagiras, sim, mas não contos verídicos colhidos com seus Médiuns, esses contos vieram através de minhas mãos. Quem quiser acreditar que são apenas devaneios dentro da loucura chamada "ficção", ora, que seja, mas quem quiser observar as histórias como sendo espelhos da alma dessas mulheres, que sem causa
ou motivo claro quiseram transmitir através de minhas palavras... será bom também.
Junto as histórias estão as artes também de minha autoria, além de uma narrativa as moças passaram através de minhas mãos as suas imagens. Desenhei com o máximo carinho e fidelidade a qual pude recorrer, espero que apreciem as ilustrações.
Todas as artes e textos foram original mente publicados em minha página do Facebook no final do ano de 2019.

Índice:
🌸 Conto 1: despedidas a Maria Mulambo: Matais de Incêndio

🌸 Conto 2: Despedidas a Maria Mulambo: Quando Ela Morreu

🌸 Conto 3: Despedidas a Rosa Caveira: Maria Mariá

🌸 Conto 4: Despedidas a Pombagira Menina: Menina Júlia

🌸 Conto 5: Despedidas a Maria Farrapo: Que Saudade

🌸 Conto 6: Despedidas a Sete Saias: Minha Mãe

🌸 Conto 7: Despedidas a Maria Quitéria: A Dona da Casa

🌸 Conto 8: Despedidas a Dama da Noite: As Pedras Cessaram

🌸 Conto 9: Despedidas a Pombagira da Figueira: Coroa de Louros

🌸 Conto 10: Despedidas a Maria Padilha: Obrigada por Tudo

🌸 Conto 11: Despedidas a Rosa Vermelha: Você Ainda Ouvirá Falar de Nós




🌹 1. Matais de Incêndio

Naquele mês ela não me escreveu.

Fiquei aflita, quando os dias passaram,

Parei na rua o rapaz filho do boticario

Que era quem ia a cidade trazer os medicamentos

E já fazia a vez de carteiro,

Ele disse que este mês não havia carta

Com meu endereço.

Meu coração começou a bater rápido

Como se quisesse escapar da caixa do peito,

Deixei minha vendinha aos cuidados

Da menina que me ajudava,

De madrugada fiquei pronta

E esperei na porta da venda

Diorgenes, o fruteiro,

Ele trazia frutas para minha venda

E em seguida ia de carroça

Até a cidade todos os dias para

Entregar a outros comerciantes.

Assim que ele passou e entregou

O que era meu

Eu pedi que me desse carona

Até a cidade.

Ele reparou no meu estado de aflição

E deixou que eu sentasse na carroça

E com ele fosse.

Era cinco da manhã quando chegue lá.

Com alguma dificuldade ao caminhar

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