Na calada da noite.

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Na calada da noite, enquanto o corpo da garota estava sob o edredom, seu rosto descansado denunciava que ela dormia um sono longo e tranquilo. Mas de repente ela abre os olhos e automaticamente seu corpo se sentou na cama. Ela olha em volta, mas não vê nada, o quarto está escuro. Ela sai da cama e anda às cegas procurando o interruptor. Uma vez encontrado, a luz forte ataca suas retinas e ela imediatamente fecha os olhos. Alguns segundos depois, ela os abre e olha em volta novamente. Assim que ela põe os olhos na sacola sobre a pequena mesa, ela avança e despeja tudo no chão. Os livros e o caderninho acabaram espalhados pelo carpete. Ela vasculhou os livros e assim que encontrou o que procurava, o mais grosso, começou a folhear as páginas. Seus movimentos eram meticulosos, pois ela sentia a espessura da folha em cada página. E quando seus dedos sentiram uma textura maior, ela parou. Deixou o livro aberto no chão e correu para a penteadeira e vasculhou todas as gavetas até encontrar um grampo. Ela refez seus passos e pegou o livro. Precisamente, ela inseriu uma ponta do grampo na folha grossa e raspou até o final, revelando uma segunda folha.

Parágrafo por parágrafo, letra por letra, espaço por espaço, estava tudo ali. Mesmo com a cor desbotada, a escrita ainda era legível. Ela sorriu e com satisfação arrancou as páginas de uma só vez. Assim que termina, ela coloca os livros de volta na bolsa, pega o caderno e o coloca na cama. Em seguida, ela pegou às duas folhas e foi ao banheiro. Ela rasgou os papeis em pequenos pedaços, jogou no vaso e deu a descarga. Com um último suspiro, ela volta para o quarto, pega o caderno da cama e se senta na frente da penteadeira. Ela se olha no espelho uma última vez e ... Fecha os olhos. Poucos minutos depois, Sakura acorda assustada, como se tivesse sufocado durante o sono. O gesto foi tão brusco que o caderninho que estava em cima dos seus joelhos caiu no chão.

Haruno ainda estava em choque quando olhou em volta. Ela tinha certeza que dormiu na cama e Sai não deixaria as luzes acesas e... Como se algo acendesse na sua cabeça, ela percebe que talvez não foi parar ali por conta própria.

Ela se abaixa e pega o objeto intitulado "As personalidades da Sakura".

_ Elas querem que eu abra... - ela sussurra em conclusão.

Mas ela não o faz, em vez disso, ela o coloca de volta na mesa e se levanta. Decidida em dar uma volta, agora que havia perdido o sono.

Ela pega o roupão azul-claro e a veste. Depois,  abre a porta com cautela para fazer o menor barulho possível. A casa não estava completamente adormecida como ela esperava. Ainda havia luzes visíveis em alguns cantos.

Sakura então desce as escadas, vai para a cozinha, por enquanto ainda não vira ninguém. Ela se permite abrir a enorme geladeira e, olhando bem o que tem dentro, acaba encontrando um pequeno pacote de leite de banana. Ela fecha a geladeira e vai até à porta que dá para o jardim. Havia alguns guardas fazendo a patrulha, mas ela não se importou e se sentou na grama. Ela bebeu um gole do leite enquanto olhava para a lua cheia.

_ Você também não consegue dormir?

A voz a colocou em guarda, mas ela logo respirou aliviada quando Itachi se sentou do seu lado.

_ Você também teve a mesma ideia que eu? - disse olhando para o pequeno pacote de leite nas mãos do outro.

_ É ... - ele olhou para frente, incapaz olhar para ela. - Embora eu acredite que não será o leite que vai me ajudar com os pensamentos que me impedem de dormir.

Sem perceber, Sakura se sentiu tocada. Pensando bem, Itachi sempre esteve perto com os menores dos problemas, pronto para ajudá-la mesmo que ela ainda estivesse com um pé atrás. Desde o primeiro dia, ele a salvou do envenenamento e, sempre que ela se sentia em perigo, ele tentava tranquilizá-la.

_ Bem... Se eu puder, ou se houver algo que eu possa fazer para ajudá-lo...

Itachi vira sua cabeça em direção a Sakura. Havia luz suficiente para ele ver em seus olhos que apesar das suas palavras, ela ainda estava insegura.

_ Diga-me, Sakura - ela ergue os olhos até encontrar os dele. - Você se sente na obrigação de retribuir tudo o que fiz por você até hoje?

