Capítulo 11

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NINA

Eu estava sentada à mesa junto a Charles, o pânico me consumia e eu tremia a ponto de ter dificuldade de segurar o garfo. Eu não entendia o porquê dele ter insistido para que nós dois almoçássemos juntos.

- Sua mãe, como está? Ela melhorou? - Ele perguntou, como se fossemos velhos amigos.

Meus olhos devem ter triplicado de tamanho, pois o encarei, assustada. A minha comida deliciosa ficou intragável de repente. Então era isso, ele descobriu tudo, sabia de quem eu era filha, sabia que eu estava mentindo e se passando por outra pessoa e agora iria me desmascarar e depois, com certeza, ligaria para a minha mãe.

Um filme passou pela minha cabeça, eu consegui visualizar a cara de decepção de minha mãe, a tristeza de meu pai e a humilhação que Chalés iria me submeter antes de me entregar.

- Olha só, seu Charles - se fosse preciso, depois de me explicar, eu iria implorar para que ele não me delatasse.

- Me chame de Charles, por favor!

- Charles - eu não conseguia falar, a voz ficou embargada e eu senti raiva ao me perceber com medo dele. - Eu...

Uma lágrima solitária rolou pelo meu rosto. Eu era mesmo uma covarde!

- Não precisa chorar, pobre menina. - Charles parecia um cordeiro falando manso e gentil. - Saber que a mãe está gravemente doente é desolador, realmente. Você ainda é muito jovem, não deveria passar por isso.

O encarei sem saber o que falar. Minha mãe havia piorado, era isso? Milhões de pensamentos, todos catastróficos, passaram pela minha cabeça.

Não, Deus não faria isso comigo! Não faria isso com a minha mãe. Ele não a levaria, não podia tirá-la de mim.

- A minha mamacita piorou?

- Infelizmente, as notícias não são boas.

- Mas ela me disse... - comecei a soluçar.

Charles me olhou com nítida irritação. Ou ele era um tremendo insensível ou não estava acreditando em minhas lágrimas, já que eu havia mentido para estar ali.

- Eu não sei o quanto a sua mãe lhe contou, mas o câncer é agressivo e requer muito cuidado.

Minha mãe não havia me contado nada sobre um câncer, mas isso era bem típico dela, sempre escondia os problemas de mim para que eu não sofresse.

- Câncer? - a pergunta quase não saiu, senti minha garganta apertar tamanho a minha dor. A minha mãe não poderia estar com essa doença horrorosa.

- Sim, Pauline, câncer.

Ele me chamou de Pauline ou eu ouvi errado? Parei de chorar e o encarei. Ele continuou:

- A dona Ana está com um câncer muito agressivo e precisará do melhor tratamento para sobreviver.

- Do que você está falando?

Então ele não descobriu nada e eu quase me entreguei. Estava aliviada por isso, mas muito preocupada com a dona Ana. Tentei buscar em todas as minhas memórias alguma conversa com Pauline onde ela mencionava a doença da mãe, mas não conseguia lembrar-me de nada, porque nunca houve essa conversa.

Eu achei a dona Ana um pouco abatida e muito mais magra, mas nada além disso. Lembrei-me da última conversa que tivemos e do motivo pelo qual ela abriu mão de trabalhar na casa de Charles.

"Preciso fazer uns exames, checar umas coisas, e com saúde não se brinca".

Então é isso, ela sabia, por isso estava ainda mais com Pauline e o seu futuro.

Do CEO ao Inferno / no Wattpad até 15/11Onde histórias criam vida. Descubra agora