Procurando por algo que não posso encontrar

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Alguns dias depois.

Vozes gritavam, riam, conversavam ao fundo enquanto eu lutava para manter meus olhos abertos. Minha boca estava pastosa, como se eu tivesse engolido litros de álcool no dia anterior. O terror me ajudou a abrir os olhos porque não estava no meu quarto. 'Flashes' de lembranças me perturbavam há cada minuto.

Karui que olhou para mim, meu corpo preso nos braços do homem que havia assombrado meus sonos e o pano molhado com clorofórmio na minha boca e nariz.

"Você vai com ele..."

"... não lute."

Meu corpo doía, o lugar em que eu estava era escuro, úmido, cheirava a mijo. Meu cabelo estava colado no meu rosto como se eu tivesse passado a cola mais forte que podia ter, mas era apenas o suor. O ar estava empoeirado e estava começando a me sufocar. Estava em pânico, o coração palpitando a cada passo que ouvia perto da porta. Chorei tanto que agora as minhas lágrimas queimavam a minha pele. Eu queria gritar, mas minha garganta estava seca.

Não conseguia ver nada, nem mesmo minhas mãos, mas podia sentir meus membros suplicando quando os dobrava, como se não os tivesse movido por vários dias. Não sei quanto tempo passei acordando nesse estado, estando consciente, mas ao mesmo tempo, inconsciente. Mas, de repente uma luz me cegou, queimou minha retina, foi essa iluminação branca que me aterrorizou.

Apertei minhas pálpebras às pressas e trouxe minhas mãos atadas aos meus olhos. Passos estalaram no chão, senti meu sangue bater contra as têmporas e meu crânio queimar quando a pessoa de repente me agarrou pelos cabelos, inclinando minha cabeça para trás. Uma careta de dor estendeu meu rosto.

_Você está acordada. Oh! Não chore... Vamos cuidar bem de você aqui.

Meus olhos levaram alguns segundos para se acostumar com a luz, a mulher acariciou minha bochecha e suas unhas pressionaram contra a minha pele quando ela queria me levantar. Um gemido de dor escapou da minha garganta. Eu queria cuspir nela, gritar com ela para me soltar e sair daqui, mas eu não poderia fazer isso. Meu corpo estava dormente, não respondia às minhas ordens. Minhas pernas tremiam, mas depois de longos minutos consegui me levantar ainda com um pouco de dificuldade enquanto a mão da mulher estava firmemente envolvida em meu braço.

Eu não conseguia distinguir o tom do seu cabelo. Hesitava entre preto e castanho. Tudo ao meu redor era velho, imundo. Saímos do pequeno espaço onde estava e subimos as escadas rangentes, me apoiava na parede com medo das minhas pernas falharem e eu cair. O que não agradou à mulher porque ela me insultava puxando impacientemente o meu braço. Aquilo não foi uma boa ideia, comecei a ver borrões, minha cabeça estava girando e meu corpo reclamava por descanso. Onde eu estava ?

Limpei minha bochecha, molhada com as pérolas salgadas. Chegamos a um quarto, havia uma cama de casal, móveis de madeira. Uma penteadeira, uma porta marrom escura no fundo, uma janela também estava presente, mas coberta por uma pesada cortina que era para ser branca mas ficou castanha de tanto po e a pequena luz pendurada no teto nos iluminava vagamente.

_ Me deixa, disse fraca rejeitando a sua mão.

_ Calminha, sou legal, mas sou eu quem decide aqui, ouviu?

Ela abriu a porta do fundo e me empurrou para dentro, eu caí no chão do banheiro.

_ Lave-se, tem tudo o que você precisa no armário, volto em vinte minutos.

Assim que a porta do quarto bateu, fiquei imóvel por alguns segundos, procurando minha força, minha estabilidade. Empurrei meus braços e me arrastei para a parede do chuveiro antes de conseguir abrir a torneira. Inclinei-me para a frente e bebi apressadamente, mergulhando meu rosto ao mesmo tempo. Levantei-me cambaleando e saí deixando a água ainda aberta, depois fechei as grandes cortinas. Meu coração estava batendo muito rápido. Não tinha ideia de onde estávamos, ou onde eu estava exatamente. Estava escuro lá fora, via as estrelas através do vidro sujo. Deslizei meus dedos ao redor para encontrar uma maneira de abri-lo, o grampo não destravou. Bati na madeira com toda a força que me restava, desesperadamente, e senti meus soluços sacudirem meu corpo, a vontade de vomitar se fazia cada vez mais presente e meu crânio tamborilava loucamente.

Vendida Para Um Mafioso Onde histórias criam vida. Descubra agora