Conto 9: Despedidas a Pombagira da Figueira: Coroa de Louros

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🌹 9. Coroa de Louros 

Eu amei Figueira,

Amei de verdade sabe,

Mas ela era arredia demais

E preferiu o dinheiro ao amor.

Eu não a culpo, imagino que teve

Seus próprios motivos

Afinal era mulher e era sozinha no mundo.

Poderia contar a vocês mil histórias 

De coisas que ela fez,

Maluquices e perigos,

Mas o que mais me marcou 

Foi o que ela fez depois de morta.

Sim eu sei que parece absurdo,

Mas ela já falecida causou uma das 

Cenas mais marcantes da minha vida.

Eu era jardineiro, tal como meu pai e meu avô.

Costumava ir ao cabaré,

Era muito caro ir para o quarto 

Com uma das moças então eu geralmente

Ia só para beber e dar umas risadas,

Sabia que a vida delas não era fácil 

então gostava de ir lá papear.

Foi quando a conheci, uma mulher linda

Com uma postura similar a das Rainhas,

Pescoço longo e cabelos ondulados,

Era como uma estátua de anjo.

Ela era prostituta, mas eu me apaixonei.

Ora não sei explicar como, mas me apaixonei.

Então um dia tive um momento 

Que acreditei ser sorte, só depois 

Descobri que não.

Eu era jardineiro de uma casa de veraneio 

De um Conde Português.

Eu era nascido aqui mesmo 

Mas a terra era da coroa de Portugal,

Eles vinham pra cá sugar o que podiam.

O conde mandou construir a mansão pois

Brasil na época não tinha hotelaria decente.

Naquele dia ela estava passando em frente a casa,

Eu no Jardim podando as roseiras vi

quando ela de repente se sentou 

No meio da rua de terra e ficou 

A se abanar com um leque.

Achei bizarro, nunca tinha visto tal postura,

E então me veio a mente que ela

Poderia estar tendo um passamento.

Corri até lá e de fato estava pálida,

E não estava sentada, ela havia caído.

Ofereci ajuda e esperei recusa

Como faria qualquer dama honrada,

Mas ela era totalmente 

Despachada de salamaleques,

Grudou no meu braço e aceitou 

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