Capítulo 2

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CHARLES

Eu estava distraído, pensando na menina com que me esbarrara mais cedo. Parei de correr e a olhei longe. Ela me fazia lembrava alguém, mas não sabia quem. Eu não gostava de garotas novas, eram deslumbradas e logo se apaixonavam, mas aquela menina mexeu comigo.

A observei desde a hora em que ela tirou a roupa. O corpo curvilíneo era recoberto por uma pele morena, bronzeada e muito macia, pude sentir o pequeno pedaço de que apalpei da sua cintura. Os quadris largos eram adornados por uma bunda redonda e muito generosa. As pernas longas e curvilíneas eram um espetáculo à parte.

Ela era encantadora, eu tinha que admitir, porém, muito novinha, nova demais para o meu gosto. Será que ainda era virgem? Eu não me lembrava de já ter ficado com uma virgem, talvez fosse a hora de experimentar. Não tinha o hábito de frequentar aquela parte da ilha, mas estava cogitando voltar lá mais vezes.

Apesar de estar encantado com a beleza marcante, o olhar curioso e a expressão angelical da jovem, o que mais me intrigava era a semelhança que ela tinha com alguém que eu não conseguia me lembrar.

Rubia me encarou e, ao perceber que eu era observado, tentei disfarçar, aquela mulher parecia ler a minha mente. Se soubesse que eu estava pensando numa mulher, iria querer arrumar logo o meu casamento e eu não era homem para casar.

Eu estava recostado em uma poltrona bem diante da televisão que ficava em uma das paredes do meu escritório. Uma moldura bem grande ornamentava a parede atrás da minha mesa com o quadro Viva lá vida de Frida Kahlo. Era a única cor alegre em todo aquele ambiente. Aquela obra era o meu bem mais precioso e valia uma fortuna, por isso as faxinas naquele ambiente sempre eram monitoradas por Rúbia.

Mirna havia acabado de tirar a poeira do último livro e já se dirigia à saída do escritório. Rúbia ia atrás dela, guiando-a para o próximo cômodo a ser faxinado. Percebi que ela andava com dificuldade, a dor estampada no rosto. Ela estava sofrendo com algo, isso era bem nítido, mas escondia para não me preocupar. Assim que a faxineira passou pela porta, chamei Rúbia, a única pessoa em que eu confiaria a minha vida.

— Rúbia, feche a porta, por favor.

Ela fez sinal para que Mirna seguisse em frente e aproximou-se de mim.

— Sim, Charles, pode falar. — Ela era a única empregada que poderia me chamar pelo primeiro nome. — Deseja alguma coisa?

— Sente aqui, faça-me o favor. — Indiquei o sofá de dois lugares ao lado de onde eu estava e ela se sentou com um pouco de dificuldade. — Percebi que não está se sentindo bem há dias, por que ainda não foi ao médico?

— Não é nada, só umas dores nas pernas, deve ser coisa da idade. — Me olhou carinhosamente. — Não precisa se preocupar, meu filho, não vou deixar você na mão, tá bem?

Respirei fundo e encarei o piso de madeira escura que brilhava, já que havia sido encerado há pouco. Quando ergui o olhar foi para repreendê-la.

Como ela pôde pensar que eu estava preocupado em ficar na mão? Será que não sentia o amor que eu lhe tinha? Eu não estava preocupado com a ausência dela, não mesmo. Ela não era apenas a minha empregada. Trabalhava para mim desde o meu nascimento, foi a sua babá e agora era a minha governanta.

— Acha mesmo que sou tão frio assim? — Tamborilei os dedos sobre o braço da poltrona. — Me conhece bem antes de eu nascer, Rúbia, deveria ter um pouco mais de fé em mim.

— Não é isso, meu menino, desculpa a forma que me expressei.

— Hoje é sexta-feira e estou te ordenando que vá para casa assim que dispensar todas essas pessoas da agência. — Ordenei de forma carinhosa.

Do CEO ao Inferno / no Wattpad até 15/11Onde histórias criam vida. Descubra agora