🌹 6. Minha Mãe
Tinha dez anos
Quando aquela mulher veio até
A casa de minha avó.
Me Lembro como se fosse hoje
Era bonita de um modo diferente,
Vestido vermelho vivo,
Cabelos negros volumosos.
Minha avó fez cara feia
E perguntou grosseira
"Que diabos faz aqui em plena luz do dia? Não quero que os vizinhos vejam esse tipo de gente aqui."
A mulher respondeu com calma
"Vim buscar o menino."
Vovó ficou ainda mais brava
"Buscar pra quê?"
A mulher sorriu triste
"Para se despedir."
Vovó olhou para ela com receio
"Mas Dona Padilha, ela está..."
"Está. Quer ver o menino. Eu o trarei de volta em breve."
Vovó fez uma malinha
Com algumas roupas minhas
E entregou a mulher,
Depois me disse para ir com ela.
Obedeci e fui, entrei em uma carruagem
A mulher bonita que agora sabia ser
Dona Maria Padilha
Sorria para mim as vezes
Mas não disse nada,
Havia tristeza em seu olhar.
Chegamos em um casarão,
Dentro era lindo como um
Castelo de contos de fada.
Haviam muitas mulheres lá,
Todas lindas.
Dona Padilha pegou a minha mão
E me levou para o andar de cima.
Entramos em um corredor
E ela me pediu para entrar em um dos quartos.
Entrei e vi uma mulher sobre a cama,
Estava pálida e com os lábios arroxeados.
Quando ela sorriu para mim a reconheci,
Era minha mãe.
Fazia uma ano que ela não me visitava
E nem sequer escrevia.
Eu sabia que era ela que pagava
As contas da casa de vovó,
Era ela que comprava minhas roupas
E pagava minha escola.
Mas eu nunca soube que ela morava
Em um Palácio.
Mamãe abriu os braços e corri para ela
Em um abraço apertado.
Logo uma tal de Rosa Vermelha
Entrou no quarto trazendo
Um pedaço de bolo de chocolate para mim
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Contos das Muitas Marias
RomanceA Morte é o fim da mulher e o unicio da Pombagira. Onze Contos Sobre a morte dessas Moças tão queridas por alguns, tão temidas por muitos.