Capítulo 10

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NINA

Eu queria ir embora daquela casa o quanto antes. Medo, ansiedade, desespero, vontade de vomitar e milhões de outros sentimentos e angústias. Não deveria ter caído na conversa de Pauline. Não, ela não era a culpa, eu era, eu quis ir, quis estar ali. A Pauline só me deu um empurrãozinho.

Quase que me embanano toda, demorei para assimilar que ele se dirigia à mim porque havia esquecido que tinha um outro nome, pelo menos enquanto eu estivesse ali.

Senti-me tão idiota por não conseguir explicar que fui até a sala para resolver o problema mencionado pelo segurança. Onde foi parar o meu poder argumentativo tão elogiado pelos meus ex-professores? Mas fiquei sem palavras diante da imponência dele.

Meu pai sempre me falou que Charles tinha uma personalidade forte e eu o achava mimado, mas o que percebi foi mais que capricho. Ele era frio, hostil e assombroso. O que vida fez com esse homem para que tivesse olhos tão frios?

Apesar de tudo e contrariando o que eu imaginava, cheguei ilesa à cozinha. Puxei o ar com força, como se estivesse poupando a minha respiração na presença de Charles. Sentei-me numa cadeira e apoiei a cabeça entre as mãos. Eu tremia até não poder mais.

Dos males o menor. Ao menos, eu consegui ficar na casa, mas senti-me horrorizada comigo mesma pelo que acabei de presenciar. Eu não senti repulsa por vê-lo transando no meio da sala.

Era a casa dele, tinha o direito de fazer o que quisesse, mas será que seria sempre assim? Eu nunca tinha visto nada igual, nem mesmo gostava de filme pornográfico, apesar de Pauline já ter tentado assistir comigo diversas vezes. Mas ver aquele homem olhando para mim daquele jeito causava-me sentimentos inexplicáveis.

O tremor foi sendo controlado aos poucos e assim que me senti melhor, levantei-me da cadeira e fui até a geladeira servir-me de um pouco de água. Não havia percebido que a garganta estava seca até sentir a água fresca aliviando-a. Eu ainda estava nervosa, mas levando em conta que acabei de passar por uma prova de fogo, até que me considerei bem-sucedida.

Lavei o copo e o guardei sobre o escorredor de pratos. Olhei as horas e vi que ainda era cedo, mas precisava muito de um banho reconfortante e umas boas horas de sono. Não queria acordar tarde no dia seguinte e passar uma impressão errada ao meu patrão interino. Peguei a alça da mala de rodinhas e a chave do meu quarto e me encaminhei para o quarto que me foi indicado.

Parei e fiquei olhando a porta. Lembrei-me que, às vezes, a minha mãe dormia aqui quando ficava muito tarde para voltar para casa ou quando tinha algum evento durante a noite. Eu mesma dormi com ela uma vez, já que chovia muito e era perigoso voltar para casa, mas eu era bem pequena nessa época.

Como eu conseguia me lembrar de muita coisa naquela casa, mas não lembrava-me de Charles?

Por que será que os pais sempre a mantinham longe?

Não lembrava direito do rosto dele, mas sempre foi tão bonito assim? Talvez a minha mãe tivesse razão, talvez ele realmente fosse o homem mais bonito que eu já vi. Se a verdadeira Pauline estivesse ali, com certeza não deixaria aquele homem passar.

Balancei a cabeça sacudindo as ideias estapafúrdias que me consumiam, até porque, ele nem olharia para ela ou para mim. Minha amiga era linda, mas não como a loira que vi na sala com ele. Não duvido nada que seja modelo. Ela era muito bonita, tinha cabelos bem tratados e pernas de atleta. Nunca vi pernas tão longas e torneadas.

Melhor parar de pensar em Charles, naquele evento fatídico e na loira deslumbrante. Entrei no quarto, tranquei a porta e joguei-me sobre a cama. Ainda sentia as pernas tremerem, mas não podia me dar ao luxo de ficar parada por mais tempo. Olhei em volta e vi um armário enorme. Arrumei todas as suas coisas nele e ainda sobrou muito espaço. Depois disso, fui tomar um banho quente.

Do CEO ao Inferno / no Wattpad até 15/11Onde histórias criam vida. Descubra agora