Capítulo 12

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NINA


Assim que retornei para a mansão West, fui direto para o quarto, mas me surpreendi por encontrar algumas sacolas de lojas de grife sobre a cama.

Eu já passei em frente a algumas dessas lojas, mas nunca havia entrado por saber que não tinha como pagar por peças que custavam mais do que o salário de um mês inteiro de trabalho dos seus pais.

Em nenhum momento, eu cogitou que aquilo havia sido um engano. Charles quis esfregar na minha cara que ele tinha dinheiro, que estava pagando pela minha companhia em troca da vida da mulher que ele achava ser a minha mãe.

- Escroto!

Então é isso, para viajar com ele e estar ao seu lado, tinha que me vestir bem, e eu era apenas uma mera empregada que não tinha grana para isso. Eu não era como as mulheres com que ele saía no dia a dia.

Se eu não estou à altura dele, por que não convidou quem está?

A sombra de uma tristeza me abateu, mas eu não quis perder tempo tentando entender quais os planos de Charles. Ele jurou que não tocaria em mim e isso bastava, era tudo o que eu precisava saber.

Era para salvar a dona Ana, era por uma boa causa.

- O lixo de um homem é o tesouro de outro homem, como costumava dizer o meu pai - falei para mim mesma enquanto abria um envelope que encontrei entre as sacolas.

Use para a nossa viagem, as outras peças já estão na mala, só precisa levar os seus documentos, ponha-os na bolsa nova. Charles.

Respirei fundo antes de começar a abrir as sacolas. Em uma delas havia clacinha, sutiã e um par de mais, tudo muito macio e de excelente qualidade; na outra, havia um vestido bege em tom bem claro, agradeci por ser algo jovial e discreto; havia também uma caixa com um escarpim champanhe, aparentemente confortável; e por último, uma sacola contendo um estojo com um par de brincos lindíssimos.

Eu tinha o meu próprio estilo e, apesar de não ser rica, não vestia trapos para que Charles tivesse vergonha de andar ao meu lado como eu era de fato. Isso me deixou um pouco magoada, principalmente quando tudo veio acompanhado de um bilhete seco e autoritário.

Mas era Charles, o que eu queria? Segundo o meu pai, era um homem justo, porém egoísta e focado em seus objetivos. A minha mãe tinha uma visão mais romântica, já que o criou e era afetada pelo amor materno que lhe foi negado, visto que a mãe morreu quando ele ainda era bem novinho.

Pensar sobre isso me deixou ainda mais triste. Eu tinha um pouco de raiva dele? Tinha, claro! Mas não a ponto de não compreender uma criança que perde a mãe justo quando novos laços deveriam ser criados.

- Até que o vestido é bonito - peguei-me admirando a peça de tecido encorpado e, aparentemente, muito caro.

Eu ficaria bem naquela roupa. Os tons claros fariam um lindo contraste com o meu tom de pele. Deixei as peças separadas sobre o encosto de uma cadeira e transferi todos os meus documentos para a bolsa nova. Eu até pensei em retrucar e usar minhas próprias coisas só para contrariá-lo, mas desisti ao lembrar-me da expressão pesada que fazia quando algo não saía como ele queria. Por uma semana, seria o bibelô dele, depois disso teria a minha vida de volta.

Cansada, enviei uma mensagem para os meus pais e depois aninhei-me na cama com um livro no colo, mas não demorei a dormir. Sonhei com Charles, o que considerei um pesadelo, visto que não o queria compartilhando de minhas noites de descanso. Acordei com batidas na porta.

Do CEO ao Inferno / no Wattpad até 15/11Onde histórias criam vida. Descubra agora