🌹 5. Que SaudadeEu a amava, ela não.
Nunca me enganei
Eu sabia que era só mais um
Em uma longa lista de amantes
Mas me contento com a importância
De ter sido o último.
Farrapo... que mulher intensa...
Era vinte anos mais velha que eu
Mas não me importava, era linda.
Naturalmente seria um escândalo na época
Uma senhora se enamorar de um garoto,
Mas nós já éramos marginalizados,
Não existem convenções entre os rejeitados.
Me lembro como se fosse hoje,
Ela estava doente de novo,
Muitas vezes tinha adoecido
Pelas friagens.
A mulher era louca,
Vivia nas madrugadas bêbada,
Se ela me amasse tanto quanto amou o álcool
Eu teria sido um homem feliz.
Nunca se alimentou bem,
Muitas vezes tinha de escolher entre
Comprar comida ou comprar cachaça,
E ela sempre dava lucro ao alambique.
Mas dessa vez a doença era diferente,
Estava de cama havia três semanas
E tinha perdido muito peso,
Seu corpo voluptuoso
Se tornou pele e osso,
As faces encovadas a deixaram mais envelhecida
Porém ainda assim era linda.
Uma noite sentado ao lado da cama
Enquanto a alimentava
Com mingual de aveia
Que era a unica coisa que parava
Em seu estômago,
Notei que ela estava distraída,
O olhar perdido na janela
Mirando a lua.
Puxei de leve um mecha de seu cabelo,
"O que foi meu anjo?"
Ela se virou pra mim com
Uma expressão que nunca tinha visto,
Ela costumava ser debochada
Ou ácida mas naquela noite
Me mostrou olhos cheios de medo.
Eu não compreendi aquilo e ela falou
"Me faça um favor, vá até o cabaré e chame a Rosa Vermelha, diga que é urgente."
Fiquei muito surpreso
Pois pelo que constava
Farrapo não se dava com
As mulheres do cabaré
Porém não questionei, corri até o cabaré
E avisei uma das moças
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Contos das Muitas Marias
RomanceA Morte é o fim da mulher e o unicio da Pombagira. Onze Contos Sobre a morte dessas Moças tão queridas por alguns, tão temidas por muitos.