Charles
Estava na sacada do quarto tomando um whisky enquanto Pauline dormia esparramada sobre a nossa cama. Meu corpo implorava pelo dela, ainda mais depois das declarações que me fez. Seria uma prova, no entanto dividir a cama com ela hoje. Eu não era perfeito, mas atentar contra o corpo de uma mulher bêbada não era do meu feitio, não mais.
A brisa entreabriu a cortina e me fez enxergar um par de olhos azuis na escuridão. Tom encostou em seu braço, roçando o dedo pela pele macia da minha garota, descendo lentamente pelo contorno da camisola que eu a havia vestido, mas deteve-se quando me viu surgir entre os tecidos esvoaçantes da cortina.
— Acho que bebeu demais, tio Tom, e se confundiu de quarto. — Eu sabia que ela não estaria segura naquela casa com ele por perto, só não esperava que agisse tão rápido. Seu olhar frio me escrutinava com ódio.
— Você é só um fedelho que acredita que ter ela em sua cama é o universo lhe devolvendo o que seu pai lhe tirou. Você só quer provocar ele, mas eu a amo. Sempre amei.
— Você está louco, tio? Ela não é a minha mãe. Acabou de conhecer a Pauline, impossível amar uma mulher assim tão rápido. Além disso, ela é uma criança perto de você. Não vê?
— E você, seu pervertido de merda, acha que não sei como enriqueceu tão rápido? Ela sabe de seu passado? — Os olhos dele fulguravam de raiva e desdém, sabendo que suas palavras me atingiram em cheio.
— O meu passado não é da conta dela e nem da sua, tio — respondi tenso, mas em tom de desafio.
— Engano seu, fedelho ingrato. Eu te apresentei ao mundo que você tanto gosta, eu te estendi a mão quando o seu pai lhe virou as costas. — A raiva transbordava de suas palavras, me jogando em um passado que eu nunca esqueci. — Eu sou responsável pelo que você é hoje.
— Ainda bem que você não teve filhos, tio, seria um pai de merda. — Coloquei as mãos na cintura, irritado, mas tentando controlar a voz para não acordar a Pauline, que dormia pesadamente, alheia a toda a confusão. — Saia do meu quarto, agora, ande!
Tom sorriu, um sorriso debochado que irradiava desdém, mas que também apresentava sinais de crueldade, não demonstrando medo ou respeito nenhum por mim. Sem pressa, desceu um pouco mais a mão e tocou o sexo de Nina, como se não fosse algo grave, mas uma mera provocação.
— Eu ainda vou me enfiar aqui antes do que você imagina.
Não contei conversa. O alcancei rápido cortando caminho subindo na cama e saltei em cima dele, desferindo-lhe um soco na cara. Pouco me importava se ele era meu tio ou se era mais velho. Para mim ele não passava de um assediador escroto.
— Nunca mais... — Dei-lhe mais um murro no rosto decrépito — toque — mais um soco — na minha — uma joelhada nos testículos — mulher! — outro soco certeiro no nariz.
Só não consegui bater mais porque Dean invadiu o quarto, a arma já em punho, um olhar determinado e pronto para agir ao meu comando. Leonor veio logo em seguida, a expressão de pânico invadindo o quarto.
— Sai de cima dele, Charles, você quer ir para a cadeia? – Sua voz impregnada de urgência e pavor.
Dean, percebendo que a situação estava sob controle, guardou a arma e se aproximou de mim, afastando-me do corpo ensanguentado do meu tio.
— Senhor, Charles, é melhor se acalmar e colocar o juízo no lugar. — Pediu em um tom firme e preocupado, mas não autoritário.
Tom, ainda ofegante e visivelmente irritado, conseguiu finalmente articular algumas palavras, assim que Leonor o ajudou a se sentar sobre o próprio sangue,
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Do CEO ao Inferno / no Wattpad até 15/11
RomanceSinopse Um homem rancoroso, e protegido pelo poder do dinheiro, resolve usar uma jovem em seus negócios mais sórdidos, só para se vingar do próprio pai. Charles West é o rico herdeiro de uma renomada produtora de filmes. Após brigar com toda a sua...