Capitulo 5

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NINA

— Mãe! — já entrei no quarto com os olhos cheios de lágrimas. — Mamacita, o que houve?

Eu tinha raiva de mim mesma por ser tão chorona, mas quando o assunto eram os meus pais, eu perdia a noção do ridículo. Deitei-me na pontinha da cama onde minha mãe estava e a abracei de lado, com receio de machucá-la. Meu pai fez carinho em minha cabeça, tentando me tranquilizar.

— Filha, sua mãe está bem, o médico garantiu isso, você estava na hora.

— Mas ela vai ficar muitos dias aqui enquanto eu estarei longe. Como voltarei correndo de tão longe?

— É só para que possamos cuidar dela bem de pertinho. — Uma enfermeira respondeu assim que entrou no quarto. — Mas sua mãe está ótima, fique despreocupada.

— Obrigada! — Desprendi-me de minha mãe, mas fiquei encarando-a, tentando memorizar cada pedacinho do seu rosto. — Minha mamacita é minha vida.

— Eu sei como é, também não imagino a minha vida sem a minha mãe. — A enfermeira falava gentilmente, enquanto aplicava um medicamento no soro. — Prontinho, daqui a pouco uma senhora bem simpática vem até aqui trazer um lanchinho para você. — Acariciou a mão de minha mãe e depois olhou para nós. — E vocês, façam com que a dona Rúbia coma tudo.

A enfermeira foi embora e nos deixou a sós. Voltei a grudar em minha mãe enquanto olhava suplicante para o meu pai. Ele já sabia o que eu iria pedir.

— Nem pense nisso, Nina! — Olhou firmemente para mim. — Eu e sua mãe sabíamos que você iria pedir isso, mas está fora de cogitação.

— Mas pai, como que eu posso ir para longe e deixar a mamacita sem os meus cuidados?

— E eu, não conto? Acha que não sei cuidar de sua mãe?

— Não é isso, paizinho, mas você tem o seu trabalho. Acha que o seu Charles vai continuar bonzinho assim quando a mãe estiver melhor?

Minha mãe se empertigou, tentando achar uma posição mais confortável e que favorecesse olhar mais de perto para mim.

— Não, Nina, Charles não é egoísta como você pensa. — Defendeu, mais uma vez, o "seu menino". — Sabia que ele tá pagando tudo isso aqui?

— Eu sei, mãe, mas para ele, isso não é nada. Olha o tanto que a senhora abriu mão por causa dele? A senhora passou mais tempo da sua vida ao lado dele do que de mim.

— Não fale isso, hija! Era eu quem não queria você na casa dele, mas o Charles, com todos os defeitos, nunca nos proibiu de levar você com a gente para o trabalho. — Até meu pai o defendeu agora, Charles havia virado santo agora.

Resolvi me calar, não era hora e nem lugar para falar o que eu pensava, até porque, não adiantaria, pois a minha mãe tinha um amor incondicional por ele e eu acabaria deixando-a mais doente se a contrariasse.

Quanto ao meu pai, eu sabia que ele só estava defendendo o Charles para agradar à minha mãe, que o tinha como um filho. Mas eu não o tinha como um irmão, jamais gostaria daquele que, durante trinta anos, roubou a adolescência e juventude de minha mamacita.

— Olha, eu ligo para o meu emprego novo, explico a situação... — Tentei, mais uma vez, persuadi-los a me deixar ficar.

— Nem pensar! — Meu pai foi enérgico como nunca tinha visto. — É um emprego bom, perto da faculdade, paga razoavelmente bem e você ainda vai trabalhar com o que gosta.

— Mas pa...

— Não, Nina, dessa vez, não.

Meu pai sempre foi mais maleável do que a minha mãe quanto a minha educação. Ele era até um pouco permissivo, me enchia de vontades, mas dessa vez ele não me deixou nem, Confesso que me espantei com isso, mas a minha mãe parece ter gostado, pois sorriu com orgulho para ele.

Do CEO ao Inferno / no Wattpad até 15/11Onde histórias criam vida. Descubra agora