Sakura apertou o pacote de leite com mais força nas mãos para não abaixar a cabeça. Mas, ao mesmo tempo, a frustrava que o Uchiha pudesse adivinhar seus pensamentos tão facilmente.

_ Me responda, por favor. - Seu olhar não era agressivo, muito menos afetuoso. Pelo contrário, era um olhar vivo e intenso.

_ Sim... - os lábios tremendo e sussurrando aquelas palavras fizeram Itachi se desviar de seu olhar e se levantar ao mesmo tempo.

_ Então não há nada que você possa fazer por mim.

Sakura sentiu um gosto amargo na boca ao ver Itachi se afastar cada vez mais. Havia uma parte dela que não parecia bem com as palavras de Itachi. E também seu olhar... Ele não olhara para ela assim ha muito tempo.

E foi a mesma sensação que a fez se levantar e correr para alcançar o Uchiha. Por medo de chegar tarde demais, ela foi para a outra porta que dava acesso ao jardim. Ela entra na sala e vê Itachi do outro lado subindo as escadas de cabeça baixa. Ela imediatamente apressa seus passos e para na frente dele, boqueando sua passagem. Itachi a olha surpreso e antes que ele possa dizer qualquer coisa, ela diz:

_ Sim, sou grata pelo que você fez por mim. E eu não falo apenas quando era eu, mas também quando... Quando não era eu. Sei que não estaria aqui se você não tivesse pegado a Hanna, sei que não estaria aqui se você tivesse deixado Rose fazer o que ela queria. E é porque você fez todas essas coisas que eu sinto, há uma parte de mim que agradece e quer retribuir por tudo que você fez.

_ Mas e você? - Ele dá passos curtos até ela,  fazendo-a recuar e subir alguns degraus até que Sakura ficasse na sua altura.

_ O que tem eu? - ela amaldiçoou seus lábios tremerem novamente.

_ Você, Sakura, como está se sentindo? - suas palavras eram de desespero, seu coração batia desesperadamente porque a razão, sua razão lhe dizia que se continuasse nessa situação por muito tempo, não iria mais se conter.

Sai acordou na mesma hora. Sentia fome e planejava fazer algo leve para segurar seu estômago até que amanhecesse. Mas assim que ele cruza o corredor e vê os dois na escada, ele imediatamente para seus passos, prende a respiração e caminha de volta para o quarto sem fazer nenhum barulho.

_ Por que você está demorando tanto para me responder, Sakura? Minha pergunta é tão difícil assim?

_ Você sabe muito bem que não, há um turbilhão de sentimentos dentro de mim. Não consigo identificar os meus.

_ Ah sim? Deixe-me ajudá-la então.

Com isso, ele a agarra pela cintura e gruda seus corpos.

_ Você deveria me impedir - ele sussurrou seus lábios perto dos dela, mas sem toca-la. Sakura desvia os olhos dos lábios para admirar seu rosto. Itachi estava com os olhos fechados e esperava por sua resposta.

E antes que ele tivesse a chance de respirar fundo uma outra vez, os lábios de Sakura pousaram nos dele. Sakura agarrou seu pescoço para não cair e Itachi soltou um gemido quando ela começou a acariciá-lo. Em resposta, ele a abraçou ainda mais forte. Sakura sentiu um calor repentino subir em seu corpo e ela tinha quase certeza que soltou um gemido quando ele sugou seus lábios entre os dele. Mas no momento seguinte ele se foi.

Perturbada e completamente abalada, ela perdeu o equilíbrio e se segurou no corrimão da escada para não cair de tanto que as suas pernas falharam.

_ Nossa...

Itachi voltou mais perto para segurá-la. Sakura respira fundo e olha para ele, envergonhada. Mas ele não reagiu como ela esperava. Pior, ele estava olhando para ela com a testa franzida, parecendo irritado.

_ Eu não deveria ter feito isso, Sakura. Sinto muito. Eu não pensei sobre...

_ Fui eu que te beijei! - a voz dela denunciou claramente sua decepção. - Você não gostou? Você se arrepende? - Seus olhos procuravam por Itachi a todo custo, mas ele desviava o olhar a cada tentativa.

_ Nós... Eu não devia. - Então ele se afastou dela e subiu as escadas para seu quarto.

Sakura ficou lá, confusa. Se perguntando se fora uma boa ideia ter feito aquilo. Mas o que ela não entendia é que, ele parecia querer tanto quanto ela.

A decepção de repente deu lugar à raiva. Como ele ousou beijá-la e deixá-la ali no segundo depois?

